quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A FALA DO NORDESTE...


No Nordeste se fala assim

Há diferenciação

Porque cada região

Tem seu jeito de falar

O Nordeste é excelente

Tem um jeito diferente

Que a outro não se iguala

Alguém chato é Abusado

Se quebrou, Tá Enguiçado

É assim que a gente fala


Uma ferida é Pereba

Homem alto é Galalau

Ou então é Varapau

E coisa ruim é Peba

Cisco no olho é Argueiro

O sovina é Pirangueiro

Enguiçar é Dar o Prego

Fofoca aqui é Fuxico

Desistir, Pedir Penico

Lugar longe é Caxaprego

Ladainha é Lengalenga

E um estouro é Pipoco

Qualquer botão é Pitoco

E confusão é Arenga


Fantasma é Alma Penada

Uma conversa fiada

Por aqui é Leriado

Palavrão é Nome Feio

Agonia é Aperreio

E metido é Amostrado

O nosso palavreado

Não se pode ignorar

Pois ele é peculiar

É bonito, é Arretado

E é nosso dialeto

Sendo assim, está correto

Dizer que esperma é Gala

É feio pra muita gente

Mas não é incoerente

É assim que a gente fala



Você pode estranhar

Mas ele não tem defeito

Aqui bala é Confeito

Rir de alguém é Mangar

Mexer em algo é Bulir

Paquerar é Se Inxirir

E correr é Dar Carreira

Qualquer coisa torta é Troncha

Marca de pancada é Roncha

E a caxumba é Papeira

Longe é o Fim do Mundo

E garganta aqui é Goela

Veja que a língua é bela



E nessa língua eu vou fundo

Tentar muito é Pelejar

Apertar é Acochar

Homem rico é Estribado

Se for muito parecido

Diz-se Cagado e Cuspido

E uma fofoca é Babado

Desconfiado é Cabreiro

Travessura é Presepada

Uma cuspida é Goipada

Frente de casa é Terreiro


Dar volta é Arrudiar

Confessar, Desembuchar

Quem trai alguém, Apunhala

Distraído é Aluado

Quem está mal, Tá Lascado

É assim que a gente falaAqui valer é Vogar

E quem não paga é Xexeiro

Quem dá furo é Fuleiro

E parir é Descansar

Um rastro é Pisunhada

A buchuda é Amojada



E pão-duro é Amarrado

Verme no bucho é Lombriga

Com raiva Tá Com a Bixiga

E com medo é Acuado

Tocar em algo é Triscar

O último é Derradeiro

E para trocar dinheiro

Nós falamos Destrocar

Tudo que é bom é Massa

O Policial é Praça

Pessoa esperta é Danada



Vitamina dá Sustança

A barriga aqui é Pança

E porrada é Cipoada

Alguém sortudo é Cagado

Capotagem é Cangapé

O mendigo é Esmolé

Quem tem pressa é Avexado

A sandália é Percata

Uma correia, Arriata

Sem ter filho é Gala Rala

O cascudo é Cocorote



E o folgado é Folote

É assim que a gente fala



Perdeu a cor é Bufento

Se alguém dá liberdade

Pra entrar na intimidade

