quarta-feira, 30 de novembro de 2011
NUNCA MAIS...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL...
UM PASSEIO PELO BRASIL POR CHICO BUARQUE DE HOLANDA...
Bye, Bye, Brasil
Chico Buarque
Oi, coração
Não dá pra falar muito não
Espera passar o avião
Assim que o inverno passar
Eu acho que vou te buscar
Aqui tá fazendo calor
Deu pane no ventilador
Já tem fliperama em Macau
Tomei a costeira em Belém do Pará
Puseram uma usina no mar
Talvez fique ruim pra pescar
Meu amor
No Tocantins
O chefe dos parintintins
Vidrou na minha calça Lee
Eu vi uns patins pra você
Eu vi um Brasil na tevê
Capaz de cair um toró
Estou me sentindo tão só
Oh, tenha dó de mim
Pintou uma chance legal
Um lance lá na capital
Nem tem que ter ginasial
Meu amor
No Tabariz
O som é que nem os Bee Gees
Dancei com uma dona infeliz
Que tem um tufão nos quadris
Tem um japonês trás de mim
Eu vou dar um pulo em Manaus
Aqui tá quarenta e dois graus
O sol nunca mais vai se pôr
Eu tenho saudades da nossa canção
Saudades de roça e sertão
Bom mesmo é ter um caminhão
Meu amor
Baby, bye bye
Abraços na mãe e no pai
Eu acho que vou desligar
As fichas já vão terminar
Eu vou me mandar de trenó
Pra Rua do Sol, Maceió
Peguei uma doença em Ilhéus
Mas já tô quase bom
Em março vou pro Ceará
Com a benção do meu orixá
Eu acho bauxita por lá
Meu amor
Bye bye, Brasil
A última ficha caiu
Eu penso em vocês night and day
Explica que tá tudo okay
Eu só ando dentro da lei
Eu quero voltar, podes crer
Eu vi um Brasil na tevê
Peguei uma doença em Belém
Agora já tá tudo bem
Mas a ligação tá no fim
Tem um japonês trás de mim
Aquela aquarela mudou
Na estrada peguei uma cor
Capaz de cair um toró
Estou me sentindo um jiló
Eu tenho tesão é no mar
Assim que o inverno passar
Bateu uma saudade de ti
Tô a fim de encarar um siri
Com a benção de Nosso Senhor
O sol nunca mais vai se pôr
DELÍRIO...OLAVO BILAC
Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
- Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!
Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.
Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
- Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.
No seu ventre pousei a minha boca,
- Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci…
[ Olavo Bilac ]
SOBRE A LADROEIRA DA COPA...
Sandro Vaia
Quando você começa a se acostumar com a idéia de que, apesar das evidências de que mentiu, o ministro Carlos Lupi continuará no cargo até a reforma ministerial, eis que surge na avenida um novo samba enredo.
Enquanto o ministro que ama a presidenta está garantido por mais alguns meses, o outro, Mario Negromonte, das Cidades, que já andava na berlinda há alguns meses, é acusado agora de facilitar uma fraude que aumenta em 700 milhões os gastos previstos para um projeto de mobilidade urbana a ser realizado em Cuiabá (MT), para a Copa do Mundo de 2014.
O truque foi relativamente simples: havia no ministério um processo para a construção de uma linha rápida de ônibus em Cuiabá, ao custo de 500 milhões de reais.
O governo de Mato Grosso alterou o projeto para a construção de um VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) que custaria 1,2 bi, 700 milhões a mais do que o projeto original.
Um parecer de 16 páginas produzido pela assessoria técnica do próprio ministério foi contra a construção do VLT não só por causa do custo, mas também por causa dos prazos e da falta de estudos comparativos entre as duas modalidades de transporte.
Com autorização do chefe de gabinete do ministro das Cidades, Cassio Peixoto, e com o aval do próprio ministro, o parecer contrário da área técnica foi substituído por um parecer favorável, que foi inserido no processo com o mesmo número de páginas do parecer original e com o mesmo número de nota técnica: 123/2011.
O novo parecer teria sido feito pela diretora de Mobilidade Urbana do ministério, Luiza Gomide Vianna.
Enquanto o PPS pedia ao TCU para que investigasse o caso, o Ministério das Cidades divulgava uma nota dizendo que a mudança de parecer teve “caráter técnico” e é “um procedimento normal”.
