quarta-feira, 30 de junho de 2010

AMOR...


Artur da Távola

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Sobre o amor

O amor é um sentimento destinado à felicidade, tanto quanto ao
sofrimento e também à doação. Se você ama (melhor seria dizer: se você
é capaz de amar), não espere só grandes recompensas, respostas
otimistas. Amar é apesar.


Amor é o sentimento que se instala a partir do primeiro tédio. Amor
não é o que nos atrai em alguém. Isso é atração, paixão, ou qualquer
coisa parecida.


Amor é o que nos mantém unidos.


Quando menos sentimentos exaltados, mais amor, união e durabilidade.


O amor é um sentimento embaraçado nas raízes fundas do sentimento.
Quem ama nem tem consciência dessas raízes. Teme-as. Prefere não
vê-las.


Porque vê-las será revelar-se. E revelar-se assusta.


O amor é também o sentimento misturado com rejeição, raiva, irritação,
convivência, desinteresse, tédio, o vazio a dois, o sumiço da paixão e
as emoções mais intensas.


Ele é tão grande, tão pleno, tão poderoso e incrível que resiste a
tudo isso, inclusive as impossibilidades, estranho veneno que o
alimenta. Mas isso é amor dodói. Amor saudável é apenas bom.


Você não deixa de amar apenas porque já não gosta igual ou não sente a
mesma atração. Talvez só agora você comece a ficar madura o suficiente
para poder começar a amar.


Pessoas que se atraem à perdição talvez ainda nem começaram a se amar.
Enquanto apenas se atraírem, não alcançarão o amor. Alcançar o amor
tem tanto de renúncia quanto de alegria, felicidade ou glória. Sim, a
felicidade pessoal é compatível com o amor. Infelicidade, jamais. Mas
amor é sério demais para almejar apenas felicidade. O amor visa a
eternidade. A felicidade é apenas um caminho para ela.


Assim como é preciso alguma crueldade para viver. Assim como há sempre
alguma agressão embrulhada em qualquer vitória, assim, também, a
alegria precisa de alguma inconseqüência. Sem esta, restará apenas a
lucidez, que é sempre repleta de ''trágicos deveres''. Libertando-nos
da plena consciência, a inconseqüência nos permite alguma alegria. Já
felicidade é outro assunto. Está no campo do amor.


Felicidade ganha de alegria assim como amor ganha de paixão. Mesmo
quando venha nesta embrulhado.


DrãO
Gilberto Gil
Composição: Gilberto Gil
Drão!
O amor da gente
É como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela estrada escura...

Drão!
Não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Estende-se infinito
Imenso monolito
Nossa arquitetura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Cama de tatame
Pela vida afora

Drão!
Os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão
Não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Se o amor é como um grão
Morre, nasce trigo
Vive, morre pão
drão!
drão!

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