Apareceu na escola,uma janela cujo vidro tinha sido quebrado no recreio.
O velho professor reuniu toda a classe, e ordenou que o culpado se apresentasse...fez-se um silencio sepulcral...ninguém queria se acusar...o professor renovou a ordem, desta vez com muito mais energia e pulso...foi então que o menino mais humilde da turma, o mais franzino,criança que ninguém via,por que era quase nada, levantou a mãozinha e disse:fui eu professor....e o disse , olhando as tábuas do assoalho,com a sua tristeza habitual mais acentuada, falando de lado e olhando para O chão,afastando os colegas, e como um réu, se apresentando á punição do mestre....era o aluno mais comportado da turma,o mais obediente e o mais humilde.
O professor,irado deu a sentença:ficará um mês sem recreios, e fará um grande trabalho escrito,para vê se você se emenda...
A aula recomeçou no mais profundo silencio,parecia até a nave de uma igreja vazia e em ruínas, onde um círio queima,para acusar a presença do espírito...os alunos esboçavam na face qualquer coisa DE ESPANTO E PIEDADE! E MUITO MÊDO...SÓ SE ESCUTAVA AS BATIDAS COMPASSADAS DO PÊNDULO DO RELÓGIO DA PAREDE.
De repente,um soluço destampou no meio do silencio...era um choro...era um dos alunos...este soluço abafado despertou a atenção da classe toda...
O professor lançou os seus olhos cansados para o menino da terceira fila:levante-se Sr Lacerda...por que está chorando?era a criança mais estabanada da sala,que já tinha cordão de ouro puro pendurado no pescoço, e já se diferenciava, por seus pais terem posses...Lacerda, ainda aos prantos revelou:fui eu professor, quem quebrou a vidraça...o mestre, vendo o depoimento, arguiu: e por que deixou o seu colega assumir a responsabilidade? como não houve resposta, voltou-se para o outro menino:Sr Paulo, por que você se acusou de um ato que não cometeu? Paulo, o menino mais magrinho da sala, o mais bem comportado,quis se manter calado, e fingiu abotoar os botões da camisa...depois de outra insistência, falou:Professor, eu só tomo café, e de manhã muito cedo... a minha mãe é pobre e trabalha na fábrica,não trago nada para merendar, pois o Pão lá de casa é pouco,e falta até para os meus irmãos...a gente combinou que o pão ficaria para os meus irmão caçulas, um de três e o de quatro anos...Na hora da merenda, o Lacerda me dá sempre um pão com queijo, dos que ele traz e sobra...um dia eu disse a ele: um dia vou retribuir esta coisa boa que você faz comigo... e o dia foi hoje,professor...Neste instante, TODA A CLASSE DESABOU NUM CHORO em uníssono e surdo,um choro de dor que não sai no jornal...todos sofreram...afinal, a solidariedade e a gratidão aproxima todos os homens, em todas as idades...
O velho professor,visivelmente comovido,foi assaltado de súbito ,pela beleza e nobreza dos sentimentos...suspendeu a aula,suspendeu todos os castigos, e emocionadamente explicou aos alunos: A AULA de HOJE FOI GRANDE....FOI SOBRE COLEGUISMO E GRATIDÃO,TIVEMOS UM EXEMPLO COMOVENTE.Hoje vocês aprenderam com a alma,o bem tocou o coração de todos vocês...podem ir, boa tarde.
O professor esperou a saída de todas as crianças...ao ficar sozinho,tirou o lenço do bolso,chorou bastante , e sentiu forte opressão no peito esquerdo,e disse a ele mesmo:eu sou igual a todas estas criançás...só, que eu envelhecí, e há folhas no meu coração.
Uma bela licão de vida, padre!
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