Diz ainda a nota do Ministério:
“Seguindo o rito processual da administração pública, os técnicos envolvidos no trabalho discutiram, analisaram e reavaliaram a pertinência ou não do novo modelo de transporte proposto pelo Governo do Estado, tendo manifestado opinião divergente ao parecer final, opinião essa que foi revisada e refutada tecnicamente no momento da conclusão da análise”.
O líder do governo, Cândido Vacarezza, teve a mesma reação que costuma ter sempre que aparece uma denúncia ou suspeita sobre a administração pública: é preciso ver se existe o documento, não podemos permitir linchamentos, e as platitudes já consagradas do gênero.
Segundo a tabela da FIFA, Cuiabá vai sediar quatro jogos pela série B da Copa do Mundo de 2014, e é bem possivel que conseguisse melhorar bastante a sua mobilidade urbana com ônibus de 500 milhões sem precisar de trens de 1,2 bilhões.
Uma coisa é certa: há mais mistérios entre a Copa do Mundo e as obras públicas do que sonha nossa vã filosofia.
OS BICHOS EM CORDEL...
* * *
Um folheto de José Pacheco
A FESTA DOS CACHORROS
Caro leitor se não lestes
mas alguém já vos contou
que nos remotos passados
até barata falou
porém isto foi no tempo
quando o Trancoso reinou.
Eu ainda estou lembrando
que meus bisavós contavam
muitas histórias passadas
de quando os bichos falavam
como bem fosse a da festa
quando os cachorros casavam.
Nesse tempo os animais
era tudo interesseiro
só se casavam com bichas
que os pais tinham dinheiro
tanto que devido a isto
um gato morreu solteiro.
Contudo sempre viviam
em regimes sociais
respeitando aos governos
ao atos policiais
crendo no catolicismo
conforme a lei de seus pais.
Não eram lá tão chegados
à nossa religião
mas não desvalorizavam
nem faziam mangação
dizem até que macaco
deu provas de bom cristão.
Tamanduá era padre
como todos sabem disto
naquele tempo também
pelos antigos foi visto
uma lavadeira velha
lavando a roupa de Cristo
Muitos viviam da arte
outra parte do roçado
na vida comercial
quem era rico e letrado
aqueles mais pobrezinho
viviam do alugado.
Como bem a lagartixa
o calango e o teju
que são pelados de tudo
da mesma forma o tatu
que tem somente o casco
e aquilo que faz pufu.
Com este verso eu aviso
a quem atenção me presta
que vou tratar dos cachorros
e da grandiosa festa
talvez que nunca se visse
outra melhor do que esta.
Havia um cachorro velho
chefe da localidade
os outros lhe veneravam
com respeitabilidade
tanto porque era o chefe
como pela sua idade.
Tinha relações com todos
era muito acreditado
não tinha muito dinheiro
como grande potentado
mas também não era desses
que come um pão apertado.
Tinha uma filha bonita
trabalhava em seu socorro
dessas que se diz assim:
por aquela eu mato e morro
capaz de embelezar
o coração dum cachorro.
Certo dia um primo dela
vindo duma batucada
passando pelo terreiro
ela estava acocorada
catando pulga e matando
no batente da calçada.
Bom dia querida prima
o cachorro assim falou
ela respondeu: bom dia
e disse, como passou
então, como vai meu tio?
o mesmo lhe perguntou.
Palestraram bastante
cada qual bem satisfeito
foi um namoro pesado
porém com muito respeito
mas para se apartarem
não tinha quase jeito.
Trocaram dúzias de beijos
ambos ali abraçados
choravam um pelo outro
e todos dois agarrados
devido a grande amizade
quase que ficam pegados.
Chegou em casa escreveu:
prima do meu coração
eu não posso deslembrar-me
da tua linda feição
portanto venho pedir-te
tua delicada mão.
Recomendação a todos
um abraço em minha tia
sem mais assunto desculpe
a ruim caligrafia
deste teu primo cachorro
edcetera e companhia.
Depois fez no envelope
um ramalhete de flor
ele mesmo foi levar
pra dar mais prova de amor
e mesmo é muito custoso
cachorro ter portador.
Chegou ela estava só
prosaram mais de uma hora
depois apertou-lhe a mão
deu-lhe a carta e foi embora
ela ficou tão contente
quando leu que quase chora.
