quinta-feira, 30 de abril de 2015

O X DO PROBLEMA...



              Um homem perguntou a 

um sábio se ele deveria ficar com 

sua esposa ou com sua amante.
               O sábio levou duas flores 

em suas mãos, uma com uma rosa e 

a outra com umcacto e perguntou 

ao homem:-

                Se eu lhe der uma dessas 

flores qual delas você escolhe?


O homem sorriu e disse:- 

A rosa é lógico!

 És imprudente – respondeu o 

sábio.


              Às vezes os homens são movidos 

por beleza externa ou pelo 

mundano e escolhem o que lhes 

parece brilhar mais.

               A rosa é mais bela, mas 

morre logo.
              

               O cacto, por sua vez, 

independentemente do tempo ou 

clima permanece o mesmo, verde 

com espinhos, e um dia vai lhe dar 

a flor mais bonita que você já viu.
               Sua esposa conhece seus

defeitos, suas fraquezas, seus

erros. Com ela você grita seus

momentos ruins e ela está sempre

pronta a te ajudar.
               Sua amante quer seu

dinheiro, sua felicidade, seus

espaços, fantasias e seu sorriso, na

primeira dificuldade não hesitará

em te trocar por outro amante

jovem, feliz e com dinheiro Agora

diga-me homem, com quem você

quer ficar?
               DE VALOR A SUA MULHER SEM

IMPORTA COMO ELA É POR FORA,

POIS O QUE VALE MESMO E O QUE

DE BOM ELA É POR DENTRO...

quarta-feira, 29 de abril de 2015

LITERATURA DE CORDEL...






Mocinha de Passira:
Quem vem de raça de puta
não fala de rapariga
sua mãe é leviana
sua avó é quenga antiga
a sua filha ganha a feira
vendendo o pé da barriga
*
Amor é vinho servido
Em alva taça pequena
Quem bebe pouco quer mais
Quem bebe mais se envenena
Quem se envenena de amor
Morrendo Deus não condena.
*
A vida se inicia
Sob o ventre maternal
O filho se liga à mãe
No cordão umbilical
Nasce, cresce, vive e ama
Depois a morte lhe chama
Para a cama sepulcral.
André Serafim:
Diz a antiga escritura
Que Adão foi feito de barro,
Mas essa história eu não narro
Porque é mentira pura.
Tem camarada que jura
Por São Pedro e São Conrado,
Mas acho que teja errado,
Que Deus nunca foi “loiceiro”
Pra tá dentro dum barreiro
Fazendo cabra safado.
Pedro Rômulo Neto:
Este cacto verdejante
De muitos anos de idade
Serve de maternidade
Para qualquer avoante
Com este porte gigante
Acolhe bem sem tabu
Rolinha, xexéu e anu
Que vem pra fazer seu ninho
Recebe amor e carinho
Do pé de mandacaru.
Seus espinhos vigiando
Sempre alerta noite e dia
Ninguém tem a ousadia
De ficar atrapalhando
Só entra se for voando
tem segurança de açu
Nem mesmo a surucucu
Querendo se alimentar
Não consegue aproximar
Do pé de mandacaru.
Manoel Filó:
Cantador pra enfrentar Manoel Filó
É preciso comer besouro assado
Dar pancadas com o gume do machado
Num angico que tem um sanharó
Se enrolar com uma cobra de cipó
Dar um chute num cão com hidrofobia
Mastigar na cabeça de uma jia
Se subir num coqueiro catolé
Se montar em Inácio Jacaré
E viajar três semanas pra Bahia.
Lycurgo Paiva:
Um dia tive saudades
Daquelas matas viçosas
Das brisas tão soluçosas,
Dos ares de meu sertão.
Era de tarde – no sitio -
Tudo era grave e sentido,
Como da rola o gemido
Perdido na solidão.
Louro Branco:
O trovão estronda andando
Pelo firmamento infindo,
Céu de nuvens se cobrindo
Cascatas cantarolando,
O pirilampo voando
Em noites de escuridão,
Só parece um avião
Com a sinaleira acesa;
Tudo que há de beleza
Deus colocou no sertão.
Diniz Vitorino:
E as abelhas pequenas, sempre mansas
Com as asas peludas e ronceiras
Vão em busca das pétalas das roseiras
Que se deitam no colo das ervanças
Com ferrões aguçados como lanças
Pelo cálix das flores bebem essência
E fazem mel que os mestres da Ciência
Com os séculos de estudo não fabricam
Porque livros da Terra não publicam
Os segredos reais da Providência.
José Lucas de Barros:
A lua, barco risonho,
No seu posto ingênuo e belo,
Era o mimoso castelo
Da poesia e do sonho,
Mas o astronauta medonho
Lá chegou bastante cedo,
E, como no seu degredo
Esperava um trovador,
Ao ver um explorador
A lua tremeu de medo.
José Alves Sobrinho:
Eu canto sextilha, oitava e martelo
Mourão de seis pés, de cinco e de sete
Canto carretilha, tudo que compete
Ao homem que canta repente em duelo
Faço fortaleza , construo castelo
Sou mestre de ritmo , aprendi rimar
Conheço o segredo de metrificar
E meço o compasso das minha expressão
Ouvindo as pancadas do meu coração
Cantando galope na beira do mar.
Otacílio Batista:
Ao romper da madrugada,
um vento manso desliza,
mais tarde ao sopro da brisa,
sai voando a passarada.
Uma tocha avermelhada
aparece lentamente,
na janela do nascente,
saudando o romper da aurora,
no sertão que a gente mora
mora o coração da gente.
O cantador violeiro
longe da terra querida,
sente um vazio na vida,
tornando prisioneiro,
olha o pinho companheiro,
aí começa a tocar,
tem vontade de cantar,
mas lhe falta inspiração.
Que a saudade do sertão
faz o poeta chorar.

