sexta-feira, 31 de março de 2017

FRISSON..




DUETOS...CHICO BUARQUE...

LITERATURA DE CORDEL...



Zezo Correia trabalhando o tema “A vida de um passarinho”:
Canta a cauã com agouro
Em cima de uma aroeira
No ninho da quixabeira
Canta a casaca-de-couro
Eu admiro é um louro
Lá no oco apertadinho
Dentro criar um filhinho
Com tanta satisfação
Causando admiração
A vida de um passarinho.
Vê-se um maracanã
Rasgando espiga de milho
Pra dar comer a seu filho
Todo dia de manhã
Também vejo a ribaçã
Pôr pelo chão sem ter ninho
Deixar o ovo sozinho
Depois tirar sem gorar
Isso faz admirar
A vida de um passarinho.
* * *
Chico Porfírio
Eu acho bonita a ave
Ou muito grande ou pequena
Tanta beleza na pena
Uma voz branda e suave
O vagalume, uma nave
Da mais consagrada empresa
Voa com lanterna acesa
Nunca queimou um foguito
Vejo tudo de bonito
Nos filmes da natureza.
* * *
Welton Melo
Dirigindo a carreta do destino
Perdi noites de sono na rodagem
Sei do dia que fiz essa viagem
Só não sei qual a data que termino
No calor do verão do sol ao pino
Sei que a vida já tá pela metade
Viajei pra buscar felicidade
Mas só vi sofrimento no caminho
Na BR da vida estou sozinho
Trafegando com a carga da saudade.
* * *
Amaro Dias
Você prevê minha morte,
Acho seu um exagero.
Eu não bebo, você bebe,
E além disso arruaceiro.
Quem sabe se o Satanás
Não vem lhe buscar primeiro!
* * *
Zito Siqueira
Mulher, se lembre das juras
Que fizemos na matriz;
Se esqueça de advogado,
De promotor e juiz;
Se acostume a levar ponta
Pra gente viver feliz.
* * *
Espedito de Mocinha
Eu nasci e me criei
Aqui nesse pé de serra
Sou filho nato da terra
Daqui nunca me ausentei
Estudei, não me formei
Por que meu pai não podia
Jesus, filho de Maria
De mim se compadeceu
Como presente me deu
Um crânio com poesia!
* * *
Pedro Bandeira
Quero a minha sepultura
Na sombra de uma favela
Onde morreu minha vaca
E meu cavalo de sela
Pra ninguém saber se os ossos
São meus, do cavalo ou dela.
* * *
Dedé Monteiro
Cantador pra imitar o triplo gênio
De um Xudú, de um Filó e de um Geraldo,
É preciso que tenha um grande saldo
De grandeza, de fé, de oxigênio;
E, além disso, passar quase um decênio
Preparando o bogó do coração
Pra juntar ferramenta e munição
Necessárias na guerra das ideias
Que provoca o delírio das plateias
Embaladas por tanta inspiração.
* * *
Diniz Vitorino
Vemos a lua, princesa sideral
Nos deixar encantados e perplexos
Inundando os céus brancos de reflexos
Como um disco dourado de cristal
Face cálida, altiva, lirial
Inspirando canções tenras de amor
Jovem virgem de corpo sedutor
Bem vestida num “robe” embranquecido
De mãos postas num templo colorido
Escutando os sermões do Criador.
* * *
Jó Patriota
Mesmo sem beber um trago
Sinto que estou delirando
Tal qual um cisne vagando
Na superfície de um lago
Se não recebo um afago
Vai embora a alegria
A minha monotonia
Não há no mundo quem cante
Sou poeta delirante
Vivo a beber poesia !
* * *
Pinto do Monteiro
Minha corda não se estica
Não se tora nem se enverga
Da terra pro firmamento
Meu pensamento se alberga
Em um lugar tão distante
Que lente nenhuma enxerga.
* * *
Heleno Severino
Pinto Velho do Monteiro
Está cansado e sem tom
Garganta faltando voz
Viola faltando som
Nem toca, nem canta mais
Nem morre, nem fica bom!
* * *
João Paraibano
Quando o dia começa a clarear
Um cigano se benze e deixa o rancho
A rolinha se coça num garrancho
Convidando um parceiro pra voar
Um bezerro cansado de mamar
Deita o queixo por cima de uma mão
A toalha do vento enxuga o chão
Vagalume desliga a bateria
Das carícias da noite nasce o dia
Aquecendo os mocambos do sertão.
* * *
João Igor
Poeta desde criança
Cantador desde menino
Acho que é dom divino
Não existe semelhança
Ainda tenho esperança
De um dia aparecer
Alguém para me dizer
Ou tentar me explicar
Se o que me faz cantar
É o que me faz viver.
Inda não se descobriu
É um mistério da ciência
Todo tipo de experiência
Nenhum efeito surtiu
Até fora do Brasil
Já tentaram entender
Mas não tem o que fazer
Tenho que me contentar
Se o que me faz cant
ar
É o que me faz viver.

A INJUSTIÇA QUE CAMPEIA SODOMA...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL


          È DIFÍCIL...DEPOIS DE UMA VIDA TÃO JUSTA, TÃO MEDIDA, TÃO PAUTADA PELO BEM, TER QUE ACEITAR UM ESTADO DE CORRUPÇÃO QUE SE INSTALOU EM TODOS OS NÍVEIS DESTE BRASIL, O MEU BRASIL BRASILEIRO...
          COMEÇO QUESTIONANDO:
          COMO É QUE UM GRUPO DE LARÁPIOS, CORRUPTOS PODEM SE PROPOR A CONSERTAR ESTE PAÍS...
POLÍTICOS DESONESTOS, TÃO DESONESTOS COMO OS QUE FORAM EXPULSOS, PUS DO MESMO ABSCESSO...SUJOS, IMUNDOS, TRAIDORES DO POVO, LADRÕES, COM OS MESMOS VÍCIOS...

