segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

CARPE DIEM= COLHER O DIA,COMO SE FOSSE UM FRUTO MADURO QUE NÃO SERVE PARA AMANHÃ...



DO GARIMPO DE OURO....



          AS BELAS FRASES DE CLARICE LISPECTOR





POR ARISTEU BEZERRA.


               “Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.”
“A poesia dos poetas que sofreram é doce e terna. E a dos outros, dos que de nada foram privados, é ardente, sofredora e rebelde.”
“Ignore, supere, esqueça. Mas jamais pense em desistir de você por causa de alguém.”
“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.”
“Não teho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito.”
“Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.”
“Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever.”
“Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.”
“O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?”
“Saudade é um dos sentimentos mais urgentes que existem.”
“Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.”
“Fique de vez em quando só, senão você será submergido. Até o amor excessivo dos outros pode submergir uma pessoa.”
“As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.”
“Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo de extremos.”
“A palavra é meu domínio sobre o mundo.”
“Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.”
“A felicidade aparece para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam em nossa vida.”
“Vocação é diferente de talento. Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir.”
“Queria saber: depois que se é feliz o que acontece? O que vem depois?”
“Passei a minha vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar. Ao tentar corrigir um erro, eu cometia outro. Sou uma culpada inocente.”
“A loucura é vizinha da mais cruel sensatez. Engulo a loucura porque ela me alucina calmamente.”

Clarice Lispector (1920-1977) foi uma premiada escritora e jornalista nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira – e declarava, quanto a sua brasilidade, ser pernambucana – autora de romances, contos e ensaios. Ela é considerada uma das escritoras brasileiras mais importante do século XX. Sua obra está repleta de cenas cotidianas simples e tramas psicológicos, demonstrando profundo conhecimento da alma humana.

PINTO DO MONTEIRO...

BROCHADA TERCEIRIZADA....

NAQUELA NOITE, VINÍCIUS "FALHOU”



www.estudopratico.com.br
(O que vem a seguir é trecho de artigo publicado no “Blog do Lando”, no dia 6 de dezembro de 2013. O autor, Bruno Negromonte, profundo conhecedor da MPB, fala da amizade – e “sacanagem” – entre dois expoentes de nossa cultura: Vinícius de Moraes e Antônio Maria. É hilário. Vale a pena conferir. O texto é Bruno.) (OS)

Vem dessa segunda estadia (de Antônio Maria) no Rio a sua aproximação ao então poeta, compositor e ainda diplomata Vinícius de Moraes. Dessa época, uma passagem interessante na biografia de Antônio Maria, quando ele precisou fazer uma viagem até São Paulo. Maria morria de medo de aviões passou a noite junto a Vinícius de Moraes que tentava tranquilizá-lo entre uma dose e outra. Todas as tentativas foram em vão. Vinícius o acompanhou até o aeroporto ainda na esperança de deixar o amigo mais tranquilo.

No entanto, Antônio Maria manteve-se apreensivo até o momento do embarque. Já dentro do avião, sentou-se ao lado de uma lindíssima loira que abriu a bolsa e retirou um dos livros do poetinha. Maria, que sabia a obra de cor e salteado, não perdeu a oportunidade e citou um dos poemas existentes no livro em voz alta chamando atenção da mulher que estava ao seu lado.

Ao perceber que a loira havia “caído em sua armadilha”, disse o nome do poema, a página onde ele se encontrava e apresentou-se como Vinícius de Moraes. A partir daí, o medo de avião esvaiu-se e a investida foi tão bem sucedida que “Vinícius de Moraes” conseguiu marcar um jantar com a loira. A noite rendeu boas conversas e um convite do falsário (prontamente aceito pela loira) de passarem a noite juntos. Na volta ao Rio, Vinícius de Moraes foi recepcionar o amigo e saber como tinha sido a viagem. Encontrou um Antônio bem diferente daquele que havia saído do Rio e o questionou:

- O que lhe fez ficar assim tão animado?

Antônio Maria: 

- Tenho uma notícia boa e outra ruim, qual você quer primeiro Vinícius?

Antônio Maria, o falsário
O poetinha responde que queria primeiro a notícia boa. Aí, então, Maria começou a contar:

- Conheci uma baita loira no voo e ela estava lendo um livro seu. Confesso que me apresentei como se fosse você e ela encantou-se por mim...

Vinícius por curiosidade nem deixou Antônio Maria terminar de contar a história e perguntou logo pela notícia ruim que foi respondida da seguinte forma:

- Meu amigo, após a aterrissagem, marcamos um jantar e entre uma taça e outra a convidei para irmos até o local onde eu estava hospedado... E não é que Vinícius de Moraes falhou...

