segunda-feira, 20 de abril de 2015

CARLOS DRUMOND...

Carta
Há muito tempo, sim, que não te escrevo. Ficaram velhas todas as notícias.Eu mesmo envelheci. Olha em relevo, estes sinais em mim, não das caricias tão leves que fazias no meu rosto; são golpes, são espinhos, são lembranças da vida a teu menino, que ao sol posto, perde a sabedoria das crianças. A falta que fazes não é tanto a hora de dormir, quando dizias "Deus te Abençoe" e a noite abria em sonho. É quando, ao despertar, vejo ao um canto a noite acumulada de meus dias, e sinto que estou vivo, e que não sonho.
(Carmos Drumond de Andrade)

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