          UM MINISTÉRIO COMPOSTO POR UMA CORJA SEMELHANTE...AMORAL...CÍNICA...FARSANTE...SEM COMPOSTURA...
          É LAMENTÁVEL A SITUAÇÃO DA NOSSA PÁTRIA...SEM ESPERANÇAS,SEM PORVIR, ATÔNITA DIANTE DAS IMPUNIDADES...
          UMA JUSTIÇA, NA SUA MAIORIA IMUNDA TAMBÉM, TRIBUNAIS DE LADRÕES, COMO O TRIBUNAL DE CONTAS DO RIO DE JANEIRO, ONDE ESTÁ TODO MUNDO PRESO...COITADA DA MINHA  PÁTRIA...TADINHA...
          O RIO DE JANEIRO É A SODOMA DOS NOSSO TEMPOS...O TEMPLO DA IRRESPONSABILIDADE E DO SAMBA...POVO DEGENERADO, QUE ESQUECE TODO O SEU SOFRIMENTO PELO TOQUE DE UM TAMBORIM APURADO...
          O CRISTO REDENTOR DE BRAÇOS TÃO ABERTOS , MAS COM OS PUNHOS TÃO CERRADOS, ESPREITANDO O BEM E O MAL: A MISÉRIA DO POVO....

          FALA-SE, COMENTA-SE, MAS QUEM PAGA A CONTA É O POVÃO...TODO UM ESQUEMA PARA PROTEGER OS RICOS DE SEMPRE, OS CORRUPTOS CONTINUAM DE CIMA...PARECE QUE O ROUBO AINDA COMPENSA...VERGONHA...VERGONHA...VERGONHA...
          PAI POR QUE NOS ABANDONASTES...
          ESCOLHI A FIGURA ABAIXO, COMO UMA SÚMULA DA INJUSTIÇA, PARA SER MOTIVO DE REFLEXÃO PARA QUEM TEM FÉ E ALMEJA A PÁTRIA AMADA BRASIL. TAL QUAL CANTÁVAMOS DESDE A NOSSA INFÂNCIA.

quarta-feira, 29 de março de 2017

NO ESTADO DE POESIA...

CRIANÇAS – Rodrigues de Abreu

Somos duas crianças! E bem poucas
no mundo há como nós: pois, minto e mentes
se te falo e me falas; e bem crentes
somos de nos magoar, abrindo as bocas…
Mas eu bem sinto, em teu olhar, as loucas
afeições, que me tens e também sentes,
em meu olhar, as proporções ingentes
do meu amor, que, em teu falar, há poucas!
Praza aos céus que isto sempre assim perdure:
que a voz engane no que o olhar revela;
que jures não amar, que eu também jure…
Mas que sempre, ao fitarmo-nos, ó bela,
penses: “Como ele mente” – e que eu murmure:
“quanta mentira têm os lábios dela!”

sábado, 25 de março de 2017

REFLEXÃO DO MÊS....

"Os rios não bebem sua própria água; as árvores não comem seus próprios frutos. O sol não brilha para si mesmo; e as flores não espalham sua fragrância para si. Viver para os outros é uma regra da natureza. (...)
A vida é boa quando você está feliz; mas a vida é muito melhor quando os outros estão felizes por sua causa".
PAPA FRANCISCO

A DEFESA DO POETA...




A defesa do poeta
Natália Correia

Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto

Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim

Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes

Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei

Senhores professores que pusestes
a prémio minha rara edição
de raptar-me em criança que salvo
do incêndio da vossa lição

Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis

Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além

Senhores três quatro cinco e Sete
que medo vos pôs por ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto hom

em?
Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa

Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer.

sexta-feira, 24 de março de 2017

LITERATURA DE CORDEL...


* * *
Expedito de Mocinha
Eu nasci e me criei
Aqui nesse pé de serra
Sou filho nato da terra
Daqui nunca me ausentei
Estudei, não me formei
Por que meu pai não podia
Jesus, filho de Maria
De mim se compadeceu
Como presente me deu
Um crânio com poesia!
* * *
Hercílio Pinheiro
Na Escritura Sagrada,
me lembro que Jesus disse:
Quem tivesse pra dar, desse,
quem não tivesse, pedisse;
quem fosse triste chorasse,
quem fosse alegre sorrisse.
* * *
Erasmo Rodrigues
Vinte e oito janeiros me jogaram
Na cadeia dos tristes desenganos
Sinto falta dos meus quatorze anos
Que a soma dos meses apagaram.
Os meus dias felizes lá ficaram
Pela rua da infância adormecida
A barcaça da existência fez partida
Pela água do rio da saudade
Se dinheiro comprasse mocidade
Eu seria criança toda a vida.
Uma noite de inverno, um dia quente,
Um domingo ou por outra um feriado,
Um riacho no leito do roçado
E os estrondos do peso da enchente.
Um açude sangrando, lá na frente,
As saudades da infância inesquecida
Mas o tempo tem ordem permitida
Pra dar fim aos prazeres da idade
Se dinheiro comprasse mocidade
Eu seria criança toda a vida.
* * *
Manoel Xudu
Eu acho muito engraçado
O padre Matusalém,
Quando distribui a hóstia
É pra dez, cinquenta, cem
Mas bebe o vinho sozinho,
Não dá um gole a ninguém.
* * *
Dió de Santo Izidro
Admiro a sabiá
Por ser uma ave bela
Faz o ninho põe e choca
E quer o filho perto dela
E tem mãe que mata a criança
Pra não dar trabalho a ela.
* * *
Raimundo Lucas Bidinho
Comi de um jerimum cabôco
Já da rama derradeira
Era mole como cera
Tinha água igual um coco
Vingou em cima de um tôco
Três palmo acima da terra
Encarnado como guerra
Com o gosto de cupim
Foi este o jerimum mais ruim
Que deu na Aba da Serra.
* * *
Aldo Neves
Jesus Cristo tem sido até agora
Protetor de ateus e de pagãos
Me entrego Senhor em Tuas mãos
Tando aqui ou andando mundo afora
Ele ajuda a quem ri e a quem chora
Porque é paciente e bom amigo
Me livrando da treva e do perigo
É o Mestre do mundo e da Igreja
E por mais longe Senhor que eu esteja
Com certeza eu alcanço o Teu abrigo.
* * *
Luciano Carneiro
Eu não tive vocação
Pra diácono nem vigário
Tornei-me então um poeta
Não muito extraordinário
Mas sou com muita alegria
No campo da poesia
Um verdadeiro operário .
* * *
Lourinaldo Vitorino
(Em homenagem a Otacílio Batista Patriota)
As violas de luto soluçando
Dão adeus ao Bocage do repente,
Um fenômeno de arte, um expoente,
Que de cinco a seis décadas improvisando
Sua voz de trovão saiu rasgando
Modulando a palavra em cada nota
Pra cultura um nocaute, uma derrota,
Um desastre, uma perda, um golpe horrendo,
Enlutado o repente está perdendo
Otacílio Batista Patriota.
* * *
Luciano Maia
Cantor das coivaras queimando o horizonte,
Das brancas raízes expostas à lua,
Da pedra alvejada, da laje tão nua
Guardando o silêncio da noite no monte.
Cantor do lamento da água da fonte
Que desce ao açude e lá fica a teimar
Com o sol e com o vento, até se finar
No último adejo da asa sedenta,
Que busca salvar-se da morte e inventa
Cantigas de adeuses na beira do mar.
* * *
UM FOLHETO DE JOSÉ COSTA LEITE
A ONÇA E O BODE

