sábado, 4 de dezembro de 2010

O PIMPOLHO...

O Caçula Começa no Governo Maluf

O pimpolho mais novo, o benjamim, Fernando é o preferido da mamãe. Naqueles dias em que o pai assumia o mais alto posto do parlamento brasileiro, em que cumpria 50 anos de carreira política, se você entrasse no programa de busca Geogle e digitasse “Fernando Sarney”, entenderia imediatamente por que 2 de fevereiro de 2009, com vitória retumbante e tudo mais, não estava “descendo redondo” goela abaixo de José Sarney.

Logo de cara, podíamos ler no Google: “Polícia Federal pediu a prisão preventiva de Fernando Sarney”. Logo abaixo, “JB Online – Polícia Federal quer ouvir Fernando Sarney”. Mas vamos clicar na terceira notícia, da Veja Online. O título diz “A família de 125 milhões de reais … e um genro”. O texto reproduz a reportagem da Revista Veja impressa, número 1.742, de 13 de março de 2002, cuja manchete de capa diz:

A Candidata Que Encolheu

Refere-se ao famoso caso da Lanus: um monte de notas de 50, num total de 1 milhão e 350 mil reais, que a Polícia Federal encontrou na sede da empresa do casal Jorge Murad-Roseana Sarney. Roseana, que subia que nem rojão como candidata do extinto PFL, Partido da Frente Liberal, murchou junto com o marido Jorge na tentativa de explicar a origem e destinação da dinheirama. Deram sete versões, a conta do mentiroso. José Sarney e dona Marly jamais perdoarão os arquitetos da Operação Lanus, conforme se verá.

Mas ali já despontava a estrela de Fernando, o verdadeiro portador da chave que abre e fecha os cofres do clã. O queridinho de dona Marly, assim que se formou engenheiro pela Escola Politécnica de São Paulo, foi fazer pós-graduação em Delinqüentiologia trabalhando como assessor do secretário de Transportes Leon Alexander. No governo de quem ? Claro, de Paulo Maluf (1978-1982). Leon Alexander era responsável pela construção das estradas vicinais paulistas, que de fato só seriam abertas no governo Orestes Quércia (1986-1990). Maluf acolheu Fernando numa deferência especial a Sarney, enão presidente do PDA, Partido Democrático Social, sucessos da Arena, a Aliança Renovadora Nacional, partido de sustentação da ditadura militar, que ele mesmo, Sarney, também havia presidido.


Entregar aos cuidados do governador paulista o filho Fernando, que seria o cérebro a comandar seu império, mostra o grau de camaradagem que Sarney cultivava com Paulo Maluf. A tal ponto que Maluf aceitou, sem pestanejar, a indicação de outro grande amigo de Sarney para a função de diretor-administrativo da companhia de águas de São Paulo, a Sabesp: Tauser Quinderê. Helito Bastos, subchefe da Casa Civil no governo Maluf, paulista de Amparo, define Quinderê como “umas das figuras mais simpáticas qe já passaram pela face da Terra”. Ele daria nome ao auditório da Sabesp, na Rua Costa Carvalho, no bairro paulistano de Pinheiros, onde as empresas dêem apresentar documentos quando querem participar de alguma – e não é piada pronta – licitação.

Tal era a confiança de Sarney em Tauser Quinderê – nascido em Codó e ex-dono da Companhia Maranhanse de Mineração -, que o usou como pombo-correio. Por mais de 20 anos, de tempos em tempos Tauser ia pessoalmente à Suíça levar a mala com as “economias” de Sarney. Certo começo de tarde, instalado numa mesa do Bar da Onça, no térreo do edifício Copan, em São Paulo, Helito, bisneto do Barão de Amparo, conta entre talagadas de uísque:

“Na ditadura, não tinha esse problema, na Suíça entra tudo, então ia com a mala. Não tinha negócio de doleiro não, economizava os quatro por cento do doleiro. E, numa dessas viagens, em Genebra, o Tauser teve um ataque fulminante do coração e morreu, no saguão do aeroporto.

Atenderam o Tauser e levaram a mala. O Sarney ainda não era o bilionário que é hoje, mas já era um homem rico. Tinha sido governador, era senador, já tinha diretorezinhos e o próprio Fernando Sarney na Eletronorte, o Astrogildo Quental levantando dinheiro para ele, que estava começando a argamassar a fortuna. E nessa mala tinha muito, era ma mala de viagem lotada de dinheiro, e o Tauser morre com ela. Como o Sarney e sabidamente sovina, o Tauser viajava sozinho, de classe econômica, aquelas coisas, sem acompanhante, nada.Pegaram o corpo de Tauser e a grana não apareceu até hoje.Tem mais um rico no mundo.”

Essa Astrogildo Quental, que aparece em escutas da Polícia Federal nomeado como Astro, voltará a participar de outros capítulos deste livro, aguarde. Depois de dois belos goles de uísque, com o copo longo envolto em um guardanapo de papel, a aristocrática figura do ex-subchefe da Casa Civil de Maluf retoma o fio da história:

“Ao saber da notícia de que perdeu o fiel escudeiro – e também a mala – o coração de Sarneyfraquejou. Impactado por ambas as perdas, deixou Brasília em direção aos cardiologistas de São Paulo. No learjet do dono do cimento Cauê, o mineiro Juventino Dias, dona Marly acompanhou o marido enfartado com o rosário nas mãos.”

Helito garante que, naquela época, Quinderê era uma espécie de preceptor do jovem Fernando Sarney. Ou seja, trabalhando com um secretário de Transportes de Paulo Maluf, o caçula de José Sarney aprendeu todos os pulos-do-gato em sua pós graduação.

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