sábado, 6 de janeiro de 2018

A POESIA DE HILDA HILST


Toma-me ao menos
Na tua vigília.
Nos entressonhos.
Que eu faça parte
Das dores empoçadas
De um estendido de outono
Do estar ali e largar-se
Da tua vida.
Toma-me
Porque me agrada
Meu ser cativo do teu sono.
Corporifica
Boca e malícia.
Tatos.
Mas importa mais
O que a ausência traz
E a boca não explica.
Toma-me anônima
Se quiseres. Eu outra
Ou fictícia. Até rapaz.
É sempre a mim que tomas.
Tanto faz.
Hilda Hilst In Cantares de perda e predileção.

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