Uma pobre onça vivia
em uma mata deserta
dormindo ali, acolá
não tinha morada certa
exposta a chuva e o vento
cochilando no relento
sem travesseiro ou coberta.
Certa vez a onça estava
pensando na sua vida
havia chovido a noite
ela estava enfraquecida
com fome e toda molhada
além disso, resfriada
pois se molhou na dormida.
A onça disse consigo:
“Isso assim não fica bem
vivo por dentro dos matos
sofrendo como ninguém
nunca pude preparar
uma casa pra morar
e quase todo bicho tem”.
E esse plano na mente
pegou idealizar
dizendo assim: Quando chove
eu só falto me acabar
se Deus do céu me valer
brevemente eu vou fazer
uma casa pra morar.
Na ribanceira dum rio
viu o canto apropriado
a onça limpou o terreno
deixando tudo ciscado
resolveu ir descansar
pra depois de recomeçar
quando passasse o enfado.
Acontece que o bode
teve o mesmo pensamento
disse: Eu durmo no mato
passo a noite no relento
exposto a muitos perigos
a sanha dos inimigos
sujeito a chuva e o vento.
– Eu vou cuidar em fazer
uma casa pra morar
quando estiver chovendo
eu tenho aonde ficar
fazendo inveja aos demais
pois todos os animais
zombar vendo eu me molhar.
Na ribanceira dum rio
achou um lugar varrido
o bode disse: Eu aqui
farei o meu lar querido
aqui ninguém me aperreia
o rio dando uma cheia
eu estarei garantido.
Cortou madeira no mato
e cavou na mesma hora
os buracos dos esteios
já com a língua de fora
cansado de trabalhar
resolveu ir descansar
tomou banho e foi embora.
A onça chegando viu
o trabalho prosperando
disse assim: É Deus do céu
que está me ajudando
cortou folhas de palmeira
trabalhou a tarde inteira
e foi-se embora cantando.
O bode chegando achou
o serviço quase no fim
disse: “Parece que Deus
está ajudando a mim
pegou tapar o mocambo
trabalhou que ficou bambo
plantou até um jardim”.
Tomou banho e foi embora
e quando a onça chegou
botou portas no mocambo
e o que faltava tapou
cortou folhas de palmeira
fez na base de uma esteira
forrou tudo e se deitou.
O bode chegando teve
uma alegria danada
já viu a casa com portas
porém não foi caçoada
foi chegando perto dela
e quando olhou da janela
avistou a onça deitada.
E quando o bode falou
a onça disse que tinha
feito a casa pra morar
pois sofrendo muito vinha
porém o bode na hora
disse: Minha não senhora
porque esta casa é minha.
A onça disse: Eu limpei
o canto e fui descansar
o bode disse: Eu cortei
a madeira e fui cavar
os buracos dos esteios
assim por todos os meios
nela sou quem vou morar.
A onça disse: Eu cortei
palmeira e cobri ela
o bode disse: Eu tapei
e fiz o jardim perto dela
disse a onça: Eu vou caçar
pois eu não quero brigar
só sei que vou morar nela.
O bode ficou deitado
e a onça foi caçar
lá ela matou um bode
e trouxe para jantar
o outro bode, coitado
vendo seu irmão sangrando
deu vontade de chorar.
A onça disse ao bode:
– Quando me ver pinotear
é que está chegando em mim
a vontade de brigar
da minha casa eu não saio
e de fome sei que não caio
todo dia irei caçar.
Disse ao bode: Quando eu
ficar de pé, espirrando
pinoteando bem alto
e a barba balançando
estou rosnento e voraz
pior do que Satanás
é bom ir se preparando.
Na caçada o bode viu
uma onça pendurada
tinha caído no laço
ele matou-a de pancada
chegou em casa com ela
a onça vendo a irmã dela
ficou toda arrepiada.
Fez um churrasco da onça
e comeu que ficou deitado
depois pegou espirrar
dando salto agigantado
com a barba balançando
deitando e se levantando
com o maior bodejado.
A onça com medo dele
também pegou pinotear
para dizer que estava
com vontade de brigar
nos dois pés se levantou
mas o bode nem ligou
e danou-se pra espirrar.
O bode de cara feia
ficou perto da janela
pra pinotear e correr
antes do fim da novela
ela estava no pagode
era com medo do bode
e o bode com medo dela.
O bode espirrou de novo
fez um grande bodejado
a onça saltou no terreiro
e entrou no mato fechado
o bode correu também
no mato inda hoje tem
o mocambo abandonado”.

A VERDADE NUA E CRUA...