HAVEMOS ESPERANÇA...


CHÁ DAS CINCO: THIAGO DE MELLO
FAZ ESCURO MAS EU CANTO
Faz escuro mas eu canto,
porque a manhã vai chegar.
Vem ver comigo, companheiro,
a cor do mundo mudar.
Vale a pena não dormir para esperar
a cor do mundo mudar.
Já é madrugada,
vem o sol, quero alegria,
que é para esquecer o que eu sofria.
Quem sofre fica acordado
defendendo o coração.
Vamos juntos, multidão,
trabalhar pela alegria,
amanhã é um novo dia.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

CORDEL...




Manoel Xudu
Admiro o pica-pau
Trepado num pé de angico,
Pulando de galho em galho
Taco, taco, tico, tico,
Nem sente dor de cabeça,
Nem quebra a ponta do bico.
*
Minha mãe que me deu papa
Me deu doce, me deu bolo
Mamãe que me deu consolo
Leite fervido e garapa
Minha mãe me deu um tapa
E depois se arrependeu
Beijou aonde bateu
acabou a inchação
Quem perde mãe tem razão
De chorar o que perdeu
*
Quando eu tava no hospital
Pensei que não escapava
Que até um pires de doce
Que a enfermeira me dava
Só era doce no pires
Na minha boca amargava.
*
O homem que bem pensar
Não tira a vida de um grilo
A mata fica calada
O bosque fica intranqüilo
A lua fica chorosa
Por não poder mais ouvi-lo
* * *
Zé Adalberto
Quando aquela saudade impaciente
Me coloca no leito do seu colo
Minhas pernas não sentem mais o solo
Minha alma flutua intensamente
Fecho os olhos, lhe vejo em minha frente
Se despindo pra mim e eu pra ela
Parecendo uma cena de novela
Mas, no fundo, acontece de verdade
Quando sinto os impulsos da saudade
Faço um verso de amor pensando nela.
*
A cascata não canta igual a gente
Mas chuvendo ela vira uirapuru
E um pedaço de pau de mulungu
De carona, viaja na enchente
A borracha da chuva lentamente
Sobre as páginas do chão vai se esfregando
E por capricho, onde passa é apagando
A história que a seca havia escrito
Quando eu ouço o trovão no infinito
Imagino ser Deus que está gritando.
*
Vim do ventre materno e me criei
Nesse Ventre Imortal da Poesia
Sou poeta e matuto, disso eu eu sei
Mas estar hoje, aqui, eu não sabia
Doutra terra, se eu fosse, amava enfim
Mas Jesus escolheu esta pra mim
E só o fato de eu ser de Itapetim
Já recebo homenagem todo dia!!!!!!
* * *
Dimas Batista
Nossa vida é como um rio,
no declive da descida:
as águas são as saudades
de uma esperança perdida,
e a vaidade a espuma
que fica à margem da vida.
* * *
Louro Branco
Admiro a Natureza
Mar vomitando salinas
Lajedos de corpos nus
Com as pedras cristalinas
E as serras, túmulos rochosos
Onde Deus sepulta as minas
*
Assaltei um sancristão
Lhe botei em mau caminho
Dei 3 tapas em meu padrinho
Sexta Feira da Paixão
Dei em mãe um empurrão
Cheg’ela caiu pra traz
E uma nega emprensei mais
Do que um queijo na prensa
Quem fez o que fiz não pensa
Porque se pensar não faz
* * *
Severino Ferreira  
Na hora que a morte vem
Tem a sua foice armada
Que não tem medo de nada
E nunca respeitou ninguém
Com a força que ela tem
Elimina a criatura
Bota um cordão na cintura
Caixão preto e vela acesa
A vida é uma incerteza
A morte é certeza pura.
*
O Nordeste entregou o meu espaço
Com o som da viola eu não me assombro
Que eu não tenho uma fita no meu ombro
Nem estrela na farda do meu braço
Mais pegando a viola eu também faço
De improviso a maior engenharia
Tenho taça na minha galeria
Sem anel, sem viola e sem patente
Deus me deu a viola de presente
Se eu deixar de cantar é covardia.

PABLO NERUDA...