SÓCRATES...





As três peneiras ...


               Um homem, procurou um sábio e disse-lhe: - Preciso contar-lhe algo sobre alguém! Você não imagina o que me contaram a respeito de...
Nem chegou a terminar a frase, quando Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou: 
- Espere um pouco. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras?
          - Peneiras? Que peneiras?

              - Sim. A primeira é a da verdade. Você tem certeza de que o que vai me contar é absolutamente verdadeiro?
- Não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram!
- Então suas palavras já vazaram a primeira peneira. 



                  Vamos então para a segunda peneira: a da bondade. O que vai me contar é bom, e você gostaria que os outros também dissessem a seu respeito?
- Não! Absolutamente não!
               - Então suas palavras vazaram, também, a segunda peneira. 


               Vamos agora para a terceira peneira: a da necessidade. Você acha mesmo necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Resolve alguma coisa? Ajuda alguém? Melhora alguma coisa?
- Não...
Passando pelo crivo das três peneiras, compreendi que nada me resta do que iria contar.

               E o sábio, sorrindo, concluiu:
               - Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, quanto você e os outros iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz! Da próxima vez que ouvir algo, antes de ceder ao impulso de passá-lo adiante, submeta-o ao crivo das três peneiras porque: "Pessoas sábias falam sobre idéias; Pessoas comuns falam sobre coisas; Pessoas medíocres falam sobre pessoas".
(Sócrates
)

segunda-feira, 27 de abril de 2015

ÚLTIMA FORMA ...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL



               Chega um tempo, que a vida vem 

em ondas como o mar…
               chega um tempo,que tudo vem 

com mais
facilidade, inclusive a morte…
               chega um tempo,que você acha 

que a vida, pra você,


foi pouca ou foi demais…
              chega um tempo, que você passa 

a economizar
passadas,para não brigar com a 

tendinites…
               chega um tempo, que você fica 

macio, amaciado,e
pinta no olho uma expressão 

contemplativa…
               se o rosto é o mesmo, a 

fisionomia é diferente…há
outras expectativas,de 

frustrações e de
contentamento,o absoluto é 

zerado, tudo passa a ser
relativo…
               passa a ser relativo o amor, os 

