quarta-feira, 30 de junho de 2010

Dá Prá Rir...A BOLA DA COPA DE 2014 VAI SE CHAMAR:PROPINA...










Decifrando o Amor...


Ouço dois jovens a conversar, querendo “entender” o amor. E fico
a pensar... Difícil sempre, para o ser humano, aceitar o amor que tem. Ele vive carente do que lhe falta. Difícil, igualmente,
para a maioria das pessoas, sentir o amor. Esse amor total,
pleno de todos os amores parciais que o constituem. Daí as
relações serem um grande arrastar-se de carências até mesmo quando
os animam um ou vários (e verdadeiros) amores parciais.

Quem se relaciona através de um amor parcial pode e deve
valorizar o que existe de verdadeiro e sólido a partir de sua
união. Mas sempre estará à espera do amor total. Ainda que não
venha.

Na realidade ou na fantasia (em geral nesta), o amor total
viverá como esperança, até mesmo quando se tenha a funda
convicção de que não existe.
Por causa das circunstâncias da vida, a maior parte das pessoas
não tem condições de escolher ou de aguardar o amor total (que
pode nunca vir). A questão colocada, e profunda, é quem
escolher? Quem pode dizer-se capaz de escolher? Quem pode
garantir a sua capacidade de não ceder ao ato de ser escolhido/a?
Só quando a escolha é mútua dá-se a (raríssima) possibilidade de
felicidade. Em geral, aceita-se ser escolhido ou luta-se por quem se
escolhe. Raro é o caso em que não há escolha: há descoberta mútua.
Aí o amor pode vir a ser total.

A descoberta mútua prescinde de escolha. Ela cria um mágico território comum de adivinhações. Não é, porém, o habitual. Ou o homem escolhe a mulher na base de apelos variados (sensualidade, segurança ou afetividade) ou a mulher escolhe o homem e consegue
conquistá-lo.
Só conquista quem ganha de alguém, quem vence de outrem. E amor
não é vitória: é descoberta! É funda afinidade, inexplicável.

Fulano escolheu. Beltrana deixou-se escolher. Ou vice-versa.
Amam-se? Sim, muito! Amor verdadeiro, vivido, pleno de afeto e
admiração, mas amor parcial. É menor ou sem sentido esse amor?
Não. É grande, profundo, intenso, verdadeiro e já provado, até pela convivência, sempre atroz. Mas se é parcial, sempre deixará angústia e carência, ainda que dentro de um quadro de fidelidade
formal. Dentro desta doerá a dor do não vivido, mesmo havendo
afeto intenso, respeito, solidariedade, amizade e lealdade.
Só o sonho, eterno libertário, voará a cada dia na busca do amor
total.


Falando de Amor
Tom Jobim
Se eu pudesse por um dia
Esse amor, essa alegria
Eu te juro, te daria
Se pudesse esse amor todo dia
Chega perto, vem sem medo
Chega mais meu coração
Vem ouvir esse segredo
Escondido num choro canção
Se soubesses como eu gosto
Do teu cheiro, teu jeito de flor
Não negavas um beijinho
A quem anda perdido de amor
Chora flauta, chora pinho
Choro eu o teu cantor
Chora manso, bem baixinho
Nesse choro falando de amor

Quando passas, tão bonita
Nessa rua banhada de sol
Minha alma segue aflita
E eu me esqueço até do futebol
Vem depressa, vem sem medo
Foi pra ti meu coração
Que eu guardei esse segredo
Escondido num choro canção
Lá no fundo do meu coração



Contrato de Separação
Nana Caymmi
Composição: Dominguinhos - Anastácia
Olha, essa saudade
Que maltrata o meu peito
É ilusão
E por ser ilusão é mais difícil de apagar

Ela vai me consumindo lentamente
Ela brinca com meu peito
E leva sempre a melhor

Eu quis fazer com ela um contrato de separação
Negou-se, então, a aceitar
Sorrindo da minha ilusão

Só tem um jeito agora
É tentar de vez me libertar
Brigar com a lembrança
Pra não mais lembrar

AMOR...


Artur da Távola

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Sobre o amor

O amor é um sentimento destinado à felicidade, tanto quanto ao
sofrimento e também à doação. Se você ama (melhor seria dizer: se você
é capaz de amar), não espere só grandes recompensas, respostas
otimistas. Amar é apesar.


Amor é o sentimento que se instala a partir do primeiro tédio. Amor
não é o que nos atrai em alguém. Isso é atração, paixão, ou qualquer
coisa parecida.


Amor é o que nos mantém unidos.


Quando menos sentimentos exaltados, mais amor, união e durabilidade.


O amor é um sentimento embaraçado nas raízes fundas do sentimento.
Quem ama nem tem consciência dessas raízes. Teme-as. Prefere não
vê-las.


Porque vê-las será revelar-se. E revelar-se assusta.


O amor é também o sentimento misturado com rejeição, raiva, irritação,
convivência, desinteresse, tédio, o vazio a dois, o sumiço da paixão e
as emoções mais intensas.


Ele é tão grande, tão pleno, tão poderoso e incrível que resiste a
tudo isso, inclusive as impossibilidades, estranho veneno que o
alimenta. Mas isso é amor dodói. Amor saudável é apenas bom.


Você não deixa de amar apenas porque já não gosta igual ou não sente a
mesma atração. Talvez só agora você comece a ficar madura o suficiente
para poder começar a amar.


Pessoas que se atraem à perdição talvez ainda nem começaram a se amar.
Enquanto apenas se atraírem, não alcançarão o amor. Alcançar o amor
tem tanto de renúncia quanto de alegria, felicidade ou glória. Sim, a
felicidade pessoal é compatível com o amor. Infelicidade, jamais. Mas
amor é sério demais para almejar apenas felicidade. O amor visa a
eternidade. A felicidade é apenas um caminho para ela.


Assim como é preciso alguma crueldade para viver. Assim como há sempre
alguma agressão embrulhada em qualquer vitória, assim, também, a
alegria precisa de alguma inconseqüência. Sem esta, restará apenas a
lucidez, que é sempre repleta de ''trágicos deveres''. Libertando-nos
da plena consciência, a inconseqüência nos permite alguma alegria. Já
felicidade é outro assunto. Está no campo do amor.


Felicidade ganha de alegria assim como amor ganha de paixão. Mesmo
quando venha nesta embrulhado.


DrãO
Gilberto Gil
Composição: Gilberto Gil
Drão!
O amor da gente
É como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela estrada escura...

Drão!
Não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Estende-se infinito
Imenso monolito
Nossa arquitetura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Cama de tatame
Pela vida afora

Drão!
Os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão
Não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Se o amor é como um grão
Morre, nasce trigo
Vive, morre pão
drão!
drão!

terça-feira, 29 de junho de 2010

O Mundo Sem as MULHERES...?





(Texto de Arnaldo Jabor - comentado em rosa pela Mulher de 40.)

O cara faz um esforço desgraçado para ficar rico pra quê? O sujeito quer ficar famoso pra quê? O indivíduo malha, faz exercícios pra quê? A verdade é que é a mulher o objetivo do homem.
Sim, para continuar a exercer a função que a mãe dele exercia... cuidar de tudo à sua volta para que ele tenha tempo de ser homem...

Tudo que eu quis dizer é que o homem vive em função da mulher. Vivem e pensam em mulher o dia inteiro, a vida inteira.
Pensam EM mulher, e não NA mulher... há uma diferença!

Se a mulher não existisse, o mundo não teria ido pra frente.
Certíssimo! Será que foi mesmo um homem que escreveu isso?

Homem algum iria fazer alguma coisa na vida para impressionar outro homem, para conquistar sujeito igual a ele, de bigode e tudo.
Hellooooooo, e onde ficam os Serginhos e Dicesars da vida?

Um mundo só de homens seria o grande erro da criação.
Aliás, Deus fez a Eva porque achou que tinha muito que melhorar em sua criação.

Já dizia a velha frase que 'atrás de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher'. O dito está envelhecido. Hoje eu diria que 'na frente de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher'.
Sim, pois hoje em dia só arrastando eles para que se movam...

É você, mulher, quem impulsiona o mundo. Correto!

É você quem tem o poder, e não o homem. Correto!
É você quem decide a compra do apartamento, a cor do carro, o filme a ser visto, o local das férias.
Por que os homens estão preocupados com seus hobbies, com seu futebolzinho na televisão, com as conversinhas com os amigos na esquina...