Pablo Neruda

            Encerremos a semana com a poesia do chileno Pablo Neruda. Dono literário da Ilha Negra e condômino do prêmio Nobel. Sua obra tem o tom rubro do lirismo e a lira prata do coletivo. Sendo lírica e social, é amplamente ética. Como neste trecho do soneto LXXXVIII de Cem Sonetos de Amor:
“O mês de março volta com sua luz escondida
E deslizam peixes imensos pelo céu,
Vago vapor terrestre progride sigiloso,
Uma por uma caem ao silêncio das coisas.
Por sorte nesta crise de atmosfera errante
Reuniste as vidas do mar como as do fogo,
O movimento cinza da nave de inverno,
A forma que o amor imprimiu à guitarra”.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

LUGAR DE COBRA É NO CHÃO...NÃO TENHA PENA DE VER A COBRA VOLTAR A RASTEJAR...




Lugar de Cobra É No Chão
Chico Buarque
  
exibições
19.811
A sua risada nervosa contamina o ambiente
Deram asas à cobra e a cobra voou,
e continua voando, espalhando seu veneno,
Agora chegou o teu momento,
Bicho peçonhento, tu vais me pagar...

É proibido ficar com pena
de ver a cobra voltar a se arrastar
Lugar de cobra é no chão
O céu é dos passarinhos
Que cantam lindas canções
Que alegram os corações

É proibido ficar com pena
de ver a cobra voltar a se arrastar
Lugar de cobra é no chão
O céu é dos passarinhos
Que cantam lindas canções
Que alegram os corações

É, eu sempre quis lhe dar a mão e você se encheu de anéis...
E vive a pensar que o mundo esta a seus pés.
Mas esqueceu que o mundo tem virada,
Quem é tudo não é nada
Essa vida é um vai e vêm...
vai e vêm
Cuidado na descidada escada
que uma alma envenenada
pode envenenar também.

A sua risada nervosa contamina o ambiente
Deram asa a cobra e a cobra voô e continua voando espalhando seu veneno
Agora chegou o seu momento
Bicho peçoento tu vais me pagar

É proibido ficar com pena
de ver a cobra voltar a se arrastar
Lugar de cobra é no chão
O céu é dos passarinhos
Que cantam lindas canções
Que alegram os corações

É eu sempre quis li dar a mão e você se encheu de anéis
E vive a pensar que o mundo esta a seus pés
Mas esqueceu que o mundo tem virada
Quem é tudo não é nada
Essa vida é um vai e vêm
vai e vêm
Cuidado na descidada escada que uma alma envenenada pode envenenar também
Também...


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

UMA CRÔNICA DE VINICIUS DE MORAES...







Batizado na Penha

Vinicius de Moraes

Eu sou um sujeito que, modéstia à parte, sempre deu sorte aos outros (viva, minha avozinha diria: "Meu filho, enquanto você viver não faltará quem o elogie..."). Menina que me namorava casava logo. Amigo que estudava comigo, acabava primeiro da turma. Sem embargo, há duas coisas com relação às quais sinto que exerço um certo pé-frio: viagem de avião e esse negócio de ser padrinho. No primeiro caso o assunto pode ser considerado controverso, de vez que, num terrível desastre de avião que tive, saí perfeitamente ileso, e numa pane subseqüente, em companhia de Alex Viany, Luís Alípio de Barros e Alberto Cavalcanti, nosso Beechcraft, enguiçado em seus dois únicos motores, conseguiu no entanto pegar um campinho interditado em Canavieiras, na Bahia, onde pousou galhardamente, para gáudio de todos, exceto Cavalcanti, que dormia como um justo.

Mas no segundo caso é batata. Afilhado meu morre em boas condições, em período que varia de um mês a dois anos. Embora não seja supersticioso, o meu coeficiente de afilhados mortos é meio velhaco, o que me faz hoje em dia declinar delicadamente da honra, quando se apresenta caso. O que me faz pensar naquela vez em que fui batizar meu último afilhado na Igreja da Penha, há coisa de uns vinte anos.

Éramos umas cinco ou seis pessoas, todos parentes, e subimos em boa forma os trezentos e não sei mais quantos degraus da igrejinha, eu meio céptico com relação à minha nova investidura, mas no fundo tentando convencer de que a morte de meus dois afilhados anteriores fora mera obra do acaso. Conosco ia Leonor, uma pretinha de uns cinco anos, cria da casa de meus avós paternos.

Leonor era como um brinquedo para nós da família. Pintávamos com ela e a adorávamos, pois era danada de bonitinha, com as trancinhas espetadas e os dentinhos muito brancos no rosto feliz. Para mim Leonor exercia uma função que considero básica e pela qual lhe pagava quatrocentos réis, dos grandes, de cada vez: coçar-me as costas e os pés. Sim, para mim cosquinha nas costas e nos pés vem praticamente em terceiro lugar, logo depois dos prazeres da boa mesa; e se algum dia me virem atropelado na rua, sofrendo dores, que haja uma alma caridosa para me coçar os pés e eu morrerei contente.