desejos, as paixões e os sonhos…
o eu profundo adoece,e mata-se 

um pouco da nossa
coragem, a nossa alegria é sob 

medida, como um
terno ou um sapato…
livre e absoluto, somente os 

pensamentos, que são
sem freios,incontidos dentro da 

alma,plainam sobre o
mundo,amando ou detestando, ou 

desconhecendo
tudo…
               há dias de vento,dias de 

tempestade, dias de luto…
somente o pensamento é senhor 

de tudo…faz de um
monge,um pústula,faz da moça 

uma cigana,faz da
vida uma mudança impossível…
somente a vida interior nos 

equilibra,chega a nos
equilibrar levando pros 

desequilíbrios ….
               somos
essencialmente
mistérios…deslumbramentos…

estupefatos…
calma e tensão…
               é na vida interior, no silencio, no 

dentro do eu,que a
vida passa com um tape,tudo o 

que fomos , somos e
seremos…

               a felicidade consiste 

em 

compreender tudo
o que passa no video da nossa 

mente…
               por mais que
estranha sejam as cenas, os 

acontecimentos, as
lembranças e as constatações…
a certeza do homem é o seu 

silencio, onde ele
esconde a verdade…
               onde ele não 

consegue enganar
a si mesmo…
               onde ele sofre e 

padece,onde goza o
seu prazer e a sua alegria, que 

ele 

sobrevoa como um
pássaro…
               onde se esconderam as 

esperanças que nunca
chegaram?
               onde estão os grandes desejos, 

que não passaram de
auras?
              quando o coração vai se vestir de 

loucuras e sonhar
sonhos adormecidos?

UMA PELEJA DE PRIMEIRA...

QUEM FALA E FAZ O QUE QUER EM AFRONTA, OUVE E SENTE O QUE NÃO QUER EM ESTILO…
furiba e pinto
João Furiba e Pinto do Monteiro
Severino Lourenço da Silva (1896-1991), conhecido como Pinto do Monteiro, fez uma parceria com o repentista João Furiba que propocionou duelos memóraveis reproduzidos em várias antologias do repente. Existia entre João Furiba e Pinto do Monteiro uma discórdia saudável, que talvez fosse proposital a fim de que servisse como incentivo aos seus embates poéticos.
Certa vez, Pinto do Monteiro cantava com João Furiba, que o ironizou pela má sorte de não ter conseguido estabilidade financeira na terra onde nasceu, a cidade de Monteiro/PB. Furiba disse:
“Pinto nasceu em Monteiro,
Dos anos tem quase cem;
Nasceu pobre, está de esmola;
Nunca juntou um vintém,
Uma prova que Monteiro
Nunca deu nada a ninguém.”
Vejamos a resposta de Pinto, aproveitando a deixa:
“Eu conheço muito bem
A tua Taquaritinga:
Em cima fica uma serra,
Embaixo é uma caatinga;
Na parte alta não chove,
No pé da serra não pinga.”

domingo, 26 de abril de 2015

POETAS DO MUNDO...

* * *
– T. S. Eliot
S
Thomas Stearns Eliot nasceu no Missouri, nos Estados Unidos, em 26 de setembro de 1888. Faleceu em Londres, aos 76 anos, em 1965.
Diplomou-se em Letras Clássicas, em Harvard. Em 1909, seguiu para Paris estagiando na Sorbonne. Em 1915, surge seu primeiro poema importante: A Canção de Amor de John Alfred Prufrok.
Em 1927, adota a cidadania inglesa. E se auto proclama anglo-católico, na religião; classicista, na literatura; e royalista, na política.
Eliot tinha uma concepção metafísica do destino humano. Para Cassiano Ricardo, na edição da Hucitec, de 1980, o poema “Terra Devastada”, por exemplo, é o vazio da vida sem crença. Vazio que remete medo em outro poema, “Homens Ocos”.
Eliot foi poeta no âmago da poesia. E foi um gigante renovador na poética da palavra.
Encerremos a semana com trecho de “A rocha”:
“O mundo gira e o mundo se transmuda
Mas há uma coisa que jamais se transfigura.
Em todos os meus anos algo existe que não muda.
Todavia, a ocultais, esta coisa que perdura:
A eterna luta entre o Bem e o Mal.
Distraídos, descuidais vossas igrejas e sacrários;
Sois aqueles que nos tempos de agora escarneceis
Do que de bom tem sido feito, encontrais explicações
Que vos saciem a mente racional e iluminada.
Depois, descurais e menosprezais o deserto.
O deserto dos trópicos austrais não está decerto tão remoto,
O deserto não se oferta apenas ao dobrarmos a esquina,
O deserto se comprime ao vosso lado no metrô,
O deserto medra no coração de vosso irmão.
O bom é aquele que edifica, se é bom o que edifica.
Mostrar-vos-ei as coisas que se fazem agora,
E algumas que de há muito se fizeram,
A fim de que possais cobrar coragem.
Aperfeiçoai vossa vontade
Deixai que vos revele a obra dos humildes. Escutai.”

A FESTA DE PAULO VIANA...