Quando o velho viu a carta
disse logo que não dava
mas ela bateu nos peitos
lhe dizendo que casava
o velho jurou de dar-lhe
e que amaldiçoava.
A velha também foi contra
os parentes não queriam
os irmãos quando souberam
todos numa voz diziam
que esse tal casamento
o pai nem eles faziam
Disseram: ele é parente
mas anda de cachaçada
é um liso e não trabalha
portanto não vale nada
e por fim até juraram
de botar-lhe uma emboscada.
A cachorra à noite disse:
a ele você não comem
eu acho conveniente
que nova reforma tomem
porque eu só não me caso
se cachorro não for homem.
Ou fazem o meu casamento
ou então de madrugada
eu vou arribar com ele
e fico sendo amigada
embora nossa família
fique desmoralizada.
O velho considerando
da desmoralização
disse pra ela: eu te caso
mas sustento opinião
de nem cruzar teus batentes
nem te botar mais bênção.
Depois ele disse aos filhos:
de noite depois da ceia
vamos fazer isto logo
se não ela se aperreia
e vai nos fazer vergonha
na força da lua cheia.
Não havia inimizade
todos os bichos se davam
quando casava uma bicha
com muito gosto ajudavam
ainda que fosse rica
de gastar não precisavam.
Vamos tratar dos presentes
que a noiva recebeu
sapato, roupa e capela
a dona preguiça deu
aranha mandou-lhe um véu
que ela mesma teceu.
Guariba deu-lhe um buquê
da barba do guaribão
o gato deu aliança
o timbu, deu a loção
o preá deu um bilro
o rato deu-lhe um botão.
O noivo também comprou
agulha, linha e dedal
uma panela e dois pratos
uma colher de metal
balaio de guardar ovo
vasilha de botar sal.
Abano, esteira e pilão
um ralo e um samburá
marmita, gamela e cuia
vassoura, estopa e puçar
fez a conta e depois disse:
pra quem é pobre já dá.
No dia do casamento
estava tudo arrumado
faltava somente a carne
para tratar do guisado
com pouco cada cachorro
chegava mais carregado.
Um trazia um pinto morto
não sei onde foi achá-lo
outra trazia também
uma ossada dum galo
teve um que trouxe até
o mocotó dum cavalo.
Vinha um com tanto troço
que no caminho quase cansa
umas queixadas d’um burro
os encontros d’uma gansa
pedaços de couro velho
pontas de boi da matança.
Uma parenta do velho
era até boa parteira
pegava cachorro novo
ali naquela ribeira
por ser curiosa e limpa
foi servir de cozinheira.
Chegou e disse: meu povo
eu vim porque fui chamada
porém estou com rabuge
e muito encatarrada
o dono da casa disse:
ora comadre, isto é nada.
Temos ai muita carne
arroz, macarrão, farinha
guise lombo e faça bife
torre porco, encha galinha
eu quero é que todos digam
que na festa tudo tinha.
Está certo meu compadre
disse um cachorro cotó
disse a noiva, sendo assim
eu hoje encho o bozó
disse o noivo: eu como tanto
que o rabo chega dá nó.
O velho disse: comadre
você é a governante
tome conta da cozinha
ai tem um ajudante
de tarde chega mais três
penso que quatro é bastante.
Pode trabalhar com gosto
vá pedindo o que faltar
não tema que seu trabalho
quando a festa terminar
o seu compadre cachorro
tem com que recompensar.
Qual lá meu compadre velho
respondeu a cozinheira
lá para o fim do pagode
você dá qualquer besteira
e com relação a preço
entre nós não tem ladeira.
Eu quero é que meu compadre
mande um comprar tempero
eu vou preparando a carne
diga que volte ligeiro
porque se não tratar logo
pode até criar mau cheiro.
Então o velho entregou
o dinheiro e um saquinho
dizendo: traga dois cocos
e um quilo de cominho
vamos ver que desmantelo
assucedeu no caminho.
O cachorro ia fazer
como seu chefe mandou
botou o dinheiro dentro
do saco e depois dobrou
botou debaixo do rabo
saiu e disse: eu já vou.
Mas lá no meio do caminho
viu uma casa caída
com uma parede em pé
porém bastante pendida
ele ali foi urinar
quase que perdia a vida.