Mas voltando à Penha: uma vez findo o batizado, saímos para o sol claro e nos dispusemos a efetuar a longa descida de volta. A Penha, como é sabido, tem uma extensa e suave rampa de degraus curtos que cobrem a maior parte do trajeto, ao fim da qual segue-se um lance abrupto. Vínhamos com cuidado ao lado do pai com a criança ao colo, o olho baixo para evitar alguma queda. Mas não Leonor! Leonor vinha brincando como um diabrete que era, pulando os degraus de dois em dois, a fazer travessuras contra as quais nós inutilmente a advertimos.

Foi dito e feito. Com a brincadeira de pular os degraus de dois em dois, Leonor ganhou momentum e quando se viu ela os estava pulando de três em três, de quatro em quatro e de cinco em cinco. E lá se foi a pretinha Penha abaixo, os braços em pânico, lutando para manter o equilíbrio e a gritar como uma possessa.

Nós nos deixamos estar, brancos. Ela ia morrer, não tinha dúvida. Se rolasse, ia ser um trambolhão só por ali abaixo até o lance abrupto, e pronto. Se conseguisse se manter, o mínimo que lhe poderia acontecer seria levantar vôo quando chegasse ao tal lance, considerada a. velocidade em que descia. E lá ia ela, seus gritos se distanciando mais e mais, os bracinhos se agitando no ar, em sua incontrolável carreira pela longa rampa luminosa.

Salvou-a um herói que quase no fim do primeiro lance pôs-se em sua frente, rolando um para cada lado. Não houve senão pequenas escoriações. Nós a sacudíamos muito, para tirá-la do trauma nervoso em que a deixara o tremendo susto passado. De pretinha, Leonor ficara cinzenta. Seus dentinhos batiam incrivelmente e seus olhos pareciam duas bolas brancas no negro do rosto. Quando conseguiu falar, a única coisa que sabia repetir era: "Virge Nossa Senhora! Virge Nossa Senhora!”

Foi o último milagre da Penha de que tive notícia.
Novembro de 1952

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

CAJÚ...

















Museudocaju Do Ceara

VERSOS COM CAJU.
Quem não gosta de caju
Não sabe o que é gostoso
Sou igual passarinho
Num cajueiro frondoso
Sem provar caju não fico
Toda hora melo o bico
Mesmo que seja travoso.
*
ADELMO VASCONCELOS
O caju é fruta boa
E tem muita vitamina
A castanha bem assada
É tradição nordestina
O doce é saboroso
O fruto delicioso
Parece coisa divina.
*
DALINHA CATUNDA
Suco só de copo cheio
A castanha não recuso
Com cana, bem fatiado
Pra tirar gosto eu uso
Quando vou pra Teresina
Me acabo na cajuína
Bebo muito e não abuso.
*
GREGÓRIO FILOMENO
Pouco vou ao Ceará
Por isso, do seu caju
Talvez não tenha chupado
Porém os do Pajeú
Chupei e achei bacana
Pra tira-gosto de cana
Não perde nem pra umbu.
*
DALINHA CATUNDA
Nunca fui ao Pajeú
Porém posso imaginar
O saboroso caju
Típico desse lugar
Se o cachaceiro de lá
For feito o do Ceará
Caju não vai enjeitar.
Fonte: Blog Cordel de Saia - Foto Dalinha Catunda 2015

SÉRGIO PÔRTO...UMA CRÕNICA.




O INFERNINHO E O GERVÁSIO
Por: STANILAW PONTE PRETA

Do livro “As Cem Melhores Crônicas Brasileiras”, organizado por Joaquim Ferreira dos Santos, Editora Objetiva (www.objetiva.com.br), conto aqui à minha maneira o que nos é relatado pelo excelente STANISLAW PONTE PRETA, do dia em que o Gervásio se viu em maus lençóis, que assim foi...
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               Quando muito um cineminha, e ela já se dava por contente.
Era uma mulher dessas ditas “amélias”, e o casamento dela com o Gervásio já ia para os 25 anos.
Sair com o marido, portanto, já se tornara coisa rara.
Por isso o espanto quando ele a convidou para um jantar de gala, alto padrão mesmo, e ainda em local que ela escolhesse!
Aí ele explicou que era porque faziam 25 anos de casados. Ela assentiu; colocou sua melhor roupa.
E pra coroar, ele tomou até um táxi.

O lado estranho da coisa começou então...

