sábado, 18 de fevereiro de 2012

SOBRE O BLOCO DE CADA UM...


TODO MUNDO TEM UM BLOCO PARA BOTAR NA RUA...uns dançam no bloco da solidão,outros no bloco do prazer...outros nem dançam, e outros nem podem dançar...

EU TAMBÉM JÁ TIVE O MEU BLOCO:O SOCANELAS...marcou a juventude de Nova Cruz...o seu Hino, composto por mim e por Marcelo Lyra,ainda hoje, é sucesso nas festas de Nova Cruz e muitas outras cidades...
NAQUELE TEMPO existiam blocos, e os assaltos eram de música, frevo e alegria...o meu tio, Paulo Bezerra, se achava na obrigação de deixar, entrar em casa, qualquer bloco, a quem servia bebidas e comidas...era um compromisso dele com a vida, com o prazer, com a cidade...me lembro da casa do Tio,cheia de foliões, e dançando na sala,o URSO BRANCO DE MANOEL MONTEIRO,o dono do bloco tanto cantava, como tocava cuíca...era uma festa...Depois , nunca mais ví ninguém tocar cuíca..somente na televisão.

Meu tio dizia:antes de morrer, ainda faço um bloco para dançar gato e sapato...farei dois alambiques de cachaça,colocarei num trator,para distribuir com os foliões, e a porta bandeira será JOANA GANCHÃO...Joana era a rainha do Sapo, o cabaré de Nova Cruz, a rainha das paixões sem amanhã, como diria Manuel Bandeira...o bloco, o velho não conseguiu fazer...veio a velhice antes dos seu sonhos...ele ficou pobre e velho...e morreu sufocado pelos seus sonhos,o que lhe provocou o ALZHEIMER...
O MEU BLOCO HOJE se resume a um terraço na Barra de Cunhaú, onde esbanjo música e alcool...vez por outra olho pro mar, e lavo os olhos com os meus sonhos e as minhas lembranças,de uma juventude muito breve.
Cada um sabe a Dor e a Delícia, de se ser o que é...

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