Bendita a hora em que você saiu da cozinha e, bem-sucedida, ficou na frente de todos os homens.
Assim, você, mulher e idiota, além de cuidar de toda a casa ainda passou a dividir as despesas conosco... sobrou mais para a cervejinha e as roupas de griffe.

E, se você que está lendo isto aqui for um homem, tente imaginar a sua vida sem nenhuma mulher. Aí na sua casa, onde você trabalha, na rua. Só homens. Já pensou? Um casamento sem noiva? Um mundo sem sogras? Enfim, um mundo sem metas.
Acho que os homens estariam dando pulos ao imaginar isso...

ALGUNS MOTIVOS PELOS QUAIS OS HOMENS GOSTAM TANTO DE MULHERES:

1- O cheirinho delas é sempre gostoso, mesmo que seja só xampu.
Deveriam aprender conosco, e tomar banho logo que chegam em casa... Ah, vá, tem homem cheiroso também, confesso rsrsrs...

2- O jeitinho que elas têm de sempre encontrar o lugarzinho certo em nosso ombro, nosso peito.
Principalmente quando queremos alguma coisa hehehe

3- A facilidade com a qual cabem em nossos braços.
4- O jeito que têm de nos beijar e, de repente, fazer o mundo ficar perfeito.
Isso quando vocês estão com paciência para abraçar, beijar e beijar, e não ir direto para os finalmentes...

5- Como são encantadoras quando comem.
Aproveitem a oportunidade e aprendam boas maneiras à mesa... não arrotar, usar os talheres corretos, não se servirem direto das panelas com seus garfos...

6- Elas levam horas para se vestir, mas no final vale a pena.
Vale a pena por quê? Se nem ouvimos um simples elogio na maioria das vezes? E ainda somos obrigadas a sair acompanhadas de um sujeito com chinelos e bermudas...

7- Porque estão sempre quentinhas, mesmo que esteja fazendo trinta graus abaixo de zero lá fora.
Eu, não, meus pés estão sempre gelados.

8- Como sempre ficam bonitas, mesmo de jeans com camiseta e rabo-de-cavalo.
Acha que mesmo para estar de jeans e camiseta não passamos por um surto diante do guarda-roupa? Acha que é fácil assim? E um bom rabo-de-cavalo tem que ser bem elaborado...

9- Aquele jeitinho sutil de pedir um elogio.
Se colocamos nossa melhor roupa, ficamos horas nos maquiando e penteando, que mais podemos esperar? Ainda há as que esperam por isso... Aproveitem e elogiem mesmo!

10- O modo que têm de sempre encontrar a nossa mão. Já notaram isso?

11- O brilho nos olhos quando sorriem. Já notaram isso?

12- O jeito que têm de dizer 'Não vamos brigar mais, não..'
Eu já me adianto e pulo a DR pra não ter que brigar.

13- A ternura com que nos beijam quando lhes fazemos uma delicadeza.
O que é bem difícil, essa delicadeza normalmente só acontece quando vocês percebem que fizeram uma cagada, ou que esqueceram de algo importante...

14- O modo de nos beijarem quando dizemos 'eu te amo'.
Porisso não os beijamos com frequência!

15- Pensando bem, só o modo de nos beijarem já basta. Hehehe, aprendeu, papudo?

16- O modo que têm de se atirar em nossos braços quando choram.
17- O fato de nos darem um tapa achando que vai doer.
Isso porque você não conhece o meu gancho de direita rsrsrs...

18- O jeitinho de dizerem 'estou com saudades'.
19- As saudades que sentimos delas.
E vão continuar sentindo...

20- A maneira que suas lágrimas têm de nos fazer querer mudar o mundo para que mais nada lhes cause dor.
Ãnh?

Chapéu Violeta...





Aos 3 anos, ela olha pra si mesma e vê uma rainha.
Aos 8 anos, ela olha pra si mesma e vê Cinderela.
Aos 15 anos, ela olha pra si mesma, vê uma bruxa e diz: "mãe, eu não posso ir pra escola desse jeito!!!"
Aos 20 anos, ela olha pra si mesma e se vê "muito gorda / muito magra, muito alta / muito baixa, com cabelo muito liso / muito encaracolado", mas decide que vai sair assim mesmo...
Aos 30 anos, ela olha pra si mesma e se vê "muito gorda / muito magra, muito alta / muito baixa, com cabelo muito liso / muito encaracolado", mas decide que agora não há tempo para consertar essas coisas. Então, sai assim mesmo..
Aos 40 anos, ela olha pra si mesma e se vê "muito gorda / muito magra, muito alta / muito baixa, com cabelo muito liso / muito encaracolado", mas diz: "sou uma boa pessoa" e sai mesmo assim...
Aos 50 anos, ela olha pra si mesma e se vê como é. Sai e vai para onde ela bem entender...
Aos 60 anos, ela olha pra si mesma e se lembra de todas pessoas que não podem mais se ver no espelho. Sai de casa e conquista o mundo...
Aos 70 anos, ela olha pra si mesma e vê sabedoria, risos, habilidades...sai para o mundo e aproveita a vida...
Aos 80 anos, ela não se importa muito em olhar pra si mesma.
Simplesmente põe um chapéu violeta e vai se divertir com a vida...
... Talvez devêssemos pôr o chapéu violeta mais cedo...
(Mário Quintana)

Homenagem a São Pedro...29 de junho...


Igreja Católica Romana vê a Pedro como o primeiro papa, a quem Deus escolheu para alicerçar sua igreja (Mateus 16:18). Ela afirma que ele tem autoridade (primazia, supremacia) sobre os outros apóstolos. A Igreja Católica Romana afirma que algum tempo depois dos eventos registrados no Livro de Atos, o Apóstolo Pedro tornou-se o primeiro Bispo de Roma, e que o bispo romano era aceito pela igreja primitiva como autoridade central dentre todas as igrejas. Ela ensina que Deus passou a autoridade apostólica de Pedro a todos aqueles que, mais tarde, tomaram lugar em sua cadeira como bispo de Roma. Este ensinamento de que Deus passou a autoridade apostólica de Pedro para os bispos subseqüentes é conhecido como “sucessão apostólica”.
Toda a primeira parte do Evangelho gira em torno da pergunta: quem é Jesus? Simão foi o primeiro dos discípulos a responder essa pergunta: Jesus é o filho de Deus. É esse acontecimento que leva Jesus a chamá-lo de Pedro.

Encontramos o relato do evento no Evangelho de São Mateus, 16:13-19: Jesus pergunta aos seus discípulos (depois de se informar do que sobre ele corria entre o povo): "E vós, quem pensais que sou eu?".

Simão Pedro, respondendo, disse: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Jesus respondeu-lhe: “Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que te revelaram isso, e sim Meu Pai que está nos céus. Também Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja[9], e as portas do Hades[10] nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus. E o que desligares na terra será desligado[11] nos céus” (Mt 16, 16:19).

Glosas e Motes...

Raimundo Nonato glosando o mote:

Sou mais um retirante sem destino
Que só leva saudade na bagagem.

Pra sair ou chegar não marco a hora
No meu canto me deito saio e entro
A tristeza queimando peito a dentro
A saudade matando mundo afora
Não faltou-me saúde até agora
Mas saúde sem paz não é vantagem
Pra os sem rumo sou só um personagem
Pra BR sou só um inquilino
Sou mais um retirante sem destino
Que só leva saudade na bagagem.

Saudosista,carente,andarilho
Me levanto pensando a lágrima cai
Sinto tanto a ausência do meu pai
Mas não sei se ele sente a do seu filho
Cabisbaixo,abatido,maltrapilho;
Visto ao longe pareço uma visagem
Precisando usar nova roupagem
Pra voltar a sonhar como menino
Sou mais um retirante sem destino
Que só leva saudade na bagagem.




* * *

Felipe Júnior glosando o mote:

Se eu morrer de saudade a culpa é dela
Que não quis aceitar meu coração.

Se eu morrer de saudade ou roedeira
Não me digam que foi pela cachaça,
Que a resposta será: Minha desgraça
Foi fazer do amor só brincadeira.
A paixão se tornou a traiçoeira
Que enfeitiça, destrói, faz ilusão…
Se eu morrer por amor ou de paixão
Foi porque quis morrer pensando nela.
Se eu morrer de saudade a culpa é dela
Que não quis aceitar meu coração.

* * *

Zé Cardoso glosando o mote:

Faça tudo que eu fiz se quiser ser
Cantador respeitado e campeão.