Ele encostando-se nela
mais ou menos abalou
e lá vai por cima dele
porém o cabra pulou
faltando o palmo dum grilo
para se dizer: matou.
É este o motivo justo
que quando vão urinar
ainda sendo uma moita
só mija quando escorar
gato escaldado tem medo
de água fria o pelar.
Afinal sempre seguiu
até que chegou na feira
fez as compras pra voltar
numa pisada ligeira
mas aconteceu-lhe outra
pior do que a primeira.
Quando ele foi passou
num rio bastante cheio
como ia sem carrego
atravessou pelo meio
quando veio tinha mais água
quase que vai no paleio.
Chegou na margem do rio
esbarrou na ribanceira
vinha os dois cocos no saco
ele amarrou na traseira
e apertou o tempero
debaixo da macaxeira.
Então dentro do embrulho
vinha um anel que comprou
era de um seu amigo
que a ele encomendou
teve medo de perder
no tal pacote botou.
Mas quando bateu nas águas
desmantelou-se o papel
desceu com o tempero e tudo
quando saiu de revel
olhou debaixo da cauda
tinha somente o anel.
Todo seu acontecido
chegou em casa contou
mas ninguém acreditava
o chefe lhe maltratou
dizendo, que o dinheiro
ele bebeu e jogou.
Onde trazia o tempero
cabra safado mesquinho?
assim perguntou-lhe o chefe
ele mostrou o cantinho
um cheirou e disse: é certo
que tem cheiro de cominho.
É por isto que cachorro
tem uma certa ciência
de cheirar onde o tempero
deixou uma grande essência
qualquer que duvidar nisto
faça sua experiência.
Ele ficou tão vexado
que pensou que perdeu tudo
o chefe lhe perguntou
ele respondeu trombudo:
até eu quase me afogo
quanto mais troço miúdo.
Mas dum lado tinha um
desses gomos miudinhos
e disse a ele: rapaz
tu só perdesse o cuminho
olhou por detrás e disse:
olha os cocos no saquinho.
Finalmente sempre a festa
da casa grande a barraca
corria cachimbo e vinho
licor, gasosa e truaca
gritava o cachorro velho:
bota pra diante a fuzarca.
Veio muitas qualidades
entre bicho bom e mau
paca tocava pandeiro
tatu corneta de pau
urso tocava num buzo
macaco num berimbau.
Mestre galo era o marcante
da quadrilha no salão
timbu era despachante
na boca do garrafão
o gato fiscalizava
as panelas no fogão.
Estava a festa animada
a carne ali abortou
porém por causa dum osso
grande briga se travou
deram uma tapa no gato
que o cabelo avuou.
Ali o dono da casa
riminou-se contra os tais
meteu a ripa pra cima
dando em todos animais
correram deixando a sala
só com ele e ninguém mais.
Meus leitores essa historia
que vosso poeta fez
o meu bisavó contava
meu avô disse uma vez
o meu pai contou a mim
eu hoje conto a vocês.
SOBRE BANDIDOS...
Augusto Nunes
Em outubro de 2005, ao festejar o 50° aniversário no sítio em Goiás, o fora-da-lei Delúbio Soares presenteou-se com uma previsão debochada: “No futuro, o mensalão vai virar piada de salão”. Por enquanto, a profecia não se confirmou: o escândalo que escancarou a alma sombria do governo Lula desembocou no processo que será julgado no próximo semestre pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. E pode dar cadeia, começa enfim a desconfiar “nosso Delúbio”, como costumava referir-se Lula ao companheiro ladrão.
Neste sábado, numa reunião com 40 sindicalistas em Brasília, o ex-tesoureiro do PT preferiu qualificar de “boato” o colossal balaio de maracutaias que, passados seis anos, já deveria ter virado anedota. Delúbio, em sua essência, não mudou: o cinismo repulsivo, o vocabulário cafajeste, a compulsão para a mentira e outros traços abjetos seguem confirmando que certos defeitos de fabricação não têm conserto. Mas o sumiço do sorriso desdenhoso e a multiplicação de vincos no rosto indicam que o gerente da roubalheira imensa já não se acha condenado à perpétua impunidade.
