Ateneia Feijó
O retorno do marco regulatório da mídia no IV Congresso do PT, nesse final de semana, não surpreendeu ninguém. Aconteceu após José Dirceu ter sido capa da penúltima Veja, que fez uma reportagem com repercussão negativa para o próprio focado e seus companheiros de partido.
Rui Falcão, presidente nacional do PT e jornalista, deu entrevistas afirmando que a proposta é a de pressionar os parlamentares a fim de obter aprovação para um projeto de “democratização da comunicação”. O qual, segundo ele, garantiria liberdade de imprensa com direito a opinião para todos e nenhuma censura de conteúdo.
Em teoria, seria possível. Na prática, a curto ou médio prazo, o marco regulatório serviria também para acabar com a liberdade de expressão. Não dá para arriscar. Mas os petistas dizem que estariam apenas evitando um grande mal: o de uma pessoa ou um grupo econômico dono de vários veículos praticar um “jornalismo partidário”.
Como assim, exatamente? Matérias investigativas ficariam proibidas e reportagens desfavoráveis ao governo não poderiam mais ser publicadas? Nem entrevistas com opositores? Quer dizer, poderiam… Desde que os veículos de comunicação “assumissem seu partido político”.
Bancas e internet mostram a nossa mídia rica em diversidade de formas e conteúdos; com o ponto de vista dos donos das empresas exposto em editoriais.
Grandes empresas jornalísticas não surgem prontas da noite para o dia. São complexas e de uma tremenda mobilidade. As que hoje se destacam começaram pequenas. Antes delas, outras brilhavam até que foram abatidas pela concorrência.
As novas gerações talvez não saibam, mas tivemos a TV Tupi, a TV Rio, a TV Excelsior, a TV Manchete, além de outras que não se sustentaram e acabaram. Revistas como O Cruzeiro, Manchete, Fatos e Fotos, Realidade. Jornais como A Noite, Correio da Manhã, Diário Carioca, Última Hora e Jornal do Brasil. E emissoras de rádio campeãs em ouvintes.
Políticos precisam de eleitores. Mídia, de leitores e audiência. Haja empreendimento, vocação, talentos, persistência, erros e acertos até chegar no ponto para agradar e conquistar seu público.
Só tem uma coisa. Voto é obrigatório e políticos gozam de impunidade parlamentar. Enquanto ninguém é forçado a comprar ou consumir produtos da mídia, que por lei tem de responder judicialmente por quaisquer crimes cometidos: violação de direitos trabalhistas, sonegação de impostos, calúnia, difamação, injúria, incitação à violência etc.
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