Para ser o poeta que estou sendo
Foram léguas e léguas de estrada
Minha luta já é marca registrada
Tudo quanto plantei estou colhendo
Nem que a mídia não esteja me querendo
Me trocando por ET ou por Lobão
Eu esqueço que tem televisão
E venho até o teatro lhe dizer
Faça tudo que eu fiz se quiser ser
Cantador respeitado e campeão.


* * *

Severino Ferreira da Silva glosando o mote:

Não canto sabedoria
Só sei cantar o sertão

Só sei falar da ressaca
Do homem que se embebeda
Corujão que leva queda
Da cabeça de uma estaca
Canto o carinho da vaca
Com seu bezerro pagão
Por não ter água e sabão
Com a língua lambe a cria
Não canto sabedoria
Só sei cantar o sertão

Só sei cantar o perfume
Da rosa que nasce virgem
Mostrando a melhor origem
Crescendo em cima do cume
O farol do vaga lume
Sem ter pilha nem bujão
De noite mostra o clarão
Jesus lhe dando energia
Não canto sabedoria
Só sei cantar o sertão

* * *

Salomão Rovedo glosando o mote:

Se é do homem ser chifrudo
É muito melhor morrer.

Boa fêmea faz de tudo
E sendo gostosa então
Parte logo pra traição
E põe o macho galhudo
Se é do homem ser chifrudo…
Sem nada poder fazer
Vendo a galhada crescer
É por todos apontado
- Olha ali o corneado!
É muito melhor morrer.

* * *

Hugo Araujo glosando o mote:

Sou poeta não, doutor!
Sou um tangedor de rimas.

Pra se fazer a poesia
Para desenvolver o tema
Pra rimar com maestria
E para não ter problema
Faço tudo no capricho
Não jogo nada no lixo
Meu ego sempre por cima
Sei muito bem o que sou.
Sou poeta não, doutor!
Sou um tangedor de rimas.

A ser doutor aprendi
Ser poeta está no sangue
E assim desenvolvi
Esse talento tão grande
Vivo assim muito orgulhoso
Pois fazer rima é gostoso
Poeta não desanima
E nem reclama de dor.
Sou poeta não, doutor!
Sou um tangedor de rimas.

O finalzinho desse mote
Arrocha qualquer cantador
Se o cabra não tiver sorte
Se não for bom rimador
Vai se perder no assunto
Na rima vai ser defunto
E depois vai virar “cinzas”
A poesia lhe matou.
Sou poeta não, doutor!
Sou um tangedor de rimas.

* * *

Antônio Ribeiro da Conceição (Bule Bule) glosando o mote:

Castro Alves no céu sente saudade
Do batente da casa onde nasceu.

Natural do distrito Curralinho
Porém sendo a Fazenda Cabaceiras
Num lugar de Ingá e de Jaqueira
Tendo o Paraguaçu encostadinho
Recebeu de seus pais todo carinho
Foi amado por quem o conheceu
Muito belos poemas escreveu
Para ir declamar na eternidade
Castro Alves no céu sente saudade
Do batente da casa onde nasceu.

Oh! Ceceu peça a Deus e venha a terra
Ver o povo que fala no seu nome
Com pequeno salário e muita fome
Com ganância política escândalo e guerra
Eu que sou lá da serra
Com a inspiração que Deus me deu
Faço este poema que é seu
Descrevendo o seu dom e a bondade
Castro Alves no céu sente saudade.
Do batente da casa onde nasceu

Quixambeira ,Coção e Mão Divina
Conceição do Almeida e Cruz das Almas
Muritiba perdeu todas as calmas
Por seu filho de alma cristalina
Será a pomba da paz mais nordestina
Que a arma da sorte abateu
Viu o pão do amor mais não comeu
Nem provou o alpiste da amizade
Castro Alves no céu sente saudade
Do batente da casa onde nasceu.

Se o escravo chorava, ele sofria,
Padecia se o escravo apanhava
Tinha ódio demais de quem comprava
Tinha raiva mortal de quem vendia
Tinha sempre na sua teoria
Não presta quem comprou nem quem vendeu
Liberdade ele sempre defendeu
E morreu cedo sem ver a liberdade
Castro Alves no céu sente saudade
Do batente da casa onde nasceu.

Em Recife ,São Paulo ,Salvador
Sua língua foi lâmina afiada
Sua voz estrondou como granada
Para ensurdecer o opressor
Hoje o nosso poeta defensor
Está muito feliz com Galileu
Com o tempo o Pelourinho morreu
E nasceu um pé de tranqüilidade
Castro Alves no céu sente saudade
Do batente da casa onde nasceu.

* * *

Um folheto de José Honório

O TARADO DO BISTURI

Desde o início de abril
quando nos jornais eu li
acompanho atentamente
e escrever decidi
esta história sobre
“O Tarado do Bisturi”

Segundo a própria polícia
são mais de duas dezenas
as vítimas desse anormal
que repete as mesmas cenas
com brotinhos e coroas
mulatas, louras, morenas.

No entanto foram poucas
que deram depoimento
por medo, por timidez
também por constrangimento
mas tal omissão atrasa
a prisão do elemento.

Segundo depoimentos
esse bandido safado
tem uns 25 anos
cabelo encaracolado
é moreno, magro e o
seu rosto é arredondado.

Agindo na Zona Sul
no início à luz do dia
entre as dez e as catorze
de forma segura e fria
mas depois também a noite
aos ataques partiria.

Um outro fato importante
que o seu perfil completa
é que ele sempre ataca
de uma forma seleta
bem vestido e arrumado
sobre uma bicicleta.

Na bicicleta vermelha
só ataca esse tarado
aquela mulher que tenha
o traseiro avantajado
ou um par de peitos que
seja bem pronunciado.

Basta só que ele veja
uma mulher bem dotada
cinturinha, ancas largas
e traseira avantajada
perde logo as estribeiras
ataca a pobre coitada.

Se aproxima da vítima
como não quisesse nada
desfecha um golpe cortante
no traseiro da coitada
outras vezes em seu seio
e pedala em disparada.

Prazeres, Boa Viagem,
Candeias e Piedade,
IPSEP, Imbiribeira
são os pontos da cidade
onde ele exercitou
a sua perversidade.

As mulheres que lá moram
há muito não têm sossego
qualquer estranho é suspeito
seja moreno ou galego
e só se acalmarão
quando o tarado for pego.

Até Gretchen que estava
morando aqui neste estado
sentiu que seu patrimônio
estaria ameaçado
voltou pro Sul Maravilha
com medo desse tarado.

Além de perder a Gretchen
que por aqui não mais vem
com esse tarado solto
difícil será também
recebermos a visita
duma Fafá de Belém.

O ataque mais feroz
foi com Valneide Ferreira
atacada em Piedade
ela é cabeleireira
levou 72 pontos
o corte em sua traseira.

Ana Lúcia Nascimento
passou por outro aperreio
ela ia pro colégio
quando o tarado lhe veio
e aplicou sem demora
oito cortes em seu seio.

O pior é que já fazem
02 meses que o bandido
começou os seus ataques
como um louco pervertido
e até este momento
o mesmo não foi detido.

Suspendeu os seus ataques
mas qual será o motivo?
Será que arrependeu-se
desse seu ato nocivo?
ou alguém o encontrou
e não mais se encontra vivo?

Não pode ficar impune
quem pratica tal ação
é necessário encontrá-lo
mostrando à população
que justiça às vezes tarda
mas faltar, não falta não!

Só não quero que arrumem
algum bode-espiatório
e através de “recurso”
que a todos é notório
um inocente confesse
durante interrogatório.

Arrisco dá um pitaco
pelo que eu conclui
matutando sobre o
“Tarado do Bisturi”
suspeito que ele é
na verdade um travesti.

Travesti frustrado por
não ter curvas atraentes
e em suas pegações
sempre perder seus clientes
pra mulheres e “amigas”
de formas proeminentes.

Por isso perdeu o tino
e resolveu se vingar
abandonou as calçadas
parou de desmunhecar
armou-se dum bisturi
para as mulheres marcar.

Uma outra alternativa
que duvidar, não duvido
acho que se trata dum
bondoso e fiel marido
que descobriu de repente
que vinha sendo traído.

E o pior, meu leitor,
a sua mulher ingrata
não levou pra sua cama
um marmanjo de chibata
porém tinha como amante
reboculosa mulata.

