segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O ENCONTRO DE NOVA CRUZ: A POROROCA...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL

          Há quinze dias recebi um telefonema...era o meu conterrâneo...o poeta das Xananas, Diógenes da Cunha Lima...fiquei contente...ele  dizia que soubera que eu era , agora, seu vizinho em Pirangi, e que iria me oferecer um almoço...
          HOJE fui recebido pelo meu amigo com honras de general de cinco estrelas...conversamos, cantamos,abusamos da prosa poética,mas dos nossos olhos cintilava  a terra de Nova Cruz...um passado, um presente e um futuro...
          Pude ratificar Vinícius de Moraes:
          A VIDA é  a arte do encontro, apesar de haver tanto desencontros  pela vida...
          O poeta, presidente da academia norte riograndense de letras é plural...multifacético:
          É DE NOTÁVEL SABER JURÍDICO, contador de causos, brilhante escritor, um rio afluente de Luiz da Câmara Cascudo...
          O nosso encontro foi comparável a uma pororoca...o dia  em que o Rio Curimataú se encontrou com o Rio Bujari...
          Sua mansão á beira mar é uma Arcádia...minuciosamente planejada para eternizar o encontro...a confraternização...
          Vi todos os seus quadros, de onde escorrem a poesia que o alimenta e o torna uma fortaleza...é destas espécimes que só nascem em Nova cruz: sofisticado pela própria natureza e inteligencia...simples como as Xananas, que quem  cultiva é Deus...é uma planta cujo Deus é o próprio jardineiro...
          Presentes neste encontro de poetas, nesta Pororoca do Curimataú com o Bujari,Clênio Freire e Olindina...o ex reitor Genebaldo Barros...o ex Ministro do Supremo Tribunal do Trabalho José Augusto Delgado e a esposa  Zezé Delgado, além de minha amiga e vizinha IRIS ....
          Fomos muito bem recebidos e bem tratados pelo poeta conterrâneo, eu e gracinha...
          A Tradição na casa de Diógenes é tocar o sino em homenagem ao visitante querido...
          Hoje fui um personagem de  por quem os sinos dobram...
          Diógenes mandou tocar o sino e ele próprio o tocou...um ritual sui generis...que o caracteriza...que o torna ímpar...
          Fiquei muito agradecido pela gentileza do convite  e do encontro, que finalizou-se com um convite:
          serei entrevistado pelo poeta, na TV metropolitano,quinta feira, no seu programa de televisão...é a primeira quinta feira de fevereiro...
          Fui recebido como se fosse a Primavera, mas eu não sou tanto...
          O que faço é viver a vida dos homens...não sou inquilino do Olimpo.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

FILOSOFIA DO POETA...

FRASES BEM-HUMORADAS DE MÁRIO QUINTANA
“A psicanálise? Uma das mais fascinantes modalidades de gênero policial, em que o detetive procura desvendar um crime que o próprio criminoso ignora.”
“Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.”
“Eu moro em mim mesmo. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares para perder minhas coisas.”
“E um dia os homens descobrirão que esses discos voadores estavam apenas estudando a vida dos insetos.”
“A arte de viver é simplesmente a arte de conviver… simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!”
“A verdadeira coragem consiste, apenas, em não nos importarmos com a opinião dos outros. Mas como custa!”
“No dia em que estiveres muito cheio de incomodações, imagina que morreste anteontem… Confessa: tudo aquilo teria mesmo tanta importância?”
“Quantas vezes a vida nos revela que a saudade da pessoa amada é melhor que a presença dela.”
“Acho que o céu deve ser muito chato, porque lá tem chatos de todos os séculos.”
“Quantas vezes a gente, em busca da ventura, procede tal e qual o avozinho infeliz: em vão, por toda a parte, os óculos procura tendo-os na ponta do nariz.”
“Oh, preguiça, por causa tua quantas más ações eu deixei de cometer.”
“Só o riso, o amor e o prazer merecem revanche. O resto, é mais que perda de tempo… é perda de vida. “
“Há uns que morrem antes; outros depois. O que há de mais raro, em tal assunto, é o defunto certo na hora exata.”
“Deixem o outro mundo em paz! O mistério está aqui!”
“Às vezes precisamos abandonar a vida que havíamos planejado porque não somos mais a pessoa que fez aquele plano.”
“Se eu pudesse, eu pegava a dor, colocava dentro de um envelope e devolvia ao remetente.”
“Que loirinha, que nada! Sensual é o gorilão. Ou não notaste que ele tem os peitos da Rachel Welch?.”… (Referindo-se a Jéssica Lange na segunda versão do filme King Kong)
“Eu, agora – que desfecho! Já não penso mais em ti… Mas será que nunca deixo de lembrar que te esqueci?”
“… E que fique muito mal explicado. Não faço força para ser entendido. Quem faz sentido é soldado…”
“Se tiver de me esquecer, me esqueça. Mas bem devagarinho.”
Mário Quintana (1906-1994) nasceu na cidade de Alegrete, no Rio Grande do Sul. Ele foi poeta, tradutor e jornalista. É considerado um dos maiores poetas do século XX. Mestre da palavra, do humor e da síntese poética, em 1980 recebeu o Prêmio Machado de Assis da ABL e em 1981 foi agraciado com o prêmio Jabuti. Mário Quintana não se casou nem teve filhos. Viveu de 1968 até 1980 no Hotel Majestic, no centro histórico de Porto Alegre. Nesta cidade, veio a falecer no no dia 5 de maio de 1994.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

THIAGO DE MELLO...