“Esse julgamento será o maior espetáculo midiático do Brasil”, previu Delúbio no fim de semana. Desta vez, o delinquente enquadrado por formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro acertou. Por mais de dois meses, uma cadeia gigantesca composta por emissoras de rádio e TV, jornais, revistas, sites e blogs vai transmitir ao vivo uma espécie de Big Brother Brasil da Bandidagem, primeiro reality show inspirado na corrupção engravatada. Os advogados dos mensaleiros tornarão a recitar que o mensalão não existiu. Serão confrontados com as incontáveis provas dos muitos crimes cometidos pela quadrilha.
O destino dos participantes será decidido pelos ministros. Mas os juízes votarão vigiados por milhões de testemunhas que saberão o que fez e o que merece cada personagem. Só se viu algo parecido em julho e agosto de 2005, quando as sessões da CPI do Mensalão alcançaram índices de audiência de novela da Globo. O país foi apresentado à face horrível da Era Lula, a popularidade do presidente desceu a temperaturas siberianas e o governo só escapou do naufrágio porque a oposição oficial decidiu socorrer a federação dos corruptos.
Como ocorreu há seis anos, o BBB da Bandidagem também vai começar sem roteiro definido. É impossível adivinhar o desfecho. Delúbio e o resto dos mensaleiros têm motivos para perder o sono. Ficarão muito mais inquietos se os brasileiros decentes abrirem os olhos imediatamente e enxergarem com nitidez o calendário político até agora subvertido pelo Planalto. Com a cumplicidade dos jornalistas federais, os réus e seus padrinhos fazem de conta que 2012 será o ano das eleições municipais. Mais uma vigarice: o que vem aí é o ano do julgamento do mensalão.
As urnas poderão melhorar ou piorar a vida de uma cidade. Só isso. As togas dirão se a lei vale para todos, se ainda há juízes no Supremo e se o Brasil tem jeito ou perdeu de vez a vergonha.
SOBRE A NOBREZA DO JORNALISTA LUIZ BERTO, EDITOR DO JORNAL DA BESTA FUBANA...J.B.F RECIFE.
Hoje, dia 29 de novembro, está se completando exatamente um mês que foi divulgada a notícia informando que o ex-presidente Lula tinha um câncer na laringe e que faria quimioterapia.
Assim que tomei conhecimento, na manhã de 29 de outubro, decidi, de comum acordo com Aline, que não iríamos tocar neste assunto no JBF, ao contrário do que aconteceu com o câncer da Presidente Dilma, divulgado em plena campanha eleitoral. Embora Lula seja uma figura pública, cuja saúde é tema de interesse jornalístico, resolvemos que não opinaríamos sobre o drama particular da família Silva. Tomamos a decisão após uma rápida reflexão e concluimos que a ampla cobertura da imprensa dispensaria que esta gazeta se ocupasse do assunto.
Tiramos do ar os primeiros comentários falando da doença de Lula. Alguns absolutamente incivilizados e agressivos. Não são poucas as pessoas que confundem o espírito libertário e galhofeiro do JBF com grosseria e falta de educação.
Três colunistas enviaram crônicas tratando do tema e expliquei pra todos que não seriam publicadas. Um deles não se conformou e se declarou “censurado”. Mas conseguimos administrar a situação sem maiores traumas. Tudo indica que aceitaram as explicações da Editoria.
Nem as célebres fotos de cabeça raspada, quando se iniciou o tratamento, foram reproduzidas aqui, embora tenham inundado todos os jornais, televisões, revistas e blogues deste país e do exterior.
Tão cedo quanto tomei esta decisão, uma figura que internamente chamamos de Imbecil Completo, postou um comentário falando qualquer coisa sobre “como a doença de Lula seria um prato cheio pras cabeças deformadas que editam e escrevem pro JBF”. É normal e rotineiro que os escritos de IC sejam carregados de bílis, de ódio e de uma mágoa incurável por constatar a existência de pessoas em paz com o mundo e que curtem conviver em comuidade. Passados alguns dias, não teve a coragem de voltar atrás e dizer “é mesmo, não publicaram nada… me desculpem o que eu disse..”. Pro tipo de pessoa que é, jamais tomaria esta decisão.
Após um tempo razoável e tendo o assunto saído das manchetes, achei que deveria prestar estes esclarecimentos aos nossos leitores.