DELENDA
[Por Miranda Sá]
“Uma república sem cidadãos de boa reputação não pode existir nem ser bem governada” (Nicolau Maquiavel)
O senador romano Catão –“O Antigo” – era na sua época (século III a.C.) a pessoa de quem sentimos falta no Brasil... Defendia ardorosamente o domínio do Mar Mediterrâneo por Roma com ardentes e frequentes discursos que terminavam sempre com a frase “Carthago delenda est”, que traduzida, correspondia a "é preciso destruir Cartago".
Roma ainda se desenvolvia ligada à Grécia, com a qual disputava com os fenícios o comércio marítimo, no Oriente Médio e na África. Os fenícios eram um povo antigo que ocupava o território do atual Líbano e a zona litorânea da moderna Síria.
Hábeis de navegadores e comerciantes, os fenícios fundaram diversas colônias nas costas do Mediterrâneo e a que mais prosperou foi Cartago, no norte da África, mais propriamente na Tunísia de hoje.
O desenvolvimento comercial e político dos cartagineses se expandiu desde o sul da Península Ibérica às ilhas próximas a Roma, Sardenha, Córsega e oeste da Sicília. Tornou-se assim uma ameaça para os romanos que viviam igualmente uma fase de crescimento econômico.
O confronto era inevitável. Roma não poderia tolerar o domínio da Sicília e invadiu a ilha, dando início a três guerras chamadas pelos romanos de “púnicas” por que chamavam os cartagineses de “punici”; por outro lado os cartagineses batizaram as guerras como “guerras romanas”.
Foram três as guerras e durante o tempo em que viveu, Catão – O Antigo – combatia no Senado a invasão de Cartago, sempre repetindo o seu lema “delenda” – destrua-se. Na terceira disputa bélica Cartago foi invadida e destruída, e isto resultou historicamente na formação do que viria a ser o Império Romano.
A frase "delenda Carthago est" é lembrada pela insistência de Catão para entusiasmar os cidadãos romanos a assumir o seu destino, como igualmente fazemos para livrar o Brasil da quadrilha lulopetista que sobrevive com suas tropas de choque ameaçando a Democracia.
É preciso que brademos “Delenda Lulopetismo”, até a extirpação desse câncer maligno cuja metástase se infiltra em todos setores da vida nacional, pelo aparelhamento nos poderes da República.
É necessário repetir de alto e bom som “Delenda Impunidade”, exigindo a prisão de todos os corruptos e o ressarcimento das fortunas roubadas por eles.
É preciso persistir na luta contra os crimes e a impunidade, argumentando, discutindo e gritando nas ruas “Delenda Foro Privilegiado” – uma blindagem que um político sério e honesto dispensaria.
A cidadania deve assumir o seu papel e conduzir a Nação para a guerra contra a criminalidade dos políticos sem patriotismo e sem pudor. Que inventaram uma “Lista Fechada! ” para esconder os corruptos do eleitor. “Politicagem Delenda Est”!
Vamos perseverar como fez Catão escrevendo, falando, discursando o “Delenda Impunidade”, para livrar o Brasil dos ladrões da riqueza nacional.
Está capitulada na História a destruição de Cartago em 146 a.C. desaparecendo do mapa a grande concorrente de Roma no domínio do Mar Mediterrâneo. Lutemos para que os nossos “delenda” varram da conjuntura brasileira a quadrilha lulopetista e que o seu chefão termine seus dias na ca
deia

CULTURA...



FRASES BEM-HUMORADAS DE MILLÔR FERNANDES....POR ARISTEU BEZERRA





“Com muita sabedoria, estudando muito, pensando muito, procurando compreender tudo e todos, um homem consegue, depois de mais ou menos quarenta anos de vida, aprender a ficar calado.”
“Há duas coisas que ninguém perdoa: nossas vitórias e nossos fracassos.”
“Pode ser que haja vida inteligente em qualquer outro planeta. Neste, positivamente, só há a mais profunda estupidez.”
“Você pode desconfiar de uma admiração, mas não de um ódio. O ódio é sempre sincero.”
“Achamos que os padres também devem casar. Não há nenhum motivo para que conservem o privilégio do celibato.”
“A única diferença entre a loucura e a saúde mental é que a primeira é muito mais comum.”
“Está bem. Deus é brasileiro. Mas pra defender o Brasil de tanta corrupção só colocando Deus no gol.”
“Se durar muito tempo, a popularidade acaba tornando a pessoa impopular.”
“Não é que com a idade você aprenda muitas coisas; mas você aprende a ocultar melhor o que ignora.”
“Em geral as pessoas que se perdem em pensamentos é porque não conhecem muito bem esse território.”
“Se todos os homens recebessem exatamente o que merecem, ia sobrar muito dinheiro no mundo.”
“O Brasil já está à beira do abismo. Mas ainda vai ser preciso um grande esforço de todo o mundo pra colocarmos ele novamente lá em cima.”
“Depois de bem ajustado o preço, a gente sempre deve trabalhar por amor à arte.”
“As pessoas que falam muito, mentem sempre, porque acabam esgotando seu estoque de verdades.”
“É muito fácil viver com pouco desde que a pessoa não gaste muito para ocultar que tem pouco.”
“Quando, afinal, nos acostumamos com uma moda é porque ela já está completamente em decadência.”
“Um homem começa a ficar velho quando prefere andar só do que mal acompanhado.”
“Se você acha que está maluco é porque não está. Mas, se você acha que todo o mundo está maluco, então está .”
“Só depois que a tecnologia inventou o telefone, o telégrafo, a televisão, a internet, foi que se descobriu que o problema de comunicação mais sério era o de perto.”
“O último refúgio do oprimido é a ironia, e nenhum tirano, por mais violento que seja, escapa a ela. O tirano pode evitar uma fotografia, não pode impedir uma caricatura. A mordaça aumenta a mordacidade.”

Milton Viola Fernandes (1923 – 2012). Autor e tradutor. Descobriu na adolescência que havia sido registrado erroneamente, graças a uma caligrafia duvidosa, como Millôr. De humor singular, humanista e moderno, com visão cética do mundo, Millôr Fernandes foi considerado uma figura de proa do panorama cultural brasileiro: jornalista, escritor, artista plástico, humorista, pensador. Destacou-se em todas essas atividades. No teatro, empreendeu uma transformação no campo da tradução, tal a quantidade e diversidade de peças que traduziu. Escreveu, com Flávio Rangel – Liberdade, Liberdade – uma das peças pioneiras do teatro da resistência à ditadura militar, encenada em 1965. Em seus trabalhos costumava-se valer de expedientes como a ironia e a sátira para criticar o poder e as forças dominantes, sendo em consequência confrontado constantemente pela censura.

quinta-feira, 23 de março de 2017

ANTONIO MARIA...UM DOS MAIORES CRONISTAS DO BRASIL...



