sexta-feira, 17 de agosto de 2012

NA TERRA DE CORA CORALINA...


  GOIÁS VELHO...


 POR PAULO CARVALHO...



Casario antigo
Na recente visita a cidade de Goiás, berço da poetisa Cora Coralina, fiquei surpreso com o belo casario e a singela beleza do lugar. A famosa casa da ponte, onde Cora preparava seus doces e escrevia suas poesias, é hoje um museu, depositário de seus pertences e de sua memória.
Casa da Ponte
Ruas de pedra abrigam antigas e bem conservadas casas, verdadeiros monumentos da história do Brasil colônia. Belas igrejas e uma praça com direito a coreto, sorveteria, lampiões, banquinhos de madeira, crianças andando de patinete e encontros de jovens namorados, tudo como nos velhos tempos.
O ponto de encontro das pessoas da cidade, já não atrai tantas assim, embora mantenha sua arquitetura original e características dos antigos públicos. O prato típico da região é o empadão Goiano  encontrado em lanchonetes espalhadas pela cidade.
Coreto
Eita Brasil velho com tanta coisa pra se vê. O meu espírito cigano ultimamente tem me levado a lugares incríveis e maravilhosos.
Arruado
Todas as vidas 
                Cora Coralina
Vive dentro de mim 
uma cabocla velha 
de mau-olhado, 
acocorada ao pé do borralho, 
olhando pra o fogo. 
Benze quebranto. 
Bota feitiço… 
Ogum. Orixá. 
Macumba, terreiro. 
Ogã, pai-de-santo…
Vive dentro de mim 
a lavadeira do Rio Vermelho. 
Seu cheiro gostoso 
d’água e sabão. 
Rodilha de pano. 
Trouxa de roupa, 
pedra de anil. 
Sua coroa verde de são-caetano.
Vive dentro de mim 
a mulher cozinheira. 
Pimenta e cebola. 
Quitute bem-feito. 
Panela de barro. 
Taipa de lenha. 
Cozinha antiga 
toda pretinha. 
Bem cacheada de picumã. 
Pedra pontuda. 
Cumbuco de coco. 
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim 
a mulher do povo. 
Bem proletária. 
Bem linguaruda, 
desabusada, sem preconceitos, 
de casca-grossa, 
de chinelinha, 
e filharada.
Vive dentro de mim 
a mulher roceira. 
- Enxerto da terra, 
meio casmurra. 
Trabalhadeira. 
Madrugadeira. 
Analfabeta. 
De pé no chão. 
Bem parideira. 
Bem chiadeira. 
Seus doze filhos, 
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim 
a mulher da vida. 
Minha irmãzinha… 
tão desprezada, 
tão murmurada… 
Fingindo alegre seu triste fado.
Todas as vidas dentro de mim: 
Na minha vida – 
a vida mera das obscuras.

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