Injuriado por certo
com esse golpe profundo
sentiu no sangue ferver-lhe
um sentimento iracundo
resolveu vingar-se de
todas mulheres do mundo.

Será alguém revoltado
com essa moda de agora
da mulherada ofendida
aí pelo mundo afora
pegar o membro do homem
passar faca e jogar fora?

Só sendo assim, pois não acho
que um homem consciente
pratique um ato tão vil
se expondo constantemente
mutilando o corpo belo
duma mulher inocente.

Só após se descobrir
a real identidade
desse obscuro maníaco
que aterroriza a cidade
é que enfim saberemos
do caso toda verdade.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O MOTIVO DA FALHA do PSDB...


Sader explica por que FHC deu errado.
E por que Serra vai perder


Por que o governo FHC deu errado

Por Emir Sader – 26 junho 2010

FHC teve a audácia de assumir o modelo neoliberal adotado por François Mitterrand, a partir do seu segundo ano de governo, e por Felipe Gonzalez, desde o começo. Acreditou no Consenso de Washington, de que qualquer governo “sério” teria que adotar as suas recomendações, não apenas cuidando dos desequilíbrios fiscais, mas centrando seu governo na estabilidade monetária.
A passagem dos governos Thatcher e Reagan aos de Blair e Clinton dava a impressão a um observador superficial que, qualquer que fosse o governo, o ajuste fiscal seria o seu eixo. Que haveria que terminar com os direitos sociais sem contrapartidas – como tinha feito Clinton, ao dar por terminado o Estado de bem estar social, instalado por Roosevelt.
Para isso, no Brasil, seria preciso atacar o Estado herdado de Getúlio e os movimentos sociais, que certamente defenderiam os direitos sociais a serem atacados, para recompor as contas públicas. Até ali, os tucanos tinham dado passos tímidos primeiro nessa direção, com o “choque de capitalismo” do Covas em 1989, passaram a atitudes mais audazes, como a entrada de uma avançada do partido no governo Collor – entre eles, Celso Lafer, Sergio Rouanet -, preparando o desembarque oficial, de que se salvaram pelo veto do Covas e pela queda do Collor.
Chamado pelo desorientado – até hoje – Itamar, FHC assumiu, eufórico, a globalização neoliberal como “o novo Renascimento da humanidade” (sic), nas suas próprias palavras. Era um destino inexorável, que a “atrasada” esquerda brasileira não percebia e seria esmagada pela nova onda. Seu vocabulário desqualificador das divergências, sua empáfia privatizadora, sua truculência ao mudar o nome da Petrobrás para torná-la um “global player” e privatizá-la, revelavam a auto- confiança daquele que representava a voz inteligente da “terceira via” nas periferias da vida, que convivia com Blair, Clinton e companhia nos seus ágapes globais.
Confiou-se de tal maneira de que o controle monetário, a partir da caracterização tentadora de que “a inflação é um imposto aos pobres”, que embora tivesse a sua mulher encarregada de políticas sociais – no estilo mais tradicional das primeiras damas -, o peso dessas nunca passou do figurino e do marketing, sem efeito algum que se contrapusesse à desigualdade social, acelerada no seu governo, uma vez passados os efeitos imediatos do controle da inflação. Um economicismo barato dominou seu governo – que ao contar com o coro unânime da imprensa, com a maioria absoluta no Congresso e com o apoio internacional, – acreditava no seu sucesso inevitável.
Afinal, Mitterrand e Felipe Gonzalez tinham se perpetuado por mais de uma década no governo dos seus países, Clinton e Blair gozavam também de grande popularidade, a adesão de forças tradicionais ao neoliberalismo parecia dar certo na Argentina, no México, no Chile. Não haveria alternativa ao Consenso de Washington e ao Pensamento Único, como havia previsto Margareth Thatcher – parecia estar plenamente convencido FHC, ainda mais quando foi reeleito no primeiro turno em 1998 – com pressa, porque a crise já era iminente e o Malan já negociava nova Carta de Intenções com o FMI, preparando-se para levar as taxas de juros, em janeiro de 1999 aos estratosféricos 48%, sem nenhum protesto do ministro José Serra.
Os primeiros anos da estabilização monetária foram os de auge de FHC, que lhe propiciaram um segundo mandato, mas naquele momento já havia iniciado seu declínio. As Cartas de Intenções do FMI, a profunda convicção nas teses do Estado mínimo, da predominância do mercado, nas privatizações, na abertura da economia, levaram o país a uma profunda e prolongada recessão, ao mesmo tempo em que o próprio sucesso do controle da inflação começava a desandar.
Serra não era o candidato da predileção de FHC, entre os dois travou-se uma dura guerra, quando a saúde afastou Covas da parada. Mas qualquer que fosse o candidato, teria perdido para Lula naquele momento. Serra tentou não arcar com o ônus do governo FHC e FHC tentou dizer que a derrota era do Serra e dele. Mas, abraçados ou não, os dois foram a pique.
Essa derrota pesa definitivamente sobre o destino tucano. Não tiveram capacidade de conquista de bases populares mais além da estabilidade monetária, até porque não tinham plano de retomada do desenvolvimento – palavra totalmente enterrada por eles – e de distribuição de renda. Foram derrotados pelo seu sucesso efêmero e artificial, financeiro, especulativo.
Hoje, quando a depressão da derrota – agora inevitável – domina o ninho tucano, os ataques, as cotoveladas e caneladas sobram para todo lado. Certamente consciente da derrocada do Serra, FHC se apressou a dizer, antes mesmo da divulgação da pesquisa do Ibope, que via com sérias preocupações as possibilidades do candidato tucano, apesar de que ele tinha “ajudado”. Deixava o cadáver para os outros, aqueles que tentaram esconde-lo, a ele e a seu governo. Imaginem-se as palavras que Serra deve ter reservado para FHC, que na hora da débâcle, lhe dá as costas.
A escolha do vice tornou-se um calvário. Não se trata agora de escolher um vice que consiga votos, mas um que tire menos votos e, conforme a indecisão foi aumentando a lista de pré-candidatos, descontente a menor gente. Chega-se ao que a pesquisa do Datafolha os tinha livrado, aparentemente: o de chegar a uma Convenção em queda livre nas pesquisas e sem o Aécio.
O governo FHC deu errado como o neoliberalismo deu errado. Sua derrota e a crise final dos tucanos representam isso. Por isso, a vitória da Dilma tem que ser a vitória da esquerda e do campo popular, da superação do neoliberalismo, do fortalecimento do Estado, do desenvolvimento econômico e social, do Brasil soberano, da construção de uma sociedade justa, solidária e próspera.

A LISTA...


Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?

Sobre Vinicius de Moraes...


UM POEMA DE VINÍCIUS DE MORAES

Marcus Vinícius de Melo Moraes (1913-1980), poeta, compositor e boêmio carioca, começou escrevendo poesia mística e religiosa para depois assumir as facetas de poeta lírico-amoroso e politizado. Indiferente às inovações promovidas pela Semana de 22, Vinícius dedicou-se a formas consideradas antigas como a balada e o soneto, tendo escrito versos impecáveis a partir dessas estruturas poéticas. O soneto em decassílabos “Soneto de quarta-feira de cinzas”, é daqueles em que o poeta exercita um lirismo de alta rotação, permeado de antíteses e paradoxos (“Por não te possuir, tendo-te minha”), e caracterizado por uma sonoridade que se manifesta ininterrupta e em cascata, a cada verso construído. Exprime o modo relacional entre o efêmero e o que se eterniza, o que se introduz no cotidiano e o que toma ares de cosmicidade e infinitude. O branco se sobrepõe ao branco, o tudo se confronta ao nada, a “simples aventura” abre um fosso na inconstância e na inconsequência amorosa:

Por seres quem me foste, grave e pura
Em tão doce surpresa conquistada
Por seres uma branca criatura
De uma brancura de manhã raiada

Por seres de uma rara formosura
Malgrado a vida dura e atormentada
Por seres mais que a simples aventura
E menos que a constante namorada

Porque te vi nascer de mim sozinha
Como a noturna flor desabrochada
A uma fala de amor, talvez perjura

Por não te possuir, tendo-te minha
Por só quereres tudo, e eu dar-te nada
Hei de lembrar-te sempre com ternura.