Se por timidez ou por não conhecer --- vá lá saber! --- ela não escolhia nenhum lugar em que pudessem jantar.
Decorrido bem algum tempo, ao passarem em frente a um inferninho, desses que nem o diabo entra pra não se sentir inferior, ela foi taxativa:
---Vamos jantar aqui!
O Gervásio tremelicou; disse que ali não era lugar digno dela, uma dama, e que...
---Sempre tive curiosidade de saber como funciona um negócio desses por dentro. E, além disso, você disse que eu poderia escolher...
O Gervásio coçou a cabeça.
Foi a partir de então que o inferno começou pra ele, e justo no “inferninho”...
Foi que, logo na entrada daquela boate reles, o Porteiro já lhe deu uma “boa noite”, com cara de intimidades...
Lá dentro foi o Maitre que perguntou:

---A mesa de sempre, doutor?

O Gervásio olhava então a esposa, com rabo de olho, para ver até que ponto ela estava injuriada, percebido alguma coisa...

Aí, já sentados, veio o garçom:

---O uísque de sempre, doutor?

Então ela intercedeu pela primeira vez:
---O Gervásio não vai beber; vamos jantar.
Eis que o garçom, como se para entortar o Gervásio de vez, disse:

---Então vai aquele franguinho desossado de sempre, né doutor?

Jantaram, ambos decerto que em silêncio.
Eis que logo após o jantar, veio o Pianista...

---O doutor não quer dançar com a dama aquele samba reboladinho, de sempre?

Se rebolando intimamente, ele próprio se sentindo um desossado, decidiu o Gervásio pedir a conta e sair de fininho.
Ao sair, de novo aquela “Boa noite” do Porteiro, seguido de um sorriso maroto!... E ainda lhe abriu a porta do táxi!
O Gervásio, aflito, torcia para que tudo acabasse logo. Mas ao entrar no táxi, o motorista quis saber:

---Pro motel da Barra, doutor?

Aí ela não aguentou mais...
---Seu moleque, vagabundo! Então é por isso que dizia que tinha que ficar fazendo horas extras? Responde, palhaço!
Então o motorista do táxi, com uma gentileza para lá de suspeita, parou e, encostando imediatamente o carro, se prontificou:

---Se o doutor quiser, eu mesmo dou umas bolachas nessa vagabunda, e aí ela cala a boca logo!...
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Sérgio Porto, (Rio de Janeiro - RJ - 1923 – 1.968), Jornalista, Escritor, Radialista (Comentarista Esportivo), em muitos de seus textos usou o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta.
Sempre fez muito sucesso em tudo que se propôs a fazer, especialmente como Cronista.



terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

RECEITA PARA MULHER...DE 40 ANOS PARA AS DE 30 ANOS....


1. Ame a si mesma e se aceite por completo

Estou convencida de que poderia ter evitado muitos erros se, quando era mais jovem, tivesse aceitado o bom e o ruim que existe em mim. Depois de você aprender a amar a si mesma, poderá também amar e aceitar as outras pessoas. Isto é muito importante para se relacionar de maneira saudável com os outros.

2. Enriqueça sua alma

Se você não sabe de que apoio sua alma precisa e nem do que você realmente gosta, experimente algo novo, vá a eventos aos quais nunca havia ido até que encontre algo que lhe dê a sensação de ser livre e que lhe preencha como pessoa.

3. Encontre apoio

Durante muito tempo tentei, sozinha ou com um pouco de ajuda dos amigos, me esquivar das dificuldades. Logo entendi que ter amigos e entes queridos que possam ajudar e apoiar ativamente em situações difíceis é muito importante.

4. Seja honesta

Antes, quando me deparava com alguma dificuldade em meu caminho, eu simplesmente colocava uma máscara com um sorriso e fazia de conta que nada aconteceu. Só algumas pessoas muito próximas sabiam o que estava acontecendo na realidade. Mas a verdade é que não há nada de ruim em demonstrar o que lhe acontece, todos passamos por situações difíceis na vida e isso faz parte de nossa existência. Além disso, as pessoas que sentem um carinho sincero por você se aproximarão mais ao saber que, assim como elas, você também tem problemas, alegrias e tristezas.

5. Viva para você

Dediquei grande parte da minha vida a cuidar dos outros, sem deixar tempo para mim. O resultado disso foi que consegui fazer minha vida mais complicada do que poderia ser na realidade. Lembre-se, você nunca conseguirá fazer felizes a todos que lhe rodeiam, por isso comece a fazer coisas que alegrem a você, e sua vida será muito melhor.

6. Não se sacrifique com tanta frequência

O sacrifício é necessário em qualquer relacionamento porque somos diferentes e temos necessidades diferentes. E é aceitável desde que ambas as partes o façam por igual. Se é sempre você quem sacrifica suas necessidades e desejos para satisfazer os outros, então é hora de repensar se esses relacionamentos valem a pena. Você realmente precisa ter algo assim em sua vida?

7. Viaje mais

Talvez seja isso o que mais lamento. Não viajei o suficiente quando era mais jovem e ainda não tinha filhos. Foi um erro. Você pode escolher em que gastar seu dinheiro: comprar lembranças ou coisas. Se eu tivesse entendido isto antes, teria deixado de gastar em coisas de que na verdade não precisava e teria investido dinheiro em visitar ao menos um novo país por ano. As viagens dão a sensação de liberdade, abrem a mente e permitem que você se dê conta do quanto diferente a vida pode ser em outro lugar do mundo.

8. Preocupe-se menos

Antes eu lutava constantemente com a preocupação e a angústia. As preocupações alimentavam a angústia e minha personalidade mudava até quase tornar-se irreconhecível. Mas logo você se dá conta de que o fato de se preocupar não irá mudar a situação de nenhuma maneira. E então começará a aceitar o que acontecer. Você entenderá que, no fim das contas, tudo acabará se encaixando e que deve-se fazer aquilo que está dentro do possível, do contrário é inútil se preocupar. Quando parei de me preocupar tanto, meu nível de estresse baixou imediatamente.

9. Pare de comparar

Às vezes penso que as redes sociais deveriam acabar agora mesmo. Uma coisa é você comparar sua vida com a vida do seu melhor amigo, mas outra muito diferente é compará-la com a de alguém da sua lista de 500 ’amigos’ do Facebook. Isso machuca. E você só irá superar isso quando entender que o fato de se comparar aos outros não mudará nada em sua vida, irá apenas diminuir sua autoestima. Haverá sempre alguém mais inteligente, mais bonito ou melhor que eu, e aceitei isso. No momento em que sinto que vou começar a me comparar, foco meu pensamento no quão agradecida sou pelo que tenho, e desta forma tiro algo bom daquilo que poderia ter chegado a me deprimir.

10. Esqueça das expectativas

Cresci com a ’síndrome da Disney«. Cresci pensando que um dia encontraria meu Príncipe Azul, me casaria e viveria feliz para sempre. Mas isto não é verdade, não tem nada a ver com a realidade. Depois de ter aguentado dois casamentos ruins, peguei minhas expectativas e as joguei no lixo. Feito isso, você pode começar a pensar em sua vida sem esperar nada das outras pessoas, e passará a viver aqui e agora.

11. Viva para trabalhar, não trabalhe para sobreviver


Se eu pudesse voltar a começar do zero, gostaria de tentar profissões diferentes para escolher a que melhor combina comigo. Depois de encontrar uma vocação que você possa seguir de verdade até o fim dos seus dias, irá entender que viver para trabalhar significa amar e respeitar sua escolha. Muitos ficam presos num trabalho de que não gostam apenas pelo salário, e isso está longe de ser algo saudável.

12. Economize

Pode parecer que não é necessário pensar muito para decidir algo assim, mas eu não o fiz quando era mais jovem. Agora, ao ver meus pais aproveitarem a aposentadoria, penso no que devo fazer para poder garantir financeiramente minha velhice. A vida muda constantemente e pode lhe fazer uma boa quantidade de surpresas, por isso economizar para as emergências é algo correto e inteligente.

13. Doe-se mais

Compreendi um pouco tarde que gosto de ajudar as pessoas. Seja como voluntária, fazendo obras de caridade ou simplesmente ajudar um amigo próximo que esteja numa situação difícil. Quando você faz algo para outra pessoa, se esquece um pouco dos seus próprios problemas. Ao fazer isto de todo coração e sem esperar nada em troca, verá que os problemas da sua vida começarão a se resolver pouco a pouco de maneiras inesperadas.

14. Perdoe-se e perdoe os outros

Durante grande parte da minha vida estive aborrecida por causa de situações pelas quais tive de passar e tinha 100% de certeza que a culpa era de outra pessoa. Quando entendi que a impossibilidade de me perdoar e perdoar os outros por erros do passado não me deixaria viver feliz, decidi mudar. Levou algum tempo para que eu tirasse este peso das costas, mas, depois, me senti realmente livre. Deixe que o passado vá embora e irá entender que a vida é bela.

15. Não gaste muito tempo com pessoas negativas

Às vezes é difícil deixar de se relacionar com pessoas negativas, principalmente se são colegas ou membros da sua família, mas sempre é possível escolher o tipo de amigos que você quer e com quem poderá passar a maior parte de tempo. Quando você souber claramente quais são os limites que protegem sua tranquilidade da energia das outras pessoas, vai sentir que, sem sua influência negativa, a vida será mais fácil e alegre.