Das outras doenças do ex-presidente Lula, as de cunho psicológico como megalomania, acoitamento de corruptos, inveja de FHC, alianças com a direita, embolsamento de cachês de empreiteiras e mitomania, continuarei me ocupando. Embora sendo quem é, não deixa de ser um ex-presidente da república cujos atos e palavras são sempre do interesse de quem acompanha a atualidade brasileira.
Já quanto ao seu câncer, torço sinceramente pra que fique curado o mais rápido possível e que sua saúde seja plenamente restabelecida. Até porque preciso dele inteiro pra continuar baixando-lhe o cacete!
E o JBF, como sempre, continua totalmente à disposição dos lulistas pra fazer a sua canonização, defesa e exaltação. Podem elogiar o ex-presidente à vontade que publicarei tudo.
Este espaço, todavia, será definitivamente fechado pra entrada dos imbecis completos, cujas presenças não mais serão toleradas.
terça-feira, 29 de novembro de 2011
VELUDO...
VELUDO...
História de um cão
Luiz Guimarães
Eu tive um cão. Chamava-se Veludo.
Magro, asqueroso, revoltante, imundo,
para dizer numa palavra tudo,
foi o mais feio cão que houve no mundo.
Recebi-o das mãos dum camarada.
Na hora da partida, o cão gemendo,
não me queria acompanhar por nada.
Enfim - mau grado seu - o vim trazendo.
O meu amigo cabisbaixo, mudo,
olhava-o... O sol nas ondas se abismava...
"Adeus!" - me disse, e ao afagar Veludo
nos olhos seus o pranto borbulhava.
"Trata-o bem. Verás como rasteiro
te indicará os mais sutis perigos.
Adeus! E que este amigo verdadeiro
te console no mundo ermo de amigos."
Veludo, a custo, habituou-se à vida
que o destino de novo lhe escolhera;
sua rugosa pálpebra sentida
chorava o antigo dono que perdera.
Nas longas noites de luar brilhante,
febril, convulso, trêmulo, agitando
a sua cauda, caminhava errante,
à luz da lua - tristemente uivando.
Toussenel, Figuier e a lista imensa
dos modernos zoológicos doutores,
dizem que o cão é um animal que pensa.
Talvez tenham razão estes senhores.
Lembro-me ainda. Trouxe-me o correio,
cinco meses depois, do meu amigo,
um envelope fartamente cheio.
Era uma carta. Carta! Era um artigo,
contendo a narração miuda e exata
da travessia. Dava-me importantes
notícias do Brasil e de La Plata,
falava em rios, árvores gigantes,
gabava o steamer que o levou; dizia
que ia tentar inúmeras empresas.
Contava-me também que a bordo havia
mulheres joviais - todas francesas.
Assombrara-se muito da ligeira
moralidade que encontrou a bordo.
Citava o caso d'uma passageira...
Mil coisas mais de que me não recordo.
Finalmente, por baixo disso tudo,
em nota breve do melhor cursivo
recomendava o pobre do Veludo,
pedindo a Deus que o conservasse vivo.
Enquanto eu lia o cão, tranquilo e atento,
me contemplava, e - creia que é verdade,
vi, comovido, vi nesse momento
seus olhos gotejarem de saudade.
Depois lambeu-me as mãos, humildemente,
estendeu-se a meus pés silencioso
movendo a cauda, - e adormeceu contente,
farto d'um puro e satisfeito gozo.
Passou-se o tempo. Finalmente, um dia,
vi-me livre daquele companheiro.
Para nada Veludo me servia...
Dei-o à mulher d'um velho carvoeiro.
E respirei! "Graças a Deus! Já posso",
dizia eu, "viver neste bom mundo,
sem ter que dar, diariamente, um osso
a um bicho vil, a um feio cão imundo".
Gosto dos animais, porém prefiro
a essa raça baixa e aduladora,
um alazão inglês, de sela ou tiro,
ou uma gata branca cismadora.
Mal respirei, porém! Quando dormia
e a negra noite amortalhava tudo
sentí que à minha porta alguem batia.
Fui ver quem era. Abri. Era Veludo.
Saltou-me às mãos, lambeu-me os pés ganindo,
farejou toda a casa satisfeito
e, de cansado, foi rolar dormindo
como uma pedra, junto do meu leito.
Praguejei furioso. Era execrável
suportar esse hóspede importuno
que me seguia como o miserável
ladrão, ou como um pérfido gatuno.
