quarta-feira, 7 de setembro de 2011

CARTA A ODILON RIBEIRO COUTINHO...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.


MEU QUERIDO ODILON RIBEIRO COUTINHO


ESTOU LHE ESCREVENDO HOJE,no dia da Pátria,pois amanhecí o dia, desejando ver você na praça pública, gritar os seus ecos de liberdade...
Depois que você se foi, o PT,o nosso querido partido,que representava a ética,a moralidade, A esperança, conseguiu chegar ao poder...foi uma decepção e ainda hoje vivemos sem esperanças...
O que você falava, de braços abertos, na praça Gentil Ferreira,sobre O GENERAL GOLBERY,OS MAIAS,a fábrica de barrilha de MACAU, hoje são pecados veniais...
OS LÍDERES DA ESQUERDA, ERAM DA ESQUERDA FESTIVA, E INSTITUCIONALIZARAM O ROUBO NO PAÍS...NUNCA se roubou tanto, a corrupção hoje é coisa banal...rouba do tabaréu ao general,do bedel ao juiz,e os sindicatos mamando e roubando, são donzelas sem voz, no meio dos coitos...
Há como eu acreditava, quando você, de mãos espalmadas, e de braços abertos,gritava na madrugada natalense:EU NÃO ACREDITO EM BRUXARIAS NÃO, MAS, QUE ELAS EXISTEM EXISTEM...ERA A ACENTUAÇÃO DO DRAMA PSICOLÓGICO, PARA EM SEGUIDA FALAR DE UMA LADROEIRA OU CONCHADO DE CAFETINAS, NO GOVERNO...
ODILON,está ruim...não temos mais em quem acreditar...não existe mais nem um Messias, nem uma esperança...no Brasil e neste rio grande,todos são do mesmo partido: O PARTIDO DA CONVENIENCIA...SÃO COMPANHEIROS DE TETAS...SÓ POSSUEM TESÃO SE TIVER PODER...NINGUÉM SABE MAIS SER OPOSIÇÃO...
NESTE DIA , IMPORTANTE PARA A HISTÓRIA DO BRASIL, sinto no fundo do peito , uma vontade imensa de chorar...É COMO UM DESPEITO DE EU NÃO TER COMO LUTAR!!!
ODILON, O VERDE AMARELECEU,E A BANDEIRA VERMELHA HOJE PROTEGE A CORRUPÇÃO E OS CORRUPTOS,GRITA NOS ESCONDIDINHOS, PARA SE CALAR A VOZ QUE DENUNCIA...

LHE ENVIO AGORA, A VOZ DE VINICIUS DE MORAES,PRA RELEMBRAR O TEMPO EM QUE HAVIA ESPERANÇAS...

Pátria minha

Vinicius de Moraes

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias, pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação e o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamen
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade me vem de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama…
Vinicius de Moraes."



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