O controle familiar sempre foi preocupação dos casais desde os remotos tempos bíblicos de Onan. Até recentemente, os modernos métodos anticoncepcionais eram um verdadeiro sonho, só possível numa civilização diferente; como a que inspirou Manuel Bandeira no seu livro Libertinagem (poemas de 1924 a 1930):
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem processo seguro
De impedir a concepção
Em 1942, em plena segunda grande guerra, quando os norte-americanos haviam introduzido no Brasil o uso dos primeiros preservativos, sendo uma conquista para época e novidade para os casais, houve médicos empenhados na divulgação.
Conta o esquineiro Orílio José de Oliveira que na cidade de Triunfo, Sertão de Pernambuco, pontificava o médico Cordeiro Lima, bom orador, poeta, boêmio e dono de uma verve invejável. Ao receber a visita de um matuto da Serra da Bernarda, acompanhado de uma jovem mulher e uma ranchada de onze filhos, com as idades variando entre onze meses e onze anos, o médico impressionou-se com o estado das pernas da mulher tomadas pelas marcas dos sucessivos partos.
Preocupado com a função social da medicina, diante de quadro tão peculiar naquela região, procurou instruir o casal quanto à saúde da jovem mulher, já abatida pelos sucessivos partos e com a saúde periclitante no que diz respeito a outros males. O médico começou a tentar explicar ao casal de mocós a utilidade do método tabela (Ogino e Knaus), mostrando a possibilidade de concepção só nos dias férteis, mas a mulher deu de ombro e levou o doutor na galhofa:
– “Ora, doutô… Isso não vale nada! Basta o Zé comer uma farofa de bode com jerimum e a tabelinha do senhor vai pro brejo!”
Pacientemente o médico foi até ao armário, onde guardava as amostras grátis, e de lá trouxe uma caixinha de preservativos; proclamando ser a última novidade que os americanos haviam trazido para o Brasil.
Dias depois o casal compareceu ao consultório do médico Cordeiro Lima, desiludido com o fracasso dos preservativos:
“Não presta pra nada… Rasgam com qualquer coisinha!”
Apelando para os finalmentes, o médico foi enfático:
Ô minha senhora, quando o Zé estiver em cima… e a senhora notar que ele tá revirando os olhos… a senhora dê um empurrão nesse bruto e saia de banda….
Carece não doutor… Quando o meu Zé começa revirando os oinhos… eu já fico ceguinha!!!!
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