16. Dizer não é muito importante

Sempre foi muito difícil para mim dizer ’não’; queria dizer sempre ’sim’ e fazer todo mundo feliz, mas isso é impossível. Cada vez que dizia ’não’, tentava me justificar ou explicar a situação. Depois de amadurecer um pouco, mais ficou mais claro que dizer ’não’ com consciência é muito importante e que não sou obrigada a justificar porque não quero tomar a responsabilidade por algo ou não posso fazer algo por alguém. Se você estiver certa de que quer dizer ’não’, então a outra pessoa poderá aceitar sua resposta com mais facilidade.

17. Pense bem antes de dizer ’sim, aceito’

Me divorciei e é difícil para mim aceitar isso, mas agora sei o que quero, o que desejo ver e o que mereço. É muito fácil afundar em emoções e sentimentos. Eu contava o tempo que estava com certa pessoa, queria mais do que tinha e por isso me casei esperando que tudo mudasse para melhor por si só. De fato, tudo mudou, mas ficou pior. Se você não sente que o relacionamento em que está no momento é para a vida toda ou se existem muitos ’mas’, então deveria reconsiderar se essa pessoa deve continuar sendo seu companheiro. É muito mais fácil acabar com uma relação antes que ela se transforme em algo mais sério.

18. Alegre-se com as coisas pequenas

Vivemos em um mundo no qual cada pessoa está conectada em seu computador ou smartphone, e ficou mais difícil se desconectar e simplesmente aproveitar a vida. Presencie um entardecer ou acorde cedo para ver o amanhecer, apaixone-se por uma noite estrelada, pare um momento para cheirar uma flor, observe o mar ou as montanhas para contemplar a natureza. Como disse um herói de um filme: «a vida passa muito rapidamente. Se você não parar para observá-la, pode até perdê-la».

19. Deixe de se preocupar com o que os outros pensam

Como eu gostaria de ter entendido isto antes. Eu estava sempre muito preocupada com o que os outros pensariam de mim, e com certa frequência fazia coisas que pensava que as pessoas esperavam que eu fizesse. Quando entendi que as conjecturas dos outros não têm nada a ver com minha vida, pude finalmente me motivar com aquilo que realmente desejava. Quando você se transforma em você mesma e não tenta agradar os outros, a vida fica mais fácil.

20. Mude

Quando eu era mais jovem, queria que tudo fosse previsível e estável. Achava que era mais fácil pensar que minha vida seria de uma forma ou de outra no decorrer dos anos. Quando eu precisei encarar grandes mudanças, não estava pronta. Agora sei que a única certeza na vida são as mudanças. Quando você entender que sua vida pode ter curvas inesperadas, será mais fácil estar preparada para tudo o que possa encontrar pelo longo, interessante e feliz caminho da vida.

GENTE...UMA CRÔNICA DE ELSIE LESSA...