Para Viver Um Grande Amor
Vinicius de Moraes
Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho
Cantado

Eu não ando só
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia

Falado

Para viver um grande amor, preciso
É muita concentração e muito siso
Muita seriedade e pouco riso
Para viver um grande amor
Para viver um grande amor, mister
É ser um homem de uma só mulher
Pois ser de muitas - poxa! - é pra quem quer
Nem tem nenhum valor
Para viver um grande amor, primeiro
É preciso sagrar-se cavalheiro
E ser de sua dama por inteiro
Seja lá como for
Há de fazer do corpo uma morada
Onde clausure-se a mulher amada
E postar-se de fora com uma espada
Para viver um grande amor

Cantado

Eu não ando só,
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia

Falado

Para viver um grande amor direito
Não basta apenas ser um bom sujeito
É preciso também ter muito peito
Peito de remador
É sempre necessário ter em vista
Um crédito de rosas no florista
Muito mais, muito mais que na modista
Para viver um grande amor
Conta ponto saber fazer coisinhas
Ovos mexidos, camarões, sopinhas
Molhos, filés com fritas, comidinhas
Para depois do amor
E o que há de melhor que ir pra cozinha
E preparar com amor uma galinha
Com uma rica e gostosa farofinha
Para o seu grande amor?

Cantado

Eu não ando só
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia

Falado

Para viver um grande amor, é muito
Muito importante viver sempre junto
E até ser, se possível, um só defunto
Pra não morrer de dor
É preciso um cuidado permanente
Não só com o corpo, mas também com a mente
Pois qualquer "baixo" seu a amada sente
E esfria um pouco o amor
Há de ser bem cortês sem cortesia
Doce e conciliador sem covardia
Saber ganhar dinheiro com poesia
Não ser um ganhador
Mas tudo isso não adianta nada
Se nesta selva escura e desvairada
Não se souber achar a grande amada
Para viver um grande amor!

Cantado

Eu não ando só
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia





Quem pagará o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?
Quem, dentre amigos, tão amigo
Para estar no caixão comigo?
Quem, em meio ao funeral
Dirá de mim: — Nunca fez mal...
Quem, bêbado, chorará em voz alta
De não me ter trazido nada?
Quem virá despetalar pétalas
No meu túmulo de poeta?
Quem jogará timidamente
Na terra um grão de semente?
Quem elevará o olhar covarde
Até a estrela da tarde?
Quem me dirá palavras mágicas
Capazes de empalidecer o mármore?
Quem, oculta em véus escuros
Se crucificará nos muros?
Quem, macerada de desgosto
Sorrirá: — Rei morto, rei posto...
Quantas, debruçadas sobre o báratro
Sentirão as dores do parto?
Qual a que, branca de receio
Tocará o botão do seio?
Quem, louca, se jogará de bruços
A soluçar tantos soluços
Que há de despertar receios?
Quantos, os maxilares contraídos
O sangue a pulsar nas cicatrizes
Dirão: — Foi um doido amigo...
Quem, criança, olhando a terra
Ao ver movimentar-se um verme
Observará um ar de critério?
Quem, em circunstância oficial
Há de propor meu pedestal?
Quais os que, vindos da montanha
Terão circunspecção tamanha
Que eu hei de rir branco de cal?
Qual a que, o rosto sulcado de vento
Lançara um punhado de sal
Na minha cova de cimento?
Quem cantará canções de amigo
No dia do meu funeral?
Qual a que não estará presente
Por motivo circunstancial?
Quem cravará no seio duro
Uma lâmina enferrujada?
Quem, em seu verbo inconsútil
Há de orar: — Deus o tenha em sua guarda.
Qual o amigo que a sós consigo
Pensará: — Não há de ser nada...
Quem será a estranha figura
A um tronco de árvore encostada
Com um olhar frio e um ar de dúvida?
Quem se abraçará comigo
Que terá de ser arrancada?
Quem vai pagar o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?

Maximiniano Campos...


“O rei e o cangaceiro conversavam e bebiam. O rei retirou a coroa cheia de pedras de todas as cores e colocou-a em cima do tampo da mesa. O cangaceiro continuou com o seu chapéu no qual havia três signos de Salomão e uma estrela, fincados na aba.
– Já conversamos um bocado, mas seu nome... – Como é o seu nome? – perguntou o rei.
– Jesuíno Brilhante.
– Mas eu quero saber o seu nome verdadeiro.
– É Jesuíno Brilhante.
– Mas esse não foi o nome de um cangaceiro que já morreu há muito tempo?
– É, morreu. Mas o meu nome é Jesuíno Brilhante.
– Você quer brincar com o rei?
– Não, majestade. O meu nome é esse mesmo.
O rei passou a mão no rosto gordo, depois levou um copo de bebida até a boca e engoliu de uma vez só. Ouviram vozes que vinham da rua, formando uma grande algazarra.
– O povo está se distraindo. Mas, voltando ao assunto do seu nome, você não vai querer me dizer que é o fantasma do outro, de Jesuíno Brilhante.
– Não, não sou nenhum fantasma. Tenho esse nome porque meu pai era sertanejo e admirava muito a vida de Jesuino Brilhante, falava sempre nas façanhas dele. Por isso, chamo-me Jesuíno Brilhante da Silva.
– Ah! Você não tinha falado nesse da Silva...
– É, não tinha falado. Jesuíno, o outro, era Alencar.
Estavam bebendo em silêncio, quando viram entrar um astronauta no recinto. Parecia ser um velho conhecido do rei. Saudou-o e pediu licença para se sentar à mesa. O rei deu permissão, admirado, parecendo contente de vê-lo ali. O astronauta, um rapaz louro e de olhos azuis, tirou o capacete para ficar mais à vontade e aceitou o copo de bebida que o rei lhe oferecia.
– Que tal a lua? – perguntou o cangaceiro.
– Ah! me esqueci de apresentar você – disse o rei, voltando-se para o astronauta. – Este aqui é Jesuíno Brilhante.
– Prazer! – disse o astronauta, sem mencionar o seu nome.
– Mas a lua, rapaz, que tal? – perguntou, dessa vez, o rei.
O astronauta riu. Parecia já estar bêbado, porque a sua voz estava meio empastada. Respondeu:
– Não tem mulheres, nem água, nem bebida, é uma desolação.
– Isso é ruim – falou o rei.
– E o seu Sertão? – indagou o astronauta ao cangaceiro.
– O meu Sertão é um reino muito grande. Há muitos anos saí de lá, era muito menino. Mas me lembro de quase tudo que vi. Agora ando desgarrado.
– Quer dizer que você nunca matou ninguém? – perguntou, rindo, o rei.
– Vamos deixar essa conversa de lado. Acho melhor o senhor contar a sua vida, falar do seu reino.
– Pouca coisa tenho a contar.
– É modéstia! – disse o astronauta, esvaziando o conteúdo da garrafa e enchendo o seu copo, que emborcou de vez, bebendo tudo de um só fôlego.
– Como foi que o senhor veio parar aqui? – indagou novamente o cangaceiro ao rei.
– Deixe pra lá! – respondeu o rei fazendo um gesto com a mão.
O astronauta, já empilecado, começou a dizer inconveniências com uma princesa que estava sentada a uma mesa ao lado. O rei reclamou, pediu ao astronauta que não dissesse mais aqueles palavrões, que respeitasse a sua presença e o ambiente.
– Você sempre foi um velho safado mesmo! – disse o astronauta levantando-se para se retirar da mesa.
Ia saindo, quando voltou e disse para o cangaceiro:
– Você tem cara de pastora e não de cangaceiro!
– Vá embora, deixe a gente beber em paz – falou o rei, tentando acalmar a situação.
O astronauta deu uma tapa no chapéu do cangaceiro e o chapéu caiu no chão. O cangaceiro, embora com raiva, ponderou:
– Isso não é brincadeira, nem conheço você direito! – E, voltando-se para o rei: – Como é que o senhor foi chamar um sujeito mal-educado desse para beber na nossa mesa?
– Você viu, ele perguntou se podia se sentar! Além do mais, não sabia que ele estava tão bêbado assim!
– Bêbado é a mãe! – falou o astronauta, cambaleando e segurando-se numa cadeira para não cair.
O cangaceiro levantou-se e disse, já afobado com as provocações:
– Agora você vai embora de todo o jeito!
O astronauta tentou reagir, mas o cangaceiro deu-lhe uma bofetada, depois um pontapé e, agarrando-o pela gola, sacudiu-o na rua.
O rei, aflito, correu para o cangaceiro, indagando:
– Por que você foi fazer isso?
– Ele ofendeu o senhor! Quis evitar que ele lhe causasse maiores problemas.
– Problemas foi o que você me arranjou agora!
– E o rei, dizendo isso, foi até a calçada e levantou o rapaz, trazendo-o de volta à mesa.
O astronauta, de tão bêbado, havia entrado naquela fase em que se fica meio adormecido pelo efeito do álcool. Caiu da cadeira em que o rei o havia colocado e estendeu-se no chão.
– Deixe esse cabra afoito! Esse camarada precisava levar umas tapas!
O rei, meio preocupado, perguntou:
– Será que as pancadas, os murros, fizeram mal a ele?
– Que nada... Não bati com força. Levou só umas tapinhas. Isso de ele estar no chão é porque bebeu demais. Mas por que o senhor disse que isso lhe traria problemas?
– É porque esse rapaz é filho do dono da fábrica onde trabalho.
– Desculpe, eu não sabia.
– É, mas não há de ser nada! Vamos embora. Hoje é o último dia de carnaval e amanhã vou ter que trocar essa roupa por um macacão sujo de graxa. Você trabalha em quê? – perguntou o negro alto e vestido de rei.
– Sou alfaiate.
– Foi você quem fez essa sua roupa?
– Foi.
– Para fazer minha fantasia, tive que economizar muito – disse o rei e, levantando-se, chamou o garçom que, impassível, assistira à conversa e à briga do cangaceiro com o astronauta. O rei pediu a conta. Dividiram as despesas. A princesa, debruçada sobre a outra mesa, parecia estar dormindo. Junto da sua cabeça estavam um lança-perfume e uma e uma garrafa de bebida vazia.
– Vamos embora! – disse o cangaceiro. – Mas, e esse cara aí, deitado? Quer ver se conseguimos levantar ele?
– Que se dane! O meu reino só dura três dias, e o do pai dele dura o ano inteiro.
– Que será que ele veio fazer aqui? Devia estar brincando num clube grã-fino.
– Acho que ele estava fazendo o corso com os amigos, deve ter entrado aqui para beber. Daqui a pouco os amigos devem achar ele.
– E se ele contar tudo ao pai?
– Sou despedido. Mas não quero pensar nisso agora.
Saíram para a rua. A porta-estandarte do Vassourinhas ia passando na avenida, marcando o compasso da marcha entre os confetes e as serpentinas que havia no asfalto. O rei e o cangaceiro caíram no passo. No bar, estavam a coroa, que o rei havia esquecido em cima da mesa, e o chapéu do cangaceiro, caído no assoalho entre pedaços de serpentina. A princesa pareceu despertar e levantou a cabeça do tampo de fórmica da mesa. Olhou para o astronauta estendido no chão. Depois, voltou a adormecer para sonhar com outros carnavais”.

