domingo, 5 de dezembro de 2010

VATES DE CATEGORIA...



* * *

Zé Limeira

Pedro Álvares Cabral
Inventor do telefone
Começou tocar trombone
Na banda do Zé Leal.
Mas como tocava mal
Injeitou três instrumento
Jesus saiu lá de dento
Correndo atrás duma lebre
Quem for podre que se quebre
Diz o novo testamento.

* * *

Cego Aderaldo

O retrato de Lampião
Eu descrevo com capricho:
Não brigando, era simpático,
Dentro da luta era um bicho,
Com o seu terno de mescla
E alpargata de rabicho…

Pulava igualmente a gato,
Com o rifle e a cartucheira
Mais um rifle pequenino
Que tinha na bandoleira
E um revólver Anagão
Chamado espanta-ribeira.

Ostentava na cabeça
Um grande chapéu de couro,
O seu pescoço era ornado
Com um lindo colar de ouro.
Se lia no rosto dele:
“Não suporto desaforo.”

Zé Antonio do Fechado
Foi um grande valentão:
Zé Dantas, João Vinte e Dois
Era uma assombração…
Jesuíno brigou muito,
Mas não como Lampião.


* * *

José Lucas de Barros
(Em homenagem ao poeta repentista João Paraibano)

A natureza precisa
Valer-se do Soberano,
Fazer um longo projeto
E aprimorar mais de um ano
Para criar um poeta
Como João Paraibano.

Nasceu com o dom do improviso
E um rouxinol na garganta;
Seus repentes são prodígios
De inspiração pura e santa,
E ninguém canta as belezas
Do sertão como ele canta.

* * *

João Paraibano

Eu fiz meu verso da grota
Que secava no verão,
Da cera que eu colocava
Na ponteira do pião,
No baião da lata seca
Nas pedras do cacimbão.

* * *

Sebastião da Silva

Gosto de ouvir a seresta
da patativa-de-gola
e também do canarinho
nas traves de uma gaiola:
só não canta como a gente
porque não possui viola.

Meu avô não cantou bem,
vovó não teve voz bela;
pai não cantou quando jovem,
nem mamãe quando donzela;
papai só cantou mamãe,
depois que casou com ela.

Foi à forca Tiradentes
com a maior paciência;
seu sangue se derramava,
e a terra, por inocência,
bebia o sangue de um filho
que quis dar-lhe a independência.

Sete letras da saudade
com as três letras da dor,
cinco letras da paixão
com as quatro letras do amor
são sentimentos que moram
no peito do cantador!

* * *

Otacílio Batista

Minha mãe me criou dentro do mar
Com o leite do peito de baleia
Me casei no oceano com a sereia
Que me fez repentista popular
Canto as noites famosas de luar
E linguagem das brisas tropicais
Entre abraços e beijos sensuais
Nos embalos das ondas seculares
Conquistei a rainha mãe dos mares
E o que é que me falta fazer mais?
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