E resolvi-me enfim. Certo, é custoso
dizê-lo em alta voz e confessá-lo.
Para livrar-me desse cão leproso
havia um meio só: era matá-lo.
Zunia a asa fúnebre dos ventos;
ao longe o mar, na solidão gemendo,
arrebentava em uivos e lamentos...
De instante em instante ia o tufão crescendo.
Chamei Veludo; ele seguia-me. Entanto,
a fremente borrasca me arrancava
dos frios ombros o revolto manto,
e a chuva meus cabelos fustigava...
Despertei um barqueiro. Contra o vento,
contra as ondas coléricas vogamos.
Dava-me força o torvo pensamento.
Peguei num remo e com furor remamos.
Veludo, à proa, olhava-me choroso
como o cordeiro no final momento.
Embora! Era fatal! Era forçoso
livrar-me, enfim, desse animal nojento.
No largo mar ergui-o nos meus braços
e arremessei-o às ondas,de repente...
Ele moveu gemendo os membros lassos,
lutando contra a morte. Era pungente.
Voltei à terra, entrei em casa. O vento
zunia sempre na amplidão profundo.
E pareceu-me ouvir o atroz lamento
de Veludo nas ondas moribundo.
Mas ao despir, dos ombros meus, o manto,
notei - oh grande dor! - haver perdido
uma relíquia que eu prezava tanto!
Era um cordão de prata: - eu tinha-o unido
contra o meu coração, constantemente,
e o conservava no maior recato,
pois minha mãe me dera essa corrente,
e, suspenso à corrente, o seu retrato.
Certo caira além, no mar profundo,
no eterno abismo que devora tudo.
E foi o cão, foi esse cão imundo
a causa do meu mal! Ah, se Veludo
duas vidas tivera, duas vidas
eu arrancara àquela besta morta
e àquelas vís entranhas corrompidas.
Nisto sentí uivar à minha porta.
Corrí, abri... Era Veludo! Arfava.
Estendeu-se a meus pés e docemente,
deixou cair da boca que espumava
a medalha suspensa da corrente.
Fora crível, oh Deus? Ajoelhado
junto do cão, estupefato, absorto,
palpei-lhe o corpo: estava enregelado.
Sacudi-o, chamei-o! Estava morto.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
O CASAMENTO DO DR. LUIZ ANTONIO, PARA A HISTÓRIA....por BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.
O DR. LUIZ ANTÓNIO FERREIRA DOS SANTOS LIMA, FICOU VIÚVO, e ia sempre as festas com as sobrinhas, bem mais novas,uma delas, Lia, a minha mãe...mamãe disse:tio Luiz Antonio, eu vou arranja uma moça para casar com o senhor...ele riu,aprovou...
CERTO DIA, chegou uma carioca, á passeio em NATAL,amiga de minha mãe...
era uma moça bonita,formosa como diria Vinicius de Moraes...DILA PENA, AINDA PARENTE DO PRESIDENTE AFONSO PENA...
TIO LUIZ ANTÓNIO foi avisado que LIA ia levar uma amiga para ele consulta-la...foi marcada a consulta...QUANDO AS DUAS ENTRARAM NO CONSULTÓRIO DO MÉDICO,mamãe piscou o olho para tio LUIZ ANTÓNIO...ele sacou...feitas as apresentações,uma consulta de coisas simples, e uma conversa que durou muito...
O grande clínico quis se encontrar á noite com a visitante...saíram, e ele lhe propôs casamento...a moça bonita lamentou,não poderia aceitar por que era noiva no Rio de Janeiro, e com poucos dias regressou...
Meses depois, Dila escreve a mamãe falando do término do seu compromisso...na mesma hora mamãe comunica ao seu tio:O NOIVADO ACABOU...Luiz António disse:VIAJO AMANHÃ PRO RIO, E VIAJOU...e voltou casado com DILA, QUE DEPOIS TEVE DOIS FILHOS:LUIZ RODOLFO PENA LIMA, E ANA DILA...RODOLFO É UMA GRANDE AUTORIDADE EM MEDICINA LEGAL, no Brasil, E O SEU FILHO,O OTORRINO,É UM NOME NACIONAL NO TRANSPLANTE DE CÓCLEA,E NOS PROBLEMAS DA AUDIÇÃO.
