quinta-feira, 29 de setembro de 2011

KAMASUTRA...

O Sertanejo e o Doutor...
por Marcelo Alcoforado.

Em torno do ano 400 Vatsyayana escreveu o Kama Sutra, um livro cujas primeiras edições eram manuscritas em cerca de setecentas páginas acessíveis somente a nobres e endinheirados. Registre-se, só para constar, que Kama é a literatura do desejo, do prazer sexual, enquanto Sutra é uma série de aforismos.
Naqueles tempos, porque levavam uma vida de ócio, os nobres indianos tinham bastante tempo para o aprendizado e o aperfeiçoamento de suas habilidades sociais, artísticas e sexuais descritas no livro que vem atravessando séculos. Nele, em algum trecho está dito que “não há ordem ou momento exatos entre o abraço, o beijo e as pressões ou arranhões com as unhas ou dedos, mas que todas essas coisas devem ser feitas, de um modo geral, antes que a união sexual se concretize, ao passo que as pancadas e a emissão dos vários sons devem ocorrer durante a união.” Mais adiante, afirma-se que “qualquer coisa pode ocorrer em qualquer momento, pois o amor não se incomoda com o tempo ou ordem.”
Pois saiba que Luiz Costa de Oliveira, 90 anos de idade, 69 filhos, 100 netos e 60 bisnetos, ocupante de uma casa humilde no sertão do Rio Grande do Norte, nunca leu o Kama Sutra — talvez nunca tenha lido nada —, mas diz à sua maneira a mesma coisa do livro: “Pra fazer amor não tem hora e nem lugar; basta querer”, afirma, do alto de sua experiência de coabitar com a companheira, a sogra e a cunhada, com as quais teve 45 filhos, isso sem falar das outras três relações, essas por ele consideradas extraconjugais, que resultaram em outros tantos filhos.
A casa de Luiz Costa de Oliveira é pequena — apenas quarto, sala, cozinha e banheiro —, mas isso não causa embaraço. “Não tem muito conforto, mas dá pra fazer amor. Quando eu faço amor é sempre na mesma casa, no mesmo quarto”, diz.
Como, segundo revelou, não bebe, não fuma, alimenta-se bem e dorme melhor ainda, presume-se que não há tempo para passar a vista em algum livro antes de dormir, mesmo que seja tão estimulante quanto o Kama Sutra. Mas, pensando bem, para que livros? A propósito, o sertanejo Luiz Costa de Oliveira e o multidoutor “honoris causa” Luiz Inácio da Silva, cada um a seu modo, estão aí, mostrando o quanto livros são irrelevantes.

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