"NADA É MAIS COMOVENTE DO QUE UMA CRIANÇA DORMINDO...E QUANDO MAIS POBRE  ELA FOR, MAS COMOVENTE  ELA É"...UMA FRASE LAPIDAR DE ANTONIO MARIA...

Antônio Maria (1921-1964)
POR JOSÉ DOMINGOS BRITO
               Antônio Maria Araújo de Morais nasceu no Recife, em 17/03/1921. Compositor, poeta, jornalista, radialista e cronista, teve uma infância privilegiada. O pai era um usineiro que perdeu tudo especulando com o preço do açúcar, e morreu antes que ele saísse da adolescência. Estudou no Colégio Marista e teve professores particulares de piano e francês. A tendência para a boêmia manifestou-se logo cedo: “Quando eu fiz quinze anos, ganhei um relógio de pulso e 5 mil réis. Olhei os ponteiros, vi que era hora de fazer uma besteira e entrei num botequim”. Numa aposta com os amigos, tomou um pileque, entrou na praia de Boa Viagem e quase morreu afogado. Com a falência familiar, teve que trabalhar aos 17 anos como apresentador de um programa musical, na Rádio Clube de Pernambuco. Aos 19 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi locutor esportivo da Rádio Ipanema.
Foi morar na Cinelândia, no mesmo prédio onde viviam os conterrâneos Fernando Lobo e Abelardo Barbosa (futuro Chacrinha), além de Dorival Caymmy e o pintor Augusto Rodrigues. Não se deu bem profissionalmente, e retorna ao Recife após 10 meses. Casou-se com Maria Gonçalves Ferreira, em 1944, e mudou-se para Fortaleza, onde vai trabalhar na Rádio Clube do Ceará. No ano seguinte mudou-se para Salvador para atuar como diretor das Emissoras Associadas e faz amizade com Di Cavalcanti e Jorge Amado. Em boa companhia, dá inicio efetivo a vida boêmia. Em 1947 volta ao Rio de Janeiro com dois filhos e passa a trabalhar como diretor artístico da Rádio Tupy. Junto com a direção artística, redigia o programa Minha terra é assim e apresentava O tempo e a música, com grandes artistas. Em seguida passou a redigir o programa humorístico Rua da alegria, de muito sucesso. Chegou a ter três programas por semana e sua criatividade e inteligência ficaram marcadas por algum tempo na década de ouro do rádio.
Com a inauguração da TV Tupy, em 1951, Assis Chateaubriand convida-o para ser o diretor de Produção. Por essa época começa a escrever suas crônicas diárias n’O Jornal. Por mais de 15 anos comandou as colunas A noite é grande e “O Jornal de Antonio Maria”. A vida boêmia toma impulso e cria a frase “A noite é uma criança”. Em fins de 1952 Getúlio Vargas deu uma grande ajuda financeira à Rádio Mayrink Veiga em troca de apoio político. Para manter o ataque contra a Rádio Tupi, contratou os grandes nomes do rádio e Maria foi um dos primeiros. Foi contratado com um salário de 50 mil cruzeiros, o mais alto do rádio no Brasil até então. O boêmio não fez por menos: comprou seu primeiro “cadillac”, o carro símbolo de status na época.
Em 1954, passa a trabalhar no jornal O Globo, cujo anúncio dá a medida de sua importância: “O Globo inaugurará amanhã mais uma seção diária Mesa de pista. Está a cargo de Antônio Maria. É dispensável a apresentação do cintilante cronista. Todos o conhecem. Todos o admiram. Não há quem não leia com prazer o que ele escreve. Conhecedor profundo da vida da cidade, Antônio Maria nos dará todos os dias aspectos e flagrantes das reuniões e diversões noturnas da cidade. Não será propriamente um cronista social. Será um cronista da noite carioca, naquilo que ela tem de mais curioso e pitoresco”. Na opinião de Luís Fernando Veríssimo, foi o melhor cronista da literatura brasileira. Em seguida foi trabalhar no jornal Última Hora, quando retoma O Jornal de Antonio Maria e inaugura o Romance Policial de Copacabana, com crônicas e reportagens. Além de comandar seu programa, participava de outros, como o de Sargentelli, Preto no branco e de Ary Barroso Rio, eu gosto de você, na TV Rio, em 1957.
Era considerado um homem de sete instrumentos, como se dizia na época. Participava de shows na boate Casablanca, junto com Paulo Soledade; na boate Ninght and Day, junto com Ary Barroso, com o show A mulher e o diabo; compunha jingles publicitários; caricaturista de suas crônicas e locutor esportivo. Foi ele que transmitiu o gol do Uruguai no final trágica da Copa do mundo de 1950. Como compositor, gravou algumas músicas clássicas: Ninguém me ama, Valsa de uma cidade, Menino Grande, Canção da volta, Tuas mãos, Se eu morresse amanhã, além do Samba do Orfeu e Manhã de carnaval foram feitas em parceria com Luís Bonfá. Chegou a fazer sucesso internacional com Nat King Cole cantando em inglês Ninguém me ama e Tuas mãos. Todos os grandes intérpretes gravaram suas músicas: Nora Ney, Dolores Duran, Elizeth Cardoso, Lúcio Alves, Doris Monteiro, Jamelão, Ângela Maria, Aracy de Almeida, Agostinho dos Santos, Dircinha Batista.
Como compositor, chegou a ser considerado o rei do samba-canção. De toda sua produção musical, apenas 62 foram gravadas. Em sua maioria são músicas tristes, de dor-de-cotovelo. Mas não eram só samba-canção. Certa vez escreveu em seu diário “Muitas vezes, de madrugada, o menino acordava com o clarim e as vozes de um bloco. Eles estavam voltando. O canto que eles entoavam se chamava ‘de regresso’. Não sei de lembrança que me comova tão profundamente. Não sei de vontade igual a esta que estou sentindo, de ser o menino que acordava de madrugada, com as vozes de metais e as vozes humanas daquele Carnaval liricamente subversivo”. Era a saudade do Recife batendo forte. Com tais sentimentos compôs os frevos nº 1 e nº 2, dois clássicos gravados por Nara Leão e Maria Bethânia. São os frevos saudosos mais alegres e tristes ao mesmo tempo do repertório pernambucano.
Era um homem de muitos amigos (e inimigos). Sua amizade com Vinicius de Moraes era tamanha ao ponto de parecerem irmãos. E de fato eram iguais no gosto pelas mulheres e pela boemia. Foi ele quem apelidou Vinicius de “poetinha”. A amizade ficou eternizada num belo texto de despedida no dia de sua morte. Carlos Heitor Cony era outro grande amigo. Certa vez ligou para ele dizendo: “Cony, você nunca me enganou!”. Relatou que vindo de São Paulo, sentou no avião ao lado de uma bela mulher que lia o livro Matéria de memórias, de Cony. Ele puxou conversa, apresentou-se como o autor do livro e passou a desfiar um rosário de infelicidades: era um desgraçado; nunca teve sucesso, exceto com a literatura; que as mulheres o abandonavam etc. etc. “Mas Maria!….” era tudo o que Cony conseguia falar. “Fica tranquilo, Cony, fica tranquilo porque depois nós fomos para cama. Ou melhor, você foi para a cama com a mulher”. E Cony, curioso: “E aí?” “E aí é que aconteceu o problema” gargalhava enquanto explicava. “Você broxou Cony!, você broxou!!!”
Não obstante a vida boêmia, tantos amigos e um caráter extrovertido, Maria foi um homem que sempre teve a solidão como companheira, como se deduz de sua crônica Oração em 30/03/1954: “Há poucos minutos, em meu quarto, na mais completa escuridão, a carência era tanta que tive de escolher entre morrer e escrever estas coisas. Qualquer das escolhas seria desprezível. Preferi esta (escrever), uma opção igualmente piegas, igualmente pífia e sentimental, menos espalhafatosa, porém. A morte, mesmo em combate, é burlesca…Só há uma vantagem na solidão: poder ir ao banheiro com a porta aberta. Mas isto é muito pouco, para quem não tem sequer a coragem de abrir a camisa e mostrar a ferida”. Vez ou outra aproveitava suas crônicas para desabafar sua solidão: “Às vezes, me sinto muito só. Sem ontem e sem amanhã. Não adianta que haja pessoas em volta de mim. Mesmo as mais queridas. Só se está só ou acompanhado, dentro de si mesmo. Estou muito só hoje. Duas ou três lembranças que me fizeram companhia, desde segunda-feira, eu já gastei. Não creio que, amanhã, aconteça alguma coisa de melhor”.
Em fins da década de 1950, comandava o prestigiado programa de entrevistas na TV Rio Encontros com Antônio Maria, onde deu uma cantada, ao vivo e em público, em Maysa e entrevistou o governador de São Paulo, Adhemar de Barros, quando foi criado o slogan “rouba mas faz”. Por esta época apaixonou-se por Danusa Leão, a mulher de seu patrão Samuel Wainer, dono do jornal Última Hora, onde era um dos colunistas mais apreciados. Os dois acabaram decidindo morar juntos. O romance não se encaminhou como era esperado. Danusa, sempre muito extrovertida, lhe provocava um ciúme doentio, e as brigas eram frequentes. Mas ela suportou até 1964, quando veio o golpe militar. Samuel Wainer foi para o exílio e ela se decidiu por reatar o casamento e acompanhá-lo. Doente, com problemas cardíacos desde criança – “Sou cardisplicente, costumava dizer na sua displicência -, com sérias limitações para comer e beber como gostava, sua saúde foi bastante afetada pela separação. Na madrugada de 15 de outubro de 1964, ao sair da boate Bistrô, no posto 4 de Copacabana, foi fulminado por um enfarte do miocárdio. Pode-se dizer que morreu em plena atividade no seu local de trabalho.

terça-feira, 21 de março de 2017

POESIA...



OS VERSOS QUE TE FIZ – Florbela Espanca




Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder …
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !
Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda …
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !
Amo-te tanto ! E nunca te beijei …
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!

segunda-feira, 20 de março de 2017

SOBRE A TINTA DERRAMADA...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.



          Acordo atordoado...UMA METADE DE MIM AINDA DORME...levita..está  sem força...
          Derramo em cima da minha tela em branco, a tinta com a qual queria  pintar meu próprio quadro, desconhecendo que a certa altura da vida, a própria vida já lhe desenhou usando nanquim, e a tinta que ninguém mais apaga...
         A tinta é fluida e azul...escorre e por difusão segue ela própria os seus caminhos, copiados  de mim mesmo...as escolhas foram minhas,os versos são meus, como este vazio imenso, de não poder eu mesmo me desenhar e me dar cores...
          A tinta, por difusão forma pontos, grumos, manchas, e eu observo... a esta altura a tinta está derramada...ela já conhece os meus caminhos...eu os percorri,e vai percorrendo lentamente os meus vales e os meus pântanos...eu sou o telespectador de mim mesmo...
          Uma das manchas mostra um menino, de calças curta, cuja farda era azul e branca...ele está parado na rua do advinhão, não atrás da metereologia, como ficavam os estudiosos, mas ele já procurava uma resposta do céu...
          Ao seu redor foram se formando os gatos e os cachorros, dos quais ele falava o mesmo idioma...de tempos em tempos, surgia uma mancha, onde se desenhava uma roda de choros...havia muita música...música que também tinha cor...também era feita do mesmo azul...
          Surgiu um cheiro imenso  no ar, eram as angélicas, os meus primeiros perfumes, de repente o jardim da minha escola abre-se e era primavera...
          De repente, chega o bacurau, e a criança para perplexa, ao se ver diante de tanta gente que somente espera...desce a estação e chora diante de tantas mãos que pedem e imploram, e tem como respostas a indiferenças dos transeuntes...
          A estação era o local onde os olhos se perdiam no horizonte, e os sonhos criavam asas e partiam, sempre tristes, como triste é o resumo de toda vida...que digam os palhaços, que todo domingo á tarde choram...
          Não conheci vida que não se acabou com tristeza...por mais que ela fosse engraçada, serelepe,dissimulada...
          Agora, quase no roda pé da tela há uma enchente, é um rio cheio, transbordando...
          Um menino se debruça na ponte de cimento armado e sabe que nunca poderá mergulha-lo, pois entre a vontade e o rio existe sempre o medo...me parece que a tinta já está toda difundida...o filme terminou...jé preciso ir embora...tenho de dizer adeus...
          Olho para cima e vejo que o meu quadro é mais imenso do que eu penso...todo o céu está  pintado com a minha tinta...é o mesmo azul...azul da cor do mar...azul do manto de Deus...azul que nas tristezas verdeja e se torna a esperança.


domingo, 19 de março de 2017

OLAVO BILAC

REMORSO – Olavo Bilac
Às vezes, uma dor me desespera…
Nestas ânsias e dúvidas em que ando.
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.
Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera…
Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando!
Sinto o que desperdicei na juventude;
Choro, neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude,
Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse!

sexta-feira, 17 de março de 2017

UMA POESIA MUSICADA APÓS CEM ANOS...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.



               Estes versos são da minha avó materna: A Poetisa ANNA LIMA, esposa Do meu avô Professor Celestino Pimentel, e irmã do DR LUIZ ANTÔNIO FERREIRA DOS SANTOS LIMA E DO DR NESTOR DOS SANTOS LIMA...são versos de 1908, eles nasceram em AÇU RN...
          Há dois anos , eu , o Neto, resolvi musica-los...vou mostrar a vocês...
          Sinceramente não sei onde fui buscar acordes tão bonitos...arpejos tão sonoros, que ainda hoje não consigo repeti-los...
          Sinto que fui atingido por uma força sobrenatural, uma inspiração superior...
          E repito SHAKESPEARE:
          Entre o céu e a terra há mais mistérios do que supõe a nossa vã filosofia...
          Uma poesia musicada cem anos depois por um neto da poetisa...
          ESTA OBRA SERIA SUCESSO ABSOLUTO SE VIESSE GRAVADA DO EIXO RIO SÃO PAULO, POR UMA MARIA BETHÃNIA OU UMA MARISA MONTE...

quinta-feira, 16 de março de 2017

A POESIA DE ZÉ DA LUZ...


As flor de Puxinanã – Ze da Luz
Três muié ou três irmã,
três cachôrra da mulesta,
eu vi num dia de festa,
no lugar Puxinanã.
A mais véia, a mais ribusta
era mermo uma tentação!
mimosa flô do sertão
que o povo chamava Ogusta.
A segunda, a Guléimina,
tinha uns ói qui ô! mardição!
Matava quarqué critão
os oiá déssa minina.
Os ói dela paricia
duas istrêla tremendo,
se apagando e se acendendo
em noite de ventania.
A tercêra, era Maroca.
Cum um cóipo muito má feito.
Mas porém, tinha nos peito
dois cuscús de mandioca.
Dois cuscús, qui, prú capricho,
quando ela passou pru eu,
minhas venta se acendeu
cum o chêro vindo dos bicho.
Eu inté, me atrapaiava,
sem sabê das três irmã
qui ei vi im Puxinanã,
qual era a qui mi agradava.
Inscuiendo a minha cruz
prá sair desse imbaraço,
desejei, morrê nos braços,
da dona dos dois cuscús!

Poeta Severino de Andrade Silva, mais conhecido como Zé da Luz, nascido na cidade de Itabaiana-PB, terra onde reside o colunista fubânico Poeta Jessier Quirino e terra de nascença do saudoso sanfoneiro Sivuca. Zé da Luz era alfaiate de profissão. Nasceu em 1904 e encantou-se em 1965.

BELEZA PURA: CAETANO VELOSO

COISAS DO MESTRE MUNDO...



POR TALLYS BARBOSA

''A palmada de mãe não dói metade
Da palmada que a vida da na gente''

Mãe sempre me deu educação
Me ensinou a trilhar o rumo certo
Por isso o meu caminho é coberto
De humildade, pureza e compaixão
Se aprendi a ser um bom cidadão
Agradeço a mainha eternamente
Que a dor de uma pisa a gente sente
Quando apanha só da sociedade
''A palmada de mãe não dói metade
Da palmada que a vida da na gente''

Tão querendo aprovar uma lei
Que pra mim está mal elaborada
Se ela vale se quer uma palmada
A dor quem aguenta eu já sei
Um menino que nasce vai ser rei
E a mãe que bater é delinquente
Se o menino errar constantemente
É a mãe que vai pra trás da grade
''A palmada de mãe não dói metade
Da palmada que a vida da na gente''

Botam Xuxa sentada na bancada
Pra poder ser o simbolo da alegria
Mais quando ela fez pornografia
Até pelo Papá a Bicha foi julgada
Aprovarem a lei da tal palmada
É um ato de alguém inconsciente
Tão querendo é formar mais delinquente
Para ver se tem roubo de verdade
''A palmada de mãe não dói metade
Da palmada que a vida da na gente''

Minha mãe vai ter condenação
Vai viver na prisão por toda vida
E pra mim é mais que merecida
Que ela viva dentro do meu coração
Pois foi ela que me deu educação
Me ensinou a ser um cabra decente
E se ele me bateu foi diferente
Foi ensinando a ter dignidade
''A palmada de mãe não dói metade
Da palmada que a vida da na gente''

quarta-feira, 15 de março de 2017

A MÚSICA NA FILOSOFIA...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL



          O MEU PROFESSOR DE PIANO,SIDNEY, nos comunicou que no término do seu curso de música, vai fazer uma Monografia, falando do aprendizado da música na terceira idade...o mesmo tem duas turmas de alunos , já  acima dos  sessenta anos...
          Numa meditação, na aula de Yôga, escutei a reverenda falar que A MÚSICA é uma manifestação do amor de DEUS...como vivo garimpando o belo,ratifiquei dentro de mim , algo que já sabia desde criança...
          Não é atoa que as mães colocam os seus bebes para dormir cantando...são os acalantos...
          Nenhuma mãe adormece os filhos gritando,brigando, com raiva...é uma atitude sublime, colocar o filho para dormir...
          Quantas vezes na vida adormeci com o BOI  DA CARA PRETA...nesta rua  tinha um bosque que  se chamava SOLIDÃO...se bem que,por ter mente muito diferenciada,as  minhas canções de ninar, tocadas ou solfejadas por minha mãe, eram LA CUMPARSITA E LENCINHO BRANCO...geralmente as canções de ninar são em tom menor...os tons menores são mais relaxantes, mais soníferos,EUHÍPINICOS,mais hipnóticos, são sedantes naturais oriundos da alma de quem canta...
               A MÚSICA É VIDA INTERIOR, E QUEM TEM VIDA INTERIOR JAMAIS PADECERÁ DE SOLIDÃO...SOMENTE PODERIA SER UMA MANIFESTAÇÃO DO CORAÇÃO DE DEUS...UMA MANIFESTAÇÃO DA ILUMINAÇÃO ...
               NESTE PONTO DISCORDO DE FERNANDO PESSOA:
         SEMPRE USEI O CORAÇÃO...USEI-O AS 48 HORAS DO DIA...O POETA PORTUGUÊS DIZ QUE NUNCA O USOU....
              O MEU CORAÇÃO ANDA A CORRER DESVAIRADO ESPERANDO UM VERÃO...

terça-feira, 14 de março de 2017

NO DIA DA POESIA: O MEU AUTO-RETRATO EM PROSA...



          A VISÃO...
LETRA E MUSICA DE BERNARDO CELESTINO PIMENTEL. GRAVADA NO CD MEDICO POPULAR BRASILEIRO.



EU VI A LUA POR DETRÁS DAQUELA SERRA,
MORRI NA PAZ, NASCI NA GUERRA,
SONHEI COM A ROSA E O LUAR.

EU VI A LUA POR DETRÁS DA BANANEIRA,
ESCUTEI PADRE ESCUTEI FREIRA,

ISSO  FEZ ME ILUMINAR...


COMO E QUE EU POSSO ME ESQUECER DESTAS MIRAGENS,
SE A VIDA PASSA E AGENTE VIVE A LEMBRAR,
COMO E QUE EU POSSO SER FELIZ COMO POETA
SE EU SOU A DOR, A EMOÇÃO E O CANTAR..




AINDA GAROTO VI O GATO E O CACHORRO.
O PERIQUITO E O BESOURO, VI O BEZERRO MAMAR.
VI O MARTELO, A PORTEIRA E O SERROTE,
EU  SABIA QUE A SORTE E UM PRESENTE QUE DEUS DA.


COMO E QUE CHAMAM UM GAROTO TAO FELIZ,
QUE E ILUMINADO PELO SOL QUE VEM DO CÉU,
COMO E QUE EU POSSO UM SEGUNDO ME CALAR,
SE EU SOU A VIDA SOU O SOL E O LUAR.


EU VI A RODA , A CANOA E O ROJÃO,
EU CANSAVA NO SÃO JOÃO COM A FUMAÇA DA FOGUEIRA,
TOMEI ANGICO CUMARU PARA BRONQUITE,
ADORAVA ANDAR DE JEEP, DE CARROÇA E CAMINHÃO.

COMO SE PODE ESQUECER DE GENTE E GESTOS,
SE A SAUDADE NÃO ME DEIXA SOSSEGAR,
COMO SE PODE COMEÇAR TUDO DE NOVO,
SE EU SOU DO POVO COMO O SOL, E DO LUAR...



VIM PRA NATAL PRA SER BOM NA MEDICINA,
CONHECER PENICILINA, FEBRE TIFO E DIGITAL,
RECEITEI VINHO PRA BAIXAR COLESTEROL,
PRA TRISTEZA BANHO DE SOL, PRA POESIA BANHO DE MAR.

COMO E QUE PASSA UM INSTANTE SEM SENTIR,
SE A POESIA ESTA DEBAIXO DESTE ANEL,
COMO E QUE PODE SE VIVER  PRA EXISTIR,
EU QUERO A SOPA, QUERO O PÃO, EU QUERO O MEL...



EU VI A MOCA PELA FRESTA DA JANELA,
VI A ROSA E O CHEIRO DELA FAZER O BICHO PEGAR,
SAI CONTENTE TOMEI BANHO NA BIQUEIRA,
AMO A VIDA A VIDA INTEIRA, GOSTO MUITO DE CANTAR...


COMO E QUE PODE SE A VIDA E POR UM TRIZ,
AGUARDE A MORTE QUE ELA VEM PRA NIVELAR,
EU QUERO A VIDA , EU QUERO UM BEIJO, EU QUERO BIS,
EU SOU DO SAMBA COMO O SURDO E DO GANZA...


DESDE CRIANÇA EU MOREI EM NOVA CRUZ,
ME CRIEI SEM AGUA E LUZ, MAS TINHA DEUS NO MEU POMAR...
DEPOIS DE GRANDE TRABALHEI EM SANTO ANTÓNIO,
EU VI A ONÇA E O LAJEDO,
EU VI A COBRA E O PREA.


O QUE E QUE EU DIGO DESTA FLOR QUE EU TRAGO EM MIM,
E DESTE BRILHO QUE ME ESCAPA DO OLHAR,
OLHEI PRA VIDA, OLHEI PRO CÉU E DISSE SIM,
EU SINTO A CHUVA , SINTO A PELE, EU SINTO O MAR ...



LEMBRO DO BERÇO, DO MEU TERÇO E DO RECADO DE MAMÃE PARA O FUTURO:
TUDO UM DIA VAI PASSAR....
O QUE NÃO PASSA E A TOLERÂNCIA E A CARIDADE, A BOA ACAO E AMIZADE,
E QUEM TEM MAIS TEM QUE MAIS DAR...


EU ABRO OS BRAÇOSABRAÇO O MUNDO , OMAR E O SOL,
EU CHEIRO A VIDA QUE RENASCE NAS MANHAS,
VIBRO COM AS FLORES POIS NÃO ESCOLHEM JARDINS,
ENTENDO OS PÁSSAROS QUE CANTAM NO MEU QUINTAL.