PAI, AFASTA DE MIM ESTE CÁLICE...
Cálice
Chico Buarque
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor e engolir a labuta?
Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda (Cálice!)
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno (Cale-se!)
Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)
Quero inventar o meu próprio pecado (Cale-se!)
Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! Cale-se!)
Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)
Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!)
Me embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!)
O SERMÃO DA MONTANHA...
O Sermão da Montanha é um longo discurso de Jesus Cristo que pode ser lido no Evangelho de São Mateus, mais precisamente do capítulo 4, versículo 23, ao capítulo 7. Nestes discursos, Jesus Cristo profere lições de conduta e moral, ditando os princípios que normatizam e orientam a verdadeira vida cristã, uma vida que conduz a humanidade ao Reino de Deus e que põe em prática a vontade de Deus, que leva à verdadeira libertação do homem. Estes discursos podem ser considerados por isso como um resumo dos ensinamentos deJesus a respeito do Reino de Deus, do acesso ao Reino e da transformação que esse Reino produz.
Além de importantes princípios ético-morais, pode-se notar grandes revelações, pois aquilo que muitas vezes é tido por ruim, por desagradável, diante de Deus é o que realmente vai levar muitos à verdadeira felicidade. Esta passagem forma um paradoxo, contrariando a ideia de muitos e mais uma vez mostrando que "…'Deus não vê como o homem vê, o homem vê a aparência, mas Deus sonda o coração" (I Samuel 16.7). .
No Sermão da Montanha, o evangelista São Mateus está a apresentar Jesus Cristo como o novo Moisés, daí o discurso ser proferido numa montanha (talvez, apenas uma colina), pois Moisés tinha recebido os 10 Mandamentos no monte Sinai. Mas, Jesus não veio para abolir a Lei ou os Profetas,[1] mas sim completá-los na sua íntegra (Mt 5, 17).
AS BEM AVENTURANÇAS...
«Bem-aventurados os pobres de espírito porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados os mansos porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que choram porque serão consolados.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus.
Bem-aventurados os pacíficos porque serão chamados filhos de Deus.»
E Jesus termina resumindo tudo numa só frase: «Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus»
Vamos analisar um pouco estas sete bem-aventuranças:
As três primeiras descrevem a recompensa da alma que ama corretamente a si mesmo, que se converte para Deus. Como nos convertemos para Deus?
- vencendo o apego às riquezas e às honras do mundo - são os pobres de espírito
- aprendendo a se controlar, a dominar a raiva, as impaciências - são os mansos
- vencendo a tendência ao conforto, à preguiça, aprendendo a sofrer um pouco no nosso corpo por amor a Deus - são os que choram.
Em seguida vêm duas bemaventuranças que descrevem a recompensa da alma que ama o seu próximo :
- praticando a justiça, ou seja, dando a cada um o que lhe é devido - são os que têm fome e sede de justiça.
- praticando a bondade, dando ao próximo, por amor de Deus, o que pode agradá-lo - são os misericordiosos.
E por fim, as duas últimas bemaventuranças descrevem a recompensa da alma que ama a Deus acima de tudo, que na vida de oração procura encontrá-Lo, principalmente levada pelos dons do Espírito Santo:
- os que vivem da virtude e amam agir sempre no bem - são puros de coração.
- os que esperam receber o prêmio pela ajuda que deram ao próximo - são os pacíficos.
Agora que compreendemos o que significa cada uma das bemaventuranças, fica fácil entender porque Jesus prometeu aos que praticarem asbemaventuranças os prêmios que estão descritos no Evangelho:
- os que se desapegam das riquezas da terra e são pobres de espírito, recebem um tesouro no céu: deles é o Reino dos Céus.
- os que conseguiram dominar sua agitação, vivendo pacificamente com todos são os mansos: possuirão a terra.
- os que aceitam sofrer no seu corpo por amor a Deus, os que choram: serão consolados
- os que procuram dar a cada um o que lhe é devido, com fome e sede de justiça : serão saciados.
- os que são generosos para com o próximo, os misericordiosos : alcançarão misericórdia.
<- os que vivem sempre com reta intenção em tudo o que fazem, os puros de coração : verão a Deus.
- os que imitam a Deus procurando a paz entre os homens, os pacíficos : serão chamados filhos de Deus.
As bemaventuranças e os dons do Espírito Santo