    ONTEM participamos da festa do Patriarca Paulo Viana...
O amigo, contador, ex  administrador  da Câmara Municipal de Natal, por muitos anos,reúne os seu filhos no mês de abril, para comemorar coletivamente, os aniversários do mês...
               Ontem comemoramos os quarenta anos de Paulo Henrique viana , o seu caçula, que também é  meu genro:o esposo de Brena...
               Paulo também é meu filho, um bom filho, pelas amarras do coração...meu companheiro de viagens...
               Também se comemorou a aniversário do seu primogênito, LUIZ GEORGE, DA FILHA ZORAIA E DO GENRO HENRIQUE...
               Luiz George, LULA, ABRIU SUA MANSÃO EM CAPIM MACIO, O PALCO DA FESTA...
               Uma festa com Buffet farto,garçons, e música ao vivo, comandada pela presença forte e de bondade do chefe da família:PAULO VIANA...

               PAULO VIANA É UM DOS PAIS MAIS DEDICADOS QUE EU CONHECI  NA VIDA...MANTÉM AO SEU REDOR AS SUAS ROSAS, COMO SE FOSSE UM BUGARÍ...
               Paulo Viana é o biógrafo do meu tio, Dr. Luiz Antônio Ferreira dos Santos Lima, o homem que comprou o hospital da LIGA, com dinheiro do seu próprio bolso...







PAULO VIANA E A ESPOSA LENILDA COM OS ANIVERSARIANTES:
PAULO HENRIQUE
LUIZ GEORGE
ZORAIA
HENRIQUE









sábado, 25 de abril de 2015

POETAS DO MUNDO...

* * *
Figura da semana – Walt Whitman
walt-whitman
Whitman nasceu em Nova York, em 1819 de ascendência inglesa. Na juventude, leu Shakespeare e Homero. Foi redator e trabalhou em vários jornais. Gostava de conversar com cocheiros de carruagens e com barqueiros. Dividiu sua fé entre o igualitarismo democrático e a crença na revolta individual. Morreu em 1892.
Sua obra revela estilo profundo e simples, desprovido de rima, metro e retórica. Sua técnica apurava repetição, modismos coloquiais e verso livre. Sua importância como autor foi reconhecida nos anos 70 quando passou a ser editado e lido intensamente.
Eis um exemplo de sua poesia clara e limpa. Como a alma de poeta.
Transbordante de vida
Agora, transbordante de vida, sólido, visível,
No ano quarenta de minha existência, no ano oitenta e três dos Estados,
A alguém que viverá dentro de um século, ou em qualquer número de séculos,
A vós, que ainda não haveis nascido, dedico esses cantos, esforço-me por alcançar-vos.
Quando lerdes, eu que sou agora visível, hei de ter-me tornado invisível: então, sereis vós, denso e visível, quem lerá meus poemas, quem se esforçará por compreendê-los.
A imaginar quão felizes seríeis se me fora dado estar ao vosso lado e converter-me em vosso camarada.
Que seja, pois, como se eu estivesse. (Não duvideis demasiadamente que não esteja então ao vosso lado).

sexta-feira, 24 de abril de 2015

UMA HOMENAGEM A SEU ANDRÉ AVELINO PARA A HISTÓRIA DE NOVA CRUZ...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.


seu André com Iderval Junior, genro, e com a filha Silvana.

          Há poucos dias faleceu André Avelino...foi muitos anos o coletor estadual de Nova Cruz e morava vizinho a coletoria...
teve a graça de morrer lúcido com 104 anos...vida invejável...