OS ESTATUTOS DO HOMEM (poema de Thiago de Mello)

Os Estatutos do Homem (Acto Institucional Permanente)
Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade. Agora vale a vida e, de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira.
Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança.
Artigo IV
Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu.
Parágrafo único:
O homem, confiará no homem como um menino confia em outro menino.
Artigo V
Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem a armadura de palavras. O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa.
Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos, a prática sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.
Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.
Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor.
Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura.
Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa, qualquer hora da vida, uso
do traje branco.
Artigo XI
Fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã.
Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela. Parágrafo único: Só uma coisa fica proibida: amar sem amor.
Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar o sol das manhãs vindouras. Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou.
Artigo Final
Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida
dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.
Thiago de Mello, Santiago do Chile, Abril de 1964

A MORTE DE RUY FARIA...




          FALECEU o homem que deu mais vida ao MPB4: Ruy Faria...ele contribuiu com sua voz para perpetuar os grandes sucessos do MPB4...
          Foi casado com Cynara, cantora do quarteto em CY...há alguns anos deixou o MPB4 e fez um CD com Carlinhos Vergueiro...
após a saída de Ruy Faria o MPB4 NUNCA FOI MAIS O MESMO.

sábado, 6 de janeiro de 2018

A POESIA DE HILDA HILST


Toma-me ao menos
Na tua vigília.
Nos entressonhos.
Que eu faça parte
Das dores empoçadas
De um estendido de outono
Do estar ali e largar-se
Da tua vida.
Toma-me
Porque me agrada
Meu ser cativo do teu sono.
Corporifica
Boca e malícia.
Tatos.
Mas importa mais
O que a ausência traz
E a boca não explica.
Toma-me anônima
Se quiseres. Eu outra
Ou fictícia. Até rapaz.
É sempre a mim que tomas.
Tanto faz.
Hilda Hilst In Cantares de perda e predileção.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

LITERATURA DE CORDEL...


Leandro Gomes de Barros

Meus versos inda são do tempo
Que as coisas eram de graça:
Pano medido por vara,
Terra medida por braça,
E um cabelo da barba
Era uma letra na praça.

* * *

Oliveira de Panelas

Por este espaço onde moro
Meu sonho é tão colorido
Que eu tenho a doida impressão
Que ele foi construído
Por várias tintas confusas
De um arco-íris mexido.

* * *

Lourival Batista

És como milho de pobre
Que sempre se desmantela:
Vem o verão, ele murcha,
Vem a chuva, ele amarela,
Quando bota alguma espiga,
Certamente está banguela.

* * *

João Paraibano

Ao passar em Afogados
diga a minha esposa bela
que derramei duas lágrimas
sentindo saudades dela
tive sede, bebi uma
e a outra guardei pra ela.

* * *

Pinto do Monteiro

Aonde eu chego,não vi
Mal que não desapareça
Raposa que não se esconda
Bravo que não me obedeça
Letrado que não me escute
Cantor que não endoideça.

* * *

Cego Aderaldo
(No decorrer de uma visita ao Rio de Janeiro)

O clima do meu sertão
É mais quente e mais sadio,
Não é um clima abafado
Como este clima do Rio.
O sapo do Ceará,
Vindo aqui morre de frio.

* *

João Firmino
(Quando do falecimento do Cego Aderaldo)

Foi a forte aroeira que ruiu
Ao contato do gume do machado.
Foi o ferro melhor já fabricado
Que o mercado do mundo jamais viu;
Foi o trem, sem destino, que partiu,
E ao longo da estrada deu o prego;
Como Homero, também, ele era cego
A quem todo o seu povo admirava…
Para ser o próprio Homero só faltava
Ao invés de cearense ser um grego!

* * *

Manoel Bentevi

Na vida ninguém confia
Em nada sem ter certeza
São obras da natureza
Tudo que a terra cria:
Gente, ave, bicharia,
Tudo começou assim.
O homem é quem é ruim
Nada bom ele planeja
Por muito forte que seja
A morte pega e dá fim.

* * *

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

PROVÉRBIOS...


PROVÉRBIOS GASTRONÔMICOS

POR ARISTEU BEZERRA

“Comecei uma dieta, cortei a bebida e comidas pesadas, em 14 dias, perdi duas semanas.”
“Um excesso de vez em quando é ótimo, impede que a moderação seja um hábito.”
“Aquele que foge da abelha, não tem direito ao mel.”
“A leitura, como a comida, não alimenta senão digerida.”
“Por mais santo que seja o dia a panela tem de ferver.”
“Em velha gamela também se faz boa sopa.”
“Ao pé de um bom estômago, coincide sempre uma boa alma.”
“O amor é um molho, o que torna qualquer tipo de carne saborosa.”
“Excessos e tristeza não devem ir à mesa.”
“O peixe, para ser saboreado bem, deve nadar três vezes – em água, na manteiga e no vinho.”
“Beleza e formosura nem dão pão nem fartura.”
“Não há banquete por mais rico, em que alguém não jante mal. “
“A comida depois de passada a goela, o estômago que se entenda com ela.”
“Quem come salgado, bebe dobrado.”
“Não há guerra de mais aparato que muitas mãos no mesmo prato.”
“Todos os cogumelos são comestíveis, alguns só uma vez.”
“Faço a dieta da sopa: Deu sopa, eu como!.”
“Quem nunca comeu melado, quando come se lambuza.”
“O melhor bocado não é de quem faz, é de quem come.”