domingo, 27 de junho de 2010

A Gení do Agreste...



Passei muito tempo sem entender, o que Chico Buarque queria dizer, na música: a Gení...Acontece que a donzela, e isso era pretexto dela, também tinha os seu caprichos..e a deitar com homem tão nobre, tão cheirando a brilho e a cobre, preferia amar os bichos...?
Um dia, Valéria Pimentel, a minha irmã, professora de português em Nova Cruz,me falou, e já faz algum tempo,anos,que na treze de maio,rua tradicional da cidade, tinha um cachorro que era amigado com uma mulher da rua do SAPO.A Rua do Sapo é a rua dos cabarés da cidade, a rua das paixões sem amanhã...é a rua, onde muitos Novacruzenses quebraram o cabresto, ou seja, perderam o frenus do prepúcio...
Pois bem,existia uma mulher nesta citada rua, que nas altas madrugadas , depois de todos os seu faturamentos para sobreviver,recebia em alto astral,o cachorro da treze de maio, que com ela transava o resto da noite...o Canino era muito bem alimentado, após a noite de amor, era agraciado pela jovem, com uma supimpa refeição... DIARIAMENTE LHE PROPORCIONAVA UMA ALIMENTAÇÃO RICA EM PROTÉINAS E AFRODISÍACA..AO CACHORRO ERA SERVIDO MUITO NESCAU,MUITA AVEIA,E FARINHA DE GERGELIM,INCLUSIVE...Diante de tantas grosserias e desumanidades,diante da incoerência dos homens, diante do ridículo da vida, esta pobre mulher também tinha os seus caprichos..a exemplo da GENÍ,preferiu amar um bicho.Diante do exposto,me lembrei do que dizia SHAKESPEARE:entre O céu e a terra Há
MAIS MISTÉRIOS, DO QUE SUPÕE A NOSSA VÃ FILOSOFIA...
Toda noite, á meia noite, o cachorro elegantemente descia a ladeira do club, e ao passar no bar de chico LôLô, os homens comentavam: o danado já vai trepar...regularmente.

INTERPRETAÇÕES SUPERIORES...


A Moça Do Sonho
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque / Edu Lobo
Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz
Sem jeito eu lhe pegava as mãos
Como quem desatasse um nó
Soprei seu rosto sem pensar
E o rosto se desfez em pó

Por encanto voltou
Cantando a meia voz
Súbito perguntei: quem és?
Mas oscilou a luz
Fugia devagar de mim
E quando a segurei, gemeu
O seu vestido se partiu
E o rosto já não era o seu

Há de haver algum lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite
Sonhasse comigo
Talvez

Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava
Jamais

O Último Blues
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque
Essa menina que você seduz
E um dia depois
Sem mais nem mais, esquece
Ela, no fundo, é uma atriz
Quando beija a sua boca
E nada acontece

Essa menina que você seduz
Agora é uma atriz
Saída de outra peça
Chamada "Doces Ardis..."
Quando beija a sua boca
Ela começa a fraquejar
Por onde anda a sua mão
Você só quer se aproveitar
E ela delira
Rodopiando no salão
Os dois parecem um casal
Mas é mentira

Essa menina pode ir pro Japão
Na vida real
Você é quem enlouquece
Apaga a última luz
E nos cantos do seu quarto
A figura dela fosforesce
Ao som do último blues
Na Rádio Cabeça
Se puder esqueça
A menina que você seduz


A Mulher de Cada Porto
Chico Buarque
Composição: Edu Lobo/Chico Buarque
ELE
Quem me dera ficar meu amor, de uma vez
Mas escuta o que dizem as ondas do mar
Se eu me deixo amarrar por um mês
Na amada de um porto
Noutro porto outra amada é capaz
De outro amor amarrar, ah
Minha vida, querida, não é nenhum mar de rosas
Chora não, vou voltar

ELA
Quem me dera amarrar meu amor quase um mês
Mas escuta o que dizem as pedras do cais
Se eu deixasse juntar de uma vez meus amores num porto
Transbordava a baía com todas as forças navais
Minha vida, querido, não é nenhum mar de rosas
Volta não, segue em paz

OS DOIS
Minha vida querido (querida) não é nenhum mar de rosas

ELE
Chora não

ELA
Segue em paz

FALANDO DE AMOR...


Existem duas dores de amor. A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão envolvidos que não conseguimos ver luz no fim do túnel.

A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel. Você deve achar que eu bebi. Se a luz está sendo vista, adeus dor, não seria assim? Mais ou menos. Há, como falei, duas dores. A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de se tornar desimportante para o ser amado. Mas quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por ninguém. Dói também.

Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir de uma época bonita que foi vivida, passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação com a qual a gente se apega. Faz parte de nós. Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente e que só com muito esforço é possível alforriar. É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do que a dor-de-cotovelo propriamente dita.


É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: eu amo, logo existo. Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente.


E só então a gente poderá amar, de novo!!

O DUNGA...

Uma coisa há que se dizer, em favor de Dunga. O sargentão fechou a seleção para a imprensa sem exceções. E a Globo, que sempre foi dona do time, de seus jogadores, da comissão técnica e de todas suas almas, está tendo de aprender a viver sem a promiscuidade de outras eras. Dá até dó da Fátima Bernardes com seu sorriso cheio de dentes passando frio do lado de fora da concentração. Em tempos recentes, estaria sentada no sofá da antessala da suíte do treinador, cercada de jogadores submissos com fones de ouvido, todos eles na escuta para participarem do programa da Xuxa, ou soletrar algo no programa do narigudo, ou fazer um sorteio no Faustão, ou passar ridículo assentido no Casseta & Planeta.