          A Casa de seu André em Nova Cruz era um centro de convivência...era onde a U.D.N convivia pacificamente com o P.S.D, apesar dele ser Bacurau da gema...ser amigo até de Seu Nezinho, o pai de Aluísio Alves, que morava na avenida Deodoro, em Natal...
          Certa vez, saímos da Macaíba de manhã, ele já era o coletor de lá, para deixarmos uma camionete de coco verde, para o aniversário do patriarca dos alves...
          Seu André era casado com Dona Lourdes Trindade, filha do poeta Virgílio trindade, e era irmão de Marta, casada com o grande advogado Dr. Francisco Ivo, que residia vizinho a LOBRÀS, em uma casa antiga...
          Seu André nunca escondeu que possuía outra família...
          Tempos depois, Iderval Junior, meu Primo casou com Silvana, filha de seu André e irmã de Luiz Carlos...
          Quando criança, vivia na casa da coletoria ,brincando com Luiz Carlos, que tinha todos os brinquedos, até máquina de passar filme, que depois eu a comprei, a ele mesmo...Chamava-se Projetor Leonardo...passava uns quadros na parede...
          Seu André era um paisão...escravo dos pedidos do filho Luiz Carlos, que tinha tudo o que sonhava...
          Dona Lourdes Trindade, amissíssima de minha mãe era louca por Dedè...tinha muito ciúmes de Dedè, o idolatrava...era uma cantora de côro de igreja, quando jovem, e era uma Soprano...
          AS FESTAS da casa de SEU ANDRÉ eram cheias de músicas,violões e invariavelmente Dona  Lourdes era solicitada por Dedé ,para cantar uma AVE MARIA, no seu estilo clássico de cantora erudita, soprano...
          Foi na casa de Seu André que eu tomei conhecimento das duas AVE MARIAS: a de Gounod e a de Schubert...estas canções eram repetidas e solicitadas muitas vezes pelos convidados...
          POIS Seu ANDRÉ, que morava no interior atualmente, quatro dias antes de falecer, chamou Iderval Junior e pediu para escutar uma AVE MARIA...Junior, meu primo e seu genro, fez ele escutar a canção solicitada...ele na sua senilidade sorriu e disse: QUE COISA LINDA...ADMIROU-SE...POUCO DEPOIS SE INTERNOU E FALECEU...
          JUNIOR ME CONTOU ESTE EPISÓDIO NA BARRA DE CUNHAÚ, espontaneamente...eu escutei, fechei os olhos e disse a mim mesmo:há muito tempo ele convive com as AVE MARIAS.






A PROSA POÉTICA DE MARIO QUINTANA...



O LAÇO E O ABRAÇO (Mário Quintana)


Meu Deus! Como é engraçado!
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... uma fita dando
voltas. Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e
pronto: está dado o laço. É assim que é o abraço: coração com
coração, tudo isso cercado de braço. É assim que é o laço: um
abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o
faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando...
devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah! Então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita. Enrosca, segura um
pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as
duas bandas do laço. Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de
amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços. E saem
as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum
pedaço. Então o amor e a amizade são isso...

Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!

A PROSA POÉTICA DE MACHADO DE ASSIS...





MENINA E MOÇA (Machado de Assis)




Está naquela idade inquieta e duvidosa,
Que não é dia claro e é já o alvorecer;
Entreaberto botão, entrefechada rosa,
Um pouco de menina e um pouco de mulher.
Às vezes recatada, outras estouvadinha,
Casa no mesmo gesto a loucura e o pudor;
Tem coisas de criança e modos de mocinha,
Estuda o catecismo e lê versos de amor.
Outras vezes valsando, e* seio lhe palpita,
De cansaço talvez, talvez de comoção.
Quando a boca vermelha os lábios abre e agita,
Não sei se pede um beijo ou faz uma oração.
Outras vezes beijando a boneca enfeitada,
Olha furtivamente o primo que sorri;
E se corre parece, à brisa enamorada,
Abrir asas de um anjo e tranças de uma huri.
Quando a sala atravessa, é raro que não lance
Os olhos para o espelho; e raro que ao deitar
Não leia, um quarto de hora, as folhas de um romance
Em que a dama conjugue o eterno verbo amar.
Tem na alcova em que dorme, e descansa de dia,
A cama da boneca ao pé do toucador;
Quando sonha, repete, em santa companhia,
Os livros do colégio e o nome de um doutor.
Alegra-se em ouvindo os compassos da orquestra;
E quando entra num baile, é já dama do tom;
Compensa-lhe a modista os enfados da mestra;
Tem respeito a Geslin, mas adora a Dazon.
Dos cuidados da vida o mais tristonho e acerbo
Para ela é o estudo, excetuando talvez
A lição de sintaxe em que combina o verbo
To love, mas sorrindo ao professor de inglês.
Quantas vezes, porém, fitando o olhar no espaço,
Parece acompanhar uma etérea visão;
Quantas cruzando ao seio o delicado braço
Comprime as pulsações do inquieto coração!
Ah! se nesse momento alucinado, fores
Cair-lhes aos pés, confiar-lhe uma esperança vã,
Hás de vê-la zombar dos teus tristes amores,
Rir da tua aventura e contá-la à mamã.
É que esta criatura, adorável, divina,
Nem se pode explicar, nem se pode entender:
Procura-se a mulher e encontra-se a menina,
Quer-se ver a menina e encontra-se a mulher!