sexta-feira, 10 de março de 2017

DATA VENIA, UMA INVEJA INUSITADA...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.



          Sou um homem da  primeira pessoa do singular...
          Eu canto, eu vejo, eu tomo partido, eu sinto, eu penso, eu faço...
          Fiz exaustivamente durante 40 anos de trabalho...semanas de plantões ininterruptos, 12 aulas de cursinho ao dia, os filhos todos filhos de um acadêmico de medicina...trabalhava tanto que , quando punha os pés no chão ao me levantar dizia:
          Sangue de Cristo, dai-me força para carregar a minha cruz...era esta a minha mística, o meu lema, o que me dava força...
          Quando dava aula no pré vestibular do colégio Marista tinha apenas duas calças: a de Lycra bege e uma Jeans...os alunos comentavam...
          Certa vez, um professor de medicina me chamou  e disse:Bernardo,você não pode frequentar um  curso de medicina com uma alpercata velha e cortada , transformada em chinelo...foi o Dr José Américo...ele tinha razão...
          Mas atravessando trancos e barrancos venci...criei os meus filhos...três doutores da maior categoria...portanto, eu sei com quantos paus eu fiz uma jangada...
          Sempre vivi a vida dos homens...
          Nunca fui um inquilino do Olimpo...
          Hoje, nas vésperas dos 62 anos, incrementei a minha vida, criei,inventei nova vida, novos prazeres, alimentando de satisfação o Eu profundo...
          Hoje escrevo, leio, faço meditação, faço YÔGA, faço musculação,tenho personal trainer, estudo piano por música,estudo acordeon por música, e quando posso trabalho...
          POR coincidência, atendo dois homens milionários, que trabalham  até no sábado, até meia noite, por que teêm sede de faturar....de ganhar dinheiro...sem sombra de dúvidas,nunca pensei que a infelicidade chegasse perto de tanto dinheiro...ambos enfartarão  brevemente...não tenho a menor dúvida...
          Não quero ser como um touro espanhol, que trabalha até a hora de morrer...
          e TERMINO, repetindo um velho  Procurador, quando certa vez, numa reunião de trabalho em um hotel da via costeira, lhe induziram que deveria trabalhar mais...
          A resposta do homem insigne foi de repugnância e altamente didática...
          Não vou viver para trabalhar...
          Não tenho a sina do jumento, que só serve para trabalhar e ser explorado...
          Do jumento, eu só tenho inveja  é de uma coisa:
          DO TAMANHO DA POMBA...

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