Assim, os sorrisos dos apresentadores globais têm sido mais amarelos que de costume. A emissora, que é incapaz de falar “seleção brasileira” e só chama Dunga & seus dunguetes de “nossa seleção”, porque no fundo é dela, mesmo, da Globo, sócia da CBF e tudo mais, está tendo de fazer um pouco de jornalismo, em vez de incluir o time em seu casting, como de hábito. O que é bom. Seus bons jornalistas, e não são poucos, estão amassando barro, como a gente diz. Em vez de ficarem encastelados ao lado de seus amiguinhos jogadores, têm de sair para a rua, criar pautas, descobrir coisas.

Alguns estranham nitidamente a nova função. Estavam habituados a fazer suas piadinhas sem graça para o riso generoso da turminha da bola, que em geral é bem tonta. Mostram-se pouco à vontade quando se misturam à massa ignara sem privilégios para criar algo que seja interessante o bastante para ir ao ar. Mas acabam se acostumando. E estamos livres, felizmente, de babaquices como jogador falando com o papagaio da Ana Maria Braga, e achando aquilo o máximo, e o papagaio se sentindo importante.

Anteontem Robinho escorregou e deu uma entrevista à Globo na folga. Levou uma dura. Os tempos na era Dunga são realmente outros.

HUMOR...














VERSOS...

Bráulio Tavares glosando o mote:

O peido que a nêga deu
Quase não cabe no cú.

O Chuí estremeceu
O Oiapoque sentiu
No instante em que se ouviu
O peido que a nêga deu.
São Paulo toda fedeu
Cagou-se Nova Iguaçu
Choveu merda no Xingu
Por causa desse estampido
Que por ser tão desmedido
Quase não cabe no cú.

Uma negona bunduda
Dessas em forma de pêra
Me puxou pra sua esteira
Me dizendo estar tesuda.
Mandei-lhe pomba rombuda
Naquele rabo zulu!
Roncou o seu mucumbu
E sabe o que aconteceu?
O peido que a nêga deu
Quase não cabe no cú.


* * *

Sinval de Carvalho glosando o mote:

O peido que a negra deu
Quase não cabe no cú!

Eu digo o que aconteceu
Num dia de sexta-feira:
Foi um tiro de ronqueira
O peido que a negra deu!
A cidade estremeceu,
Abalou-se Caruaru!
Mexendo um tacho de angu,
Puxou a perna pra um lado,
O peido foi tão danado,
Quase não cabe no cu!

* * *

Glauco Mattoso glosando o mote:

Menino, diga pro cego
Que vá tirando a camisa
Mande benzer logo o lombo
Porque vou dar-lhe uma pisa.

Adultos exemplo dão:
De mim tiram sarro quando
Pela rua venho andando!
Preparam meu tropeção;
Espalham lixo no chão;
Me fazem pisar no prego;
Dão risada se escorrego…
E aconselham ao guri:
“Diga-lhe quem manda aqui,
Menino, diga pro cego!”

O moleque entende a dica:
Meu caminho segue e estuda;
Da turminha busca ajuda;
Na próxima, à espreita fica…
Quando passo, um me dá bica
Na canela, outro me pisa
No pé! Nisso, alguém avisa:
“Ceguinho, você merece!
Antes que a surra comece,
Que vá tirando a camisa!”

A bengala foi chutada
Bem longe do meu alcance!
Vendo que não tenho chance,
Obedeço a molecada:
Ajoelho na calçada!
Empurrado, no chão tombo,
Me sujo em cocô de pombo!
Cada azarado na sua:
Quem for cego e anda na rua
Mande benzer logo o lombo!

Um pivete se diverte
Mais que os outros: tem voz clara,
Põe o pé na minha cara,
Tripudiando! É solerte:
A fim de que se acoberte,
Da mão do grupo precisa!
Descalço, meu rosto alisa
Com a sola, e manda: “Agora
Ponha essa língua pra fora,
Porque vou dar-lhe uma pisa!”


* * *

Francisco Melo glosando o mote:

A chuva traz mais riqueza
Quando cai no nosso chão.

Quando a terra está molhada
O cheiro é bem diferente:
Fica o roceiro contente,
Canta alegre a passarada.
O verde cerca a estrada
Que só passa um caminhão,
Nas casas deste Sertão
Quase tem fim a pobreza.
A chuva traz a riqueza
Quando cai no nosso chão.

Os bichos comem capim
Uma refeição perfeita,
O fazendeiro se deita
E fica pensando assim:
Agora a seca tem fim ,
Ouvi ronco do trovão,
Vou cavar, plantar o grão,
Que depois vem para a mesa.
A chuva traz a riqueza
Quando cai no nosso chão.

* * *

José de Souza glosando o mote:

O caralho de vocês
É diferente do meu.

De liso, grosso e pedrez,
Há caralho muito estranho
Que difere de tamanho:
O caralho de vocês.
Há o que tira a honradez
Que a natureza lhe deu,
E, por exemplo, esse seu,
Sem domínio, sem controle,
Vive toda a vida mole:
É diferente do meu.

* * *

Moniz Barreto glosando o mote:

A mulata quando fode
Parece querer voar.

Se é das de buço, ou bigode,
E cor bem agarapada,
Mais se torna endiabrada
A mulata, quando fode.
À ponta da lança acode
Com ardideza sem par;
E, depois de se espetar
Toda nela, em doce fúria,
Como águia de luxúria,
Parece querer voar.

Abrasa, agita, sacode
O vivente pelos ares,
De Vênus nos crespos mares,
A mulata, quando fode.
Por baixo, ou por cima rode
Na porra, nesse rodar,
Mal que na base do altar
Sente bater-lhe os colhões,
Fazendo deles balões,
Parece querer voar.

Só a mulata um pagode
Completo of’rece ao caralho
É princesa de serralho
A mulata, quando fode.
Branca, ou negra, não a pode
No rebolado igualar;
Quando, ardente, a se esporrar
A mulata principia,
Nas asas da putaria
Parece querer voar.

* * *

Laélio Ferreira glosando o mote:

A rafameia se arrancha
Faz carnaval nos parrachos

Nouveau riche vai de lancha,
piranha vai, convidada…
Muito brilho. Enfumaçada,
A rafameia se arrancha!
No cenário de cangancha,
proliferam os rapa-tachos,
as bibas arrumam machos,
farto corre o doze-anos
e a súcia de carcamanos
faz carnaval nos parrachos…!

Político vai, e se escancha
no ouvido dos marqueteiros:
nos sussuros inzoneiros
a rafameia se arrancha
– “Fulano, será, deslancha?”
– um, pergunta entre os borrachos.
– “Depende dos cambalachos!
– responde um assessor de imprensa…
A cambada não dispensa:
Faz carnaval nos parrachos

* * *

Salomão Rovedo glosando o mote:

Foi-se a ilusão desta vida
A minha pica morreu!

Era a coisa mais querida
Que pode um homem ter
Perdi o que dava prazer
Foi-se a ilusão desta vida.
Quem malhava a cona ardida
Todo o vigor já perdeu
O músculo emurcheceu
E de cabeça arriada
Não levanta pra mais nada
A minha pica morreu!

* * *

Um folheto de Antonio Carlos de Oliveira Barreto

CANTO LÍRICO DE UM SERTANEJO

Sou do seio das caatingas
lá das bandas do sertão
carrego na veia a essência
dos acordes do azulão
do açum preto o sustenido
da cigarra o alarido
da coruja a solidão.

Sou o Pajé lá da floresta
o Xamã buscando a cura
de toda ferida aberta
da mais profunda loucura
sonho eterno de menino
eu sou o badalar do sino
e o doce da rapadura.

Bode deserto no pasto
apartado do rebanho
Asa Branca em retirada
cobra que não tem tamanho
o tatu-bola escondido
um lobisomem sofrido
assanhaço sem assanho.

Sou caipira itinerante
águas velozes do rio
bem-te-vi anunciando
que andorinha está no cio
o verão queimando a mata
um cachorro vira-lata
todas as noites de frio.

Galo da crista vermelha
no seu despertar da aurora
berro do garrote magro
que o verão então devora
canário longe do ninho
voando sempre sozinho
desde as lonjuras de outrora.

Urubu buscando a presa
papagaio falador
gavião beijando as nuvens
inocente beija-flor
sou preguiça descansando
nessa estrada passeando
sem inveja do condor.

Galope incansável sou
do meu cavalo alazão
gozando da liberdade
indiferente à razão
que vai tangendo a boiada
numa longa caminhada
nos capinzais do sertão.

