sábado, 5 de junho de 2010

Literatura do Povo...

Wellington Vicente

Cada uma passa na vida
O seu momento nefasto
Uns, não têm o que gastar,
Outros, “justificam” o gasto;
Uns, “dão com os burros n’água”,
Outros, com os bois no pasto!
* * *
José Adalberto
Minha mãe foi um ser incomparável
Se tratando de honra e de bondade
Sua vida, um currículo de amizade
Sua morte, uma perda irreparável
No seu colo macio e confortável
Sem pagar aluguel fui morador
Hoje eu vivo morando de favor
Que a mansão maternal foi demolida
Minha mãe, a razão da minha vida
Sua morte, a razão da minha dor.
* * *
Dimas Batista Patriota

Quando eu pego na viola
Para cantar o Brasil:
Militar deixa o fuzil;
Jogador esquece a bola;
O aluno gazeia a escola;
O judeu sai do balcão;
O orador erra a expressão;
Pugilista perde o soco.
Eita, Brasil de caboco,
De Mãe Preta, e Pai João!
Eu sou toque de corneta;
Sou barulho de batalha;
Sou o gume da navalha;
Sou a ponta da lanceta;
Sou a pancada da marreta;
Sou o golpe do facão;
Sou tiro de mosquetão;
Sou trator de arrancar toco:
Eita, Brasil de caboco,
De Mãe Preta, e Pai João!
Cantador só passa em teste
Se consultar o Batista;
Porque Deus me fez artista;
Repentista do Nordeste;
Eu não temo nem a peste
Que tenha “pauta” com o “cão”,
Minha voz é um trovão;
Só não houve quem for mouco:
Eita, Brasil de caboco,
De Mãe Preta, e Pai João!

* * *
Francisco das Chagas Batista

Talhado p’ras bacanais,
Pra beber, tombar, cair,
O embriagado, no crânio,
Sente a razão se extinguir…
Empresário das orgias –
Cansado de outras folias,
O beberrão disse já:
Vai, caixeiro, abre a torneira
Da pipa mais sobranceira,
E tira vinho de lá.
* * *
Valentim Martins

Eu sou professor, vivo sem sossego
Andando depressa qual judeu errante
Em duas escolas, no mesmo instante…
Procurando meios e não tenho apego
Querendo entender onde foi meu erro
Cumprindo o dever não posso parar
Não me sobra tempo nem pra estudar
Percebendo pouco, coberto de conta
Falando sozinho de cabeça tonta
“Cantando galope na beira do mar”.
* * *
Valdir Teles

Senhor Bispo não queira aparecer
Colabore com o nosso objetivo
Essa greve de fome é sem motivo
Deixe o nosso projeto acontecer
O senhor está querendo interromper
Nosso sonho de ter transposição
Porque tem água boa, casa e pão
De sofrer como nós não corre o risco
Abra as portas do rio São Francisco
Deixe as águas correrem pro sertão.
* * *
Zé Limeira
O Marechal Floriano
Antes de entrar pra Marinha
Perdeu tudo quanto tinha
Numa aposta com um cigano
Foi vaqueiro vinte ano
Fora os dez que foi sargento
Nunca saiu do convento
Nem pra lavar a corveta
Pimenta só malagueta
Diz o Novo Testamento!
Pedro Álvares Cabral
Inventor do telefone
Começou tocar trombone
Na volta de Zé Leal
Mas como tocava mal
Arranjou dois instrumento
Daí chegou um sargento
Querendo enrabar os três
Quem tem razão é o freguês
Diz o Novo Testamento!
Quando Dom Pedro Segundo
Governava a Palestina
E Dona Leopoldina
Devia a Deus e o mundo
O poeta Zé Raimundo
Começou castrar jumento
Teve um dia um pensamento:
“Tudo aquilo era boato”
Oito noves fora quatro
Diz o Novo Testamento!

Nenhum comentário:

Postar um comentário