GENTE
                       Elsie Lessa
De repente, escolhemos a vida de alguém. Era essa que a gente queria. Naquela casa grande e branca, na rua quieta, na cidade pequena. Sim, estamos trocando tudo. Era ela que a gente queria ser, aquela serenidade atrás dos olhos claros, aquela bondade que se estende aos bichos e às coisas, tão simplesmente. E aquela mansa alegria de viver, aquele risonho voto de confiança na vida, aquela promissória em branco contra o futuro, descontada cada dia, miudamente, a plantar flores, a brunir a casa, a aconchegar os bichos.
Era naquele porto que a gente gostaria de colher as velas, trocar a ansiedade, a inquietação, a angústia latente e sem remédio, o medo múltiplo e cósmico, todas as interrogações, por aquela paz. Acordar de manhã, depois de dormir de noite, achando que vale a pena, que paga, que compensa botar dois pés entusiasmados no chão. Abrir as bandeiras das venezianas para que o sol entre, com gesto de quem abre o coração. Qual é o hormônio, e destilado por que glândula, que dá a uma mulher o gosto de engomar, tão alvamente, a sua toalha bordada para a bandeja do café? Há uma batalha bem ganha, cotidianamente renovada, contra o pó e a traça e a ferrugem, que tudo consomem. Dentro dos muros da sua cidadela, as flores viçam, a poeira foge, nada vence o alvo imaculado das cortinas, os cães vadios acham lar e dono. E é esse um modo singelo mais difícil de ter fé. Cada bibelô tem uma história, diante de cada retrato há um vaso de flor, para cada bicho há um gesto de carinho.
"Mulher virtuosa, quem a achará? Porque o seu valor excede ao de muitos rubis” – cansei eu de ouvir, na escola dominical, e olho em torno a indagar quantos e que orientais rubis pagarão aquele miúdo, enternecido carinho, que pôs flores nos vasos e cera no chão e transparência nos vidros e ouro líquido no chá. Oh, a perdida paz fazendeira deste chá no meio da tarde, que as mulheres do meu tempo já não sabem o que seja, misturado a este morno cheiro de bolo e torradas que vem da cozinha! Somos uma geração que come de pé, que trocou os doces ritos que cercavam o nobre ato de alimentar-se, por uma apressada ingestão de calorias. Já não comemos, abastecemo-nos como um veículo, como um automóvel encostado à sua bomba. Trocamos as velhas salas de jantar por mesas de abas, que se improvisam, às pressas, de um consolo exíguo encostado a uma parede. E o que sabe de um lar uma criança que não foi chamada, na doçura da tarde, do fundo de um quintal, para interromper as correrias, lavar mal-e-mal as mãos e vir sentar-se à mesa posta para o lanche, com mansas senhoras gordas que vieram visitar a mamãe? É a hora dos quitutes, das ingênuas vaidades doceiras, da exibição das velhas receitas, copiadas em letra bonita de um caderno ornado de cromos.
Somos uma geração que perdeu o privilégio de não fazer nada, aquele doce não-fazer-nada que é a mansa hora do repouso, o embalo da rede na frescura de uma varanda, a quietude ensolarada de um pomar em que o sono da tarde nos pegou de repente, a hora de armar brinquedos para as crianças, das visitas que chegam sem se fazer anunciar, pois na certa estaremos em casa para uma conversa despreocupada e sem objetivo. Somos uma geração de mulheres que saem demais de casa, para trabalhar ou para se divertir, e perde metade da vida indo ou vindo para não se sabe onde, fazendo fila para comprar, tomar condução ou assistir a um cinema. Perdemos o abençoado tempo de perder tempo, de não fazer nada, a única hora em que a gente se sente viver. O mais é canseira e aflição de espírito.
E foi tudo isso que reencontrei, de repente, na casa grande e branca da rua quieta.



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

OS GRILOS SÃO ASTROS...

O CANTO DE VÓLIA


Vesti-me de poesia
E caminhei pelas ruas,
Pelas esquinas vazias,
Em meio à madrugada fria.

Buscava comprar alguns sonhos,
Histórias de amor e alegria,
Histórias de aventuras,
Que pudesse me enfeitar,
A vida que andava vazia.

Procurava a loja de sonhos,
Pois precisava apenas sonhar,
Queria sonhos de bem querer,
Para continuar a viver.

Um sabiá amigo me contou,
Em certa madrugada insone,
Haver uma loja de sonhos,
Em rua desconhecida.

Pedi-lhe o endereço,
Mapa, ou qualquer roteiro,
Queria ir à loja de sonhos,
Mesmo que andasse o dia inteiro.

Segredou-me o sabiá,
Que saísse na madrugada,
Seguisse a última estrela,
Que se apaga na alvorada.

E no fim do horizonte,
Em um bosque florido
E risonho,
Ali eu encontraria,
A minha loja de sonhos.

E vestida de poesia,
Lá fui eu a caminhar,
Seguindo a última estrela,
Que estava no céu a brilhar.

Encontrei uma casinha,
Feita de pétala de flor,
Lá habita um anjo,
É o anjo sonhador.

Ele é o guardião,
Da loja de todos os sonhos,
Sonhos guardados em vidros,
Com luzes de pirilampos.

Quando lhe falei que sonhos,
Eu tinha vindo comprar.
O anjo me disse não os vender,
Pois não temos a moeda com que pagar.

Disse-me o anjo
Que os sonhos são ofertados
Aos corações apaixonados,
Pois é com a chama do amor,
Que eles são alimentados.

Os sonhos são pirilampos,
Que iluminam a nossa alma,
Sonhar é iluminar a vida,
Colorindo-a  com as tintas do amor.

E como meu coração andava cansado,
Um tanto desajeitado,
Carregando machucados,
De tanto e tanto amar...

O anjo deu-me uma caixa,
Que continha milhões de sonhos,
E com eles, hoje, eu componho,
Os poemas sobre o amar.

(26/03/2015)


Vólia Loureiro do Amaral Lima é paraibana,
 engenheira civil, poetisa, romancista e artista plástica.. 
Autora das obras Aos Que Ainda Sonham (Poesia) 
e Onde As Paralelas Se Encontram (Romance).