Todo sol de primavera
com seus raios de esperança
colorindo a nostalgia
esturricando a lembrança
incendiando o amanhã
das aves de ‘arribaçã’
e do meu sonhar-criança.

Eu sou o arrebol primeiro
com a corneta da alegria
convocando a passarada
a mais uma sinfonia
sou também o entardecer
todo o escarlate-morrer
vestido de poesia.

Sou o amor dos inocentes
o vento abrindo janela
soprando nos meus ouvidos
que vai chegar Cinderela
promessas de uma princesa:
la belle de jour surpresa
que ainda espero por ela.

Sou a sanfona do “Lua”
pondo estrelas a dançar
espada de Virgulino
querendo sangue inventar
Conselheiro na idéia
coisas do arco da “véia”
tentando me alucinar.

Sou a imensidão do açude
suas águas cristalinas
lágrimas desatinadas
escorrendo nas colinas
todo o frio das invernadas
a solidão das manadas
as serpentes assassinas.

Picula, bumba-meu-boi
dança de roda ao luar
saci-pererê no mato
sou vaga-lume a piscar
cobra cega vendo tudo
sou caipira e não me iludo
colorindo meu sonhar.

Sonhar de pombo-correio
levando cartas de amor
atravessando caatingas
no seu singelo labor
fugindo lá das montanhas
realizando façanhas
com destino a Salvador.

Umbuzeiro solitário
contando estrelas no céu
mandacaru sem espinhos
a coivara em fogaréu
um tição de fogo aceso
e este mundo todo preso
debaixo do meu chapéu.

Sou o abôio dos vaqueiros
pelos ventos da alegria
nessa estrada empoeirada
seja noite, ou luz do dia
eu sou o berro da manadas
as estrelas prateadas
a viola e a cantoria.

O cantar de um menestrel
a flauta de Pan chorando
a gaita com seu lamento
a primavera chegando
o canto do bacurau
o Sítio do Pica-Pau
em meus sonhos habitando.

Sou o mistério luminoso
do pequeno vaga-lume
brincadeira de cometas
das rosas todo o perfume
sou a solidão das rochas
o fogo aceso das tochas
das noites todo o negrume.

As vestes das nuvens brancas
traduzindo calmaria
derretendo-se no solo
e arejando a escadaria
da igreja de Santa Bárbara
e das ruas de Passárgada
para me dar moradia.

Cavaleiro, anjo de luz
nesse abrir-fechar porteira
explorando meu sertão
com bravura e brincadeira
mas logo se alguém se atreve
lanço fogo, água e neve
saco da espada guerreira.

Eu sou menino-ancião
porta aberta pro mistério
magia de Salomão
matuto falando sério
um compulsivo do estudo
querendo saber de tudo
mas às vezes sem critério.

Rodas do carro-de-boi
nas estradas do sem fim
com seu gemido sem cura
acenando adeus pra mim
apagando da memória
a doce infância de glória
desse louco querubim.

Eu sou uma casinha branca
cercada pela alegria
encoberta de esperança
que o futuro já anuncia
o chegar da primavera
e também da Nova Era
na mais perfeita harmonia.

Sou o breu que banha a noite
de suspense e de mistério
segredos da madrugada
silêncio do monastério
alarido dos pardais
a dança dos bambuzais
no tablado do etéreo.

Meu avô tirando leite
na vaquinha holandesa
canarinho na cancela
com seu canto de surpresa
minha avó fazendo renda
minha mãe com sua prenda
colorindo a farta mesa.

Minhas irmãs no varal
meus irmãos lá no roçado
abraçados à enxada
e também puxando arado
semeando seu sustento
desprovidos de lamento
tendo a sorte do seu lado.

Do jacarandá eu sou
fortaleza e solidão
sonho que desaparece
na iminência da extinção
ante o corte do machado
e a ganância do mercado
dessa industrialização.

Eu sou o acre do limão
laranja que nunca acaba
o gosto do tamarindo
o mel da jabuticaba
o maracujá açu
a castanha do caju
e o gostinho da goiaba.

Do jasmim sou todo aroma
do canavial o mel
da gaiola o passarinho
o esperar Papai Noel
o pavão e sua beleza
o verde da Natureza
o Maestro e seu pincel.

Mas o tempo em disparada
não me espera lá na esquina
quando do meu sonho acordo
minha vida então declina
e noutra realidade
solitário na cidade
vou cumprindo minha sina.

O trem que me conduziu
diluiu-se na estação
não há passagem de volta
pra retornar ao sertão.
Sem asas para voar
sem sonhos para sonhar
vou seguindo essa missão.

E na selva de cimento
já não sou anjo de luz
junto aos animais falantes
eu vou carregando a cruz.
Sou mais um na multidão
perdido na contramão:
o destino me conduz.

Mas não me entrego porque
sertanejo é mais que forte
é raio rasgando o céu
muito mais que o vento-norte
semente de luz plantada
todo desafio da estrada
de quem nunca teme a morte

sábado, 26 de junho de 2010

A Sexta...

A BANDA LOS MANOS...
VIOLANTE E AMANDIO
DR BERNARDO,MÉDICO, POETA, CANTOR,COMPOSITOR,ESCRITOR,MÚSICO,CIRURGIÃO GERAL, PROCTOLOGISTA, PROFESSOR,CLÍNICO, UM SENTIMENTAL.APENAS TOCO O QUE ESTÁ NA PARTITURA DA MINHA GENÉTICA,SAI SEMPRE UMA SINFONIA.





MINHA TIA E MADRINHA DE BATISMO; EULINA BEZERRA
EULINA, TEREZA E MARIA JOSÉ
O AR TENTA OCUPAR O LUGAR DO VINHO, O VINHO TENTA OCUPAR O LUGAR DA DOR, A DOR OCUPA A METADE DA VERDADE, A PRÓPRIA NATUREZA, O INTERIOR...

DALADIANA E IVAN






BRENO AUGUSTO E ADRIANA CASTRO.
VIOLANTE, DIANA, BERNARDO E DALADIANA.
AMANDIO OTÁVIO E VIOLQNTE.
DIANA E ADRIANA Castro.

1...11h...Edificio Gilmar filho, apartamento de Violante Pimentel, minha irmã, para assistir ao jogo,um vinho: Gato Negro.
2...á noite:GRAND PALACE:Natal tem um grande templo da música ao vivo...ambiente de qualidade...alinhado,boa comida, aconchegante,ótimo atendimento,Barato,Música ao vivo,dance com assoalho de madeira...O Natalense deve prestigiar o O GRAND PALACE, já estava precisando...no Edificio DJALMA MARINHO,primeiro andar, na esquina da rua mossoró com a prudente de morais.Ontem teve duas atrações:Ivanildo de Natal, seguido pela BANDA LOS MANOS...coisa muito boa.O GRAND PALACE ESTÁ A ALTURA DO VINICIUS,EM IPANEMA.Prestigiem o GRAND PALACE,é muito bom, ambiente selecionado e com ar condicionado.
3...hoje, visita ao camelódromo, o templo do povo, comprar DVD pirata, e outras cositas mais.o resto da tarde, praça da alimentação, MIDWAY MALL, no cafezinho...amanhã, PLANTÃO DE 12 HORAS, durante o dia.

4...Natal deve se orgulhar de ter a BANDA LOS MANOS, tocam bem e possuem um repertório de primeira categoria.muitos casais dançando, como antigamente.

Sábado...O Dia da Criação.

Dia Da Criação
Vinicius de Moraes
Composição: Vinicius de Moraes
I

Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na Cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

II

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado.
Há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado.
Há um homem rico que se mata
Porque hoje é sábado.
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado.
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado.
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado.
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado.
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado.
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado.
Há um grande espírito de porco
Porque hoje é sábado.
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado.
Há criancinhas que não comem
Porque hoje é sábado.
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado.
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado.
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado.
Há um tensão inusitada
Porque hoje é sábado.
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado.
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado.
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado.
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado.
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado.
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado.
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado.
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado.
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado.
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado.
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado.
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado.
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado.
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado.
Há a comemoração fantástica
Porque hoje é sábado.
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado.
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado.
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado.

III

Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens, ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade, o homem não era necessário
Nem tu, mulher, ser vegetal dona do abismo, que queres como as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas em queda invisível na terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda e missa de sétimo dia,
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado