sexta-feira, 17 de abril de 2015

A POSSE DO DR. MARCELO NAVARRO RIBEIRO DANTAS



Publico na íntegra o discurso do 

Desembargador Federal Paulo Roberto de 

Oliveira Lima, durante a solenidade de 

posse do Dr. Marcelo Navarro Ribeiro 

Dantas, onde aquele faz alusão a um texto 

meu , sobre o empossado, escrito no meu 

BLOG, há algum tempo...



Egrégio Tribunal


Senhoras e senhores,


"A ARTE É LONGA, A VIDA É BREVE, A 

OCASIÃO É FUGAZ, E O JULGAMENTO É 

DIFÍCIL" Estas foram as primeiras 

palavras que Vossa Excelência, 

Presidente, citando Hipócatres, 

pronunciou nesta casa, justo no dia em 

que aqui chegou, traduzindo seu 

confessado assombro com a missão que 

o aguardava.


Hoje, passados mais de 11 anos, 

esbanjando segurança e contando com a 

absoluta confiança de todos os seus 

pares, na companhia dos colegas 

Fernando Braga e Roberto Machado, 

Vossa Excelência passa a presidir o 

Tribunal Regional Federal da 5a. Região.


Designado para fazer a saudação da nova 

mesa, empossada neste ato, e porque se 

trata de Diretoria onde a figura de proa é 

Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, assaltou-

me uma preocupação: Gosto de discursos 

e os tenho feito com alguma frequência. 

Penso que sou normalmente indicado 

para esta tarefa, muito menos pela 

qualidade de minhas falas, e muito mais 

pela conveniência de sua duração. Meus 

discursos costumam ser curtos. 

Raramente ultrapassam a barreira dos 10 

minutos, e quando se aventuram a isso, 

morrem nos minutos seguintes. Pois bem, 

amigos do Tribunal, distinta assembléia, 

eu vos trago uma má notícia. Por mais que 

tentasse, por mais forte que fosse minha 

convicção a respeito da conveniência dos 

discursos curtos, não consegui desta vez. 

mas não debitem o fato na minha conta, já 

tão deficitária. Debitem-no às qualidades 

dos homenageados, e em particular, às do 

Presidente que ora assume.


Falar sobre Marcelo Navarro, apresentá-lo, 

como se deve fazer nesta solenidade, 

saudando-o, não é difícil. Antes é fácil e 

prazeroso. Mas exige tempo.


Conheci Marcelo Navarro por volta do ano 

de 1989, ou 90, em João Pessoa, onde, em 

situação singular para a quinta região, a 

Magistratura e o Ministério Público 

Federal associaram-se para a realização 

de um evento comum, um seminário de 

Direito Público. Compareci muito mais 

com intenção de rever amigos, conhecer 

lugares e restaurantes do que para ouvir 

palestras. Aquela altura eu já aprendera 

que nada se aprende nestes seminários 

onde um apreciador crítico coleciona 

decepções. Raríssimas são as mensagens 

a merecer alguma atenção, e os doutos 

que se sucedem na tribuna nunca vão 

além de lugares comuns, não justificando 

os títulos que ostentam. E aí anunciaram 

que a próxima intervenção seria a de 

Marcelo Navarro, de quem eu nunca tinha 

ouvido qualquer notícia. E comentava-se, 

na Assembléia, as qualidades do orador: 

esse é bom, o cara é fera, sabe de tudo, e 

coisas assim. Eu, de meu lugar, abri 

preguiçosamente um olho e me preparei 

para mais uma palestra insossa. É quando 

entra no auditório um menino (Marcelo 

beirava, na oportunidade, os vinte e cinco 

anos), em formato de ovo, todo cor de 

rosa, ostentando suspensórios e gravata 

borboleta. Entre surpreso e divertido me 

preparei para o desastre. Mas, a despeito 

de minhas expectativas maldosas, fui 

gostando da palestra do gordinho. Não fui 

seduzido de todo. Ainda passariam anos 

até que eu me acostumasse com os 

suspensórios e a gravata borboleta que 

ele, aliás, assegura jamais haver usado. 

Esta talvez tenha sido a nossa primeira de 

inúmeras discussões. Os suspensórios, 

sim, ele confessa abertamente. Já a 

gravata borboleta, nega tão 

veementemente quanto qualquer tintura 

no cabelo, estranhamente no mesmo tom 

dos da Margarida Cantarelli. Vivamente 

aplaudido ao final da palestra, ficou-me a 

impressão de alguém extremamente culto, 

manejava o vernáculo com a naturalidade 

dos grandes mestres e exibia um 

raciocínio fino, aliado à argumentação 

própria e logicamente concatenada. 

Assim, quando anos depois veio a 

aposentadoria de Dr. Nereu Santos, 

deixando uma vaga no tribunal para o 

quinto constitucional do Ministério 

Público, em meio a bocados de camarão a 

francesa que comia com o então colega 

Luiz Alberto no restaurante Dão João, 

perguntei-lhe se não seria o caso de 

incentivar a candidatura de Marcelo. Luiz 

que como bom Potiguar, certamente já 

pensara no nome muito antes do que eu, e 

que deixara o assunto chegar à vaga do 

MPF, como se fosse por acaso, deixou-me 

pensar que a sugestão era minha e a 

acolheu de pronto.


Nunca uma escolha se mostrou tão 

acertada. Depois de uma campanha 

vitoriosa em que Marcelo nos conquistou 

a todos, ele chegou ao tribunal, com um 

discurso de simplicidade, onde dizia que a 

magistratura seria um desafio, posto que 

ele seria como um piloto que houvesse da 

aprender a voar, voando efetivamente. E aí 

voou com a naturalidade de um albatroz 

de larguíssimas asas e que trouxesse no 

sangue toda a herança das experiências 

de vôo da soma de seus antepassados. 

Em poucos meses, apesar da paixão que 

jamais escondeu pelo Ministério Público, 

livrou-se dos humores próprios do 

Parquet e ei-lo juiz integral, maciço, 

monolítico, como se juiz houvera nascido, 

como se nunca houvesse se dedicado a 

tantas e tão díspares atividades. Não era 

para menos, nosso presidente de hoje foi 

cuidadosamente talhado, forjado aos 

poucos, construído da melhor matéria 

prima e submetido a finíssimo 

acabamento pelo ambiente em que 

medrou.


Preocupado em não me exceder, na 

apresentação de Marcelo, dada a amizade 

estreita que agradavelmente mantemos, e 

buscando a imparcialidade que se exige 

nos julgamentos (embora para este eu 

antecipadamente anuncie minha total 

suspeição) me utilizo propositadamente 

das palavras de outros.


"Meu nome é Marcelo Navarro Ribeiro 

Dantas. Meu pai se chamava Múcio Vilar 

Ribeiro Dantas e minha mãe, Cleide 

Navarro Ribeiro Dantas. Nasci em 20 de 

janeiro de 1963, no Rio Grande do Norte, 

Minha infância foi muito feliz. Vivi minha 

infância inteira numa casa térrea, na rua 

Apodi, que fica pertinho do centro de uma 

Natal pequena, com cerca de 250 mil 

habitantes. Sou de uma família grande, 

somos sete irmãos - cinco mulheres e 

dois homens. Portanto, minha casa 

sempre estava cheia e sou do tempo em 

que se brincava na rua, jogava-se futebol 

em terrenos baldios, se faziam 

brincadeiras de tica, de pegador, de 

esconde esconde, 31 alerta e queimado. 

Eu brincava muito em minha rua e na rua 

Princesa Isabel, que fazia esquina com a 

primeira. Quando completei 11 anos, mais 

ou menos, a gente se mudou para a 

avenida Prudente de Moraes, onde 

permaneci até os 16 anos, quando, então 

passei a morar em apartamentos."


"Meu pai foi a maior influência que eu tive 

na vida. Ele era Advogado e membro do 

Ministério Público junto ao Tribunal de 

Contas do Rio Grande do Norte. Foi 

Procurador Geral do Ministério Público 

junto ao TCE por tanto tempo e sua 

atuação ali foi tão marcante, que é o seu o 

nome do prédio do tribunal. Papai era um 

jurista, Professor Titular de Direito 

Constitucional da UFRN. Foi o primeiro 

professor concursado da instituição e lá 

ensinou a vida inteira. "


"Minha mãe tinha o curso técnico em 

Contabilidade, possuía grande vocação 

para a Medicina, que não se realizou. 

Chegou a exercer, durante algum tempo, a 

contabilidade, mas sempre foi mãe em 

tempo integral, esposa e dona de casa. 

Mãe de muitos filhos, extremamente 

amorosa, não sobrou muito tempo para 

profissões. Tenho uma saudade muito 

grande de ambos".


"meu pai nunca me disse: Marcelo faça 

Direito. Mas sua influência foi decisiva. Me 

marcou muito , por exemplo, eu ter 

assistido uma solenidade de colação de 

grau de uma turma de Direito em que 

papai foi paraninfo e fez um discurso, os 

amigos de meu pai eram professores de 

Direito, advogados, juízes, freqüentavam a 

minha casa, que sempre teve uma 

biblioteca muito grande, considerada a 

maior biblioteca particular em Direito em 

Natal. E essa vivência me influenciou." 

(trechos de entrevista concedida a Nancy 

Moreira, Na obra: "Memória, Identidade e 

Justiça Social, 20 Anos do TRF5")


Campeão em concursos, Marcelo Navarro 

passou em todos a que se submeteu, 

conquistando invariavelmente o primeiro 

lugar, desde o vestibular, até o concurso 

para Procurador da República. Foi 

Promotor de Justiça, advogado, 

Procurador Geral da Assembléia 

Legislativa do Rio Grande do Norte, 

Procurador da República até que aportou 

a esta casa, onde também já foi tudo. 

Presidente de Turma, Diretor da Escola, 

Diretor da Revista, Vice Presidente do 

Tribunal, Coordenador dos Juizados 

Especiais, Presidente de Comissões de 

Concurso. Enfim, Marcelo Navarro 

encontra-se absolutamente preparado 

para presidir o Tribunal, tendo a confiança 

de todos os seus pares.


Na vida acadêmica é Professor de 

graduação e de pós-graduação, na 

Universidade Federal do Rio Grande do 

Norte, mestre e doutor em Direito pela 

Pontifícia Universidade Católica de São 

Paulo, tendo vários livros e artigos 

publicados, merecendo realce o 

"Apontamentos sobre o Mandado de 

Segurança", a "Reclamação 

Constitucional no Direito Brasileiro" e o 

"Mandado de Segurança - Legitimação 

Ativa".


Na personalidade de nosso presidente, o 

aspecto intelectual mais proeminente e 

que mais impressiona é a amplitude 

enciclopédica de seus conhecimentos. 

Multi-facetado, conhece e discute música 

popular e erudita, poesia culta e matuta, 

com destaque para fesceninos, cinema, 

história, política, religião, sendo 

especialista em papas da igreja católica 

romana. Literatura brasileira e estrangeira 

são seus fortes. Na cozinha, conhece e faz 

excelentes pratos embora não saiba ligar 

o fogão, degusta e domina o 

conhecimento sobre qualquer bebida que 

tenha álcool como seu componente, com 

destaque para os vinhos brancos e tintos, 

espumantes, cachaça, vodkas e Whisky. 

Nem gibis escapam de sua sanha pelo 

conhecimento total. Conhece todos os 

personagens pelo nome, sejam de 

Disney, 

de Maurício, de Hanna e Barbera, ou de 

qualquer outro autor menos famoso, 

conhece até os urubus da Maga 

Patológica, cujos nomes só aparecem em 

uma única história e num único 

quadrinho: Perácio e Apolônio. 



               Não é a toa que ele é conhecido 

no RN como Google. 

               A propósito, encontrei num Blog, 

atribuído a Padre Celestino, a seguinte 

afirmação, com a qual, aliás, concordo 

inteiramente: 

               " Quando Deus dá, dá 

muito... Uma destas dádivas de Deus é o 

Dr. Marcelo Navarro Ribeiro Dantas... Este 

nasceu diferenciado...foi meu aluno, no 

Pré-vestibular do Colégio Marista... já 

chamava atenção por ser eclético, no seu 

saber... um jovem ainda, mas com 

dimensões intelectuais profundas... teria 

sido aprovado até em Medicina, se 

quisesse ...Marcelo nasceu para o 

Direito... sacramentou a máxima: filho de 

gato é gatinho... Dr. Múcio Ribeiro tinha 

de 

presentear a posteridade, o estado, com 

um advogado do quilate de Marcelo. 

Atualmente vejo Marcelo pelo twitter... 

quando ele entra me preparo para receber 

uma aula de tudo... a sua presença 

enriquece o twitter. Eu acompanho a 

poesia que ele entorna no chão. Sou um 

homem que valoriza o talento...quando 

Marcelo twita fico catando o 

conhecimento e a poesia que ele 

transborda...ela ajuda a me tirar da 

angústia que suja os homens."


