sábado, 20 de fevereiro de 2016

VATES DO POVO...

Francisco Massaranduba de Lacerda, o Ligeirinho, glosando o mote:

Não tem na face da terra
quem faça igual o que fiz.

Cair do terceiro andar,
no fosso de um elevador,
além da queda e a dor,
cadê ninguém me tirar,
fiquei morrendo sem ar,
chega acendia o nariz,
é certo o que o povo diz,
aqui só paga quem erra.
Não tem na face da terra
quem faça igual o que fiz.
Com quinze anos de idade,
só escrevia o meu nome,
cansei de dormir com fome,
e nem conhecia a cidade,
mas por força de vontade,
até o cientifico eu fiz,
inda quero ser Juiz,
pra mandar prender quem erra.
Não tem na face da terra
quem faça igual o que fiz.
Já amansei burro brado,
montei em touro valente,
curei cavalo doente,
trabalhei que só o diabo,
já plantei pé de quiabo,
trabalhei em chafariz,
já fui um homem feliz,
morando no pé da serra
Não tem na face da terra
quem faça igual o que fiz.
Já viajei pra Brasília,
com cinco filhos na cola,
mantive todos na escola,
quatro filhos e uma filha,
depois vendi a mobília,
e fui para Imperatriz,
pra trabalhar de garis,
melhor que fosse na guerra.
Não tem na face da terra
quem faça igual o que fiz.
Pra sustentar a “famia”,
já trabalhei no roçado,
tirei leite e tangi gado,
no pingo do meio dia,
já vendi cerveja fria,
com nambu e codorniz,
já arrebentei o nariz,
de bebo quando ele erra.
Não tem na face da terra
quem faça igual o que fiz.
Já vendi cachorro quente,
na calçada do mercado,
vendi milho cozinhado,
já trabalhei de servente
já abri coco no dente,
já pintei prédio em Paris,
já vendi chá de raiz,
de pau tirado da serra,
Não tem na face da terra
quem faça igual o que fiz.

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