               De fato, é raro encontrar pessoa com 

tanto 

conhecimento a respeito de tudo, desde a 

informação mais importante e intrincada, 

até os pequenos detalhes de assuntos 

menores. Nada, absolutamente nada, 

escapa aos discos rígidos de Marcelo 

Navarro. 

               E ele se aborrece quando alguém põe em dúvida suas afirmações. De certa feita discutíamos sobre a obra "Sagarana", de Guimarães Rosa, quando Marcelo disse que o nome Sagarana, era composto do radical "Saga", de origem germânica, significando "canto heróico" e do sufixo "Rana", palavra indígena Tupi que significa "a moda de", daí Sagarana significaria, uma espécie de epopéia tupiniquim. Para provocá-lo pus em dúvida sua informação e disse ter lido em algum autor que sagarana era o nome de um cavalo que Guimarães Rosa possuia. Marcelo não pareceu agastado e discutiu menos do que eu esperava, embora tenha defendido com veemência o acerto de sua informação. Dias depois, quando eu já nem me lembrava do incidente, Marcelo me aparece risonho e carregado de livros daqui e d'além mar e começa a exibi-los um a um, todos confirmando sua versão. Para ele, mostrar a verdade das informações que divulga é questão de honra.
Não foi sem razão que o advogado Armando Roberto Holanda Leite, ao saudá-lo no dia de sua posse nesta casa, diante de sua multifacetada composição, fez questão de assinalar:
"Com fervor telúrico, registro que o Rio Grande do Norte, com refletida prodigalidade, cede, nesta cerimônia, o jurista, o Promotor de Justiça, o Procurador da República, o mestre e doutor em Direito, o professor universitário, o poliglota, o escritor, o Desembargador Federal Marcelo Navarro Ribeiro Dantas para todo o Nordeste.
Entretanto o poeta, o seresteiro, o amigo solidário, o declamador de versos, esse não, esse fica no Rio Grande do Norte, que o detém nas suas fronteiras físicas e humanas, como símbolo do que melhor possui.
Como toda pessoa boa e especial, Marcelo Navarro é homem de muito amores e raríssimos ódios. Estes, os ódios, aliás, fraquíssimos, tanto que costumo dizer, em tom de blague, que se eu fosse obrigado a escolher um inimigo, certamente o encolheria. Já seus amores são inúmeros e intensos. Amor pelo Rio Grande do Norte, terra com que se impregna e amalgama inteiramente, ao ponto da fusão, já não se podendo ver onde termina um e começa o outro; amor por seu Pai, por sua Mãe, dínamos propulsores e maiores exemplos, sendo indiferente que já tenham partido, a ausência não diminui, antes espicaça o sentimento; amor pelos irmãos e por sua numerosa família de quem é legítimo tradutor e intérprete; Amor pelo Direito, escravo e senhor de suas ocupações; amor pelo América de natal, este um amor delirante, ao ponto de Marcelo vê-lo, ao modesto América, como comparável ao glorioso Corinthians, levando-o a perder sucessivas e disparatadas apostas; Amor por seus amigos, que são muitos e sinceros; Amor pelo Tribunal que passa a presidir com tanto denodo e carinho; Amor pela Vida, dádiva maior de um Deus generoso, em quem o nosso presidente tanto espera e confia; Amores absolutos, enfim, por seus filhos Marcelo Rocha e Helena Dantas, e pela esposa Ariadna, estrela guia, responsável maior pela felicidade e pelo equilíbrio do novel Presidente.
Compõem a mesa, como vice Presidente, nosso Roberto Machado, benjamim na corte, mas juiz experimentado, o único juiz de carreira a compor o trio diretivo, com mais de um jubileu de prata na Justiça Federal, egresso dos tempos do saudoso Tribunal Federal de Recursos e dos concursos nacionais. Operoso, atento e sobretudo em perfeita harmonia com o Presidente. A mesma harmonia, aliás, que caracteriza a atuação do novel Corregedor, Fernando Braga Damasceno, também como o Presidente, egresso do Ministério Público Federal, mas também como ele, magistrado integral, condição que lhe caiu na personalidade como uma luva à mão, com corretíssima e ajustada atuação na Segunda Turma, onde testemunho, como também integrante da mesma Turma, sua cultura jurídica soberba e seu acendrado amor às coisas bem feitas. O Tribunal Regional Federal, a magistratura da 5a. Região e seus jurisdicionados podem ficar tranqüilos: são seguras e talentosas as mãos que passam a conduzir seus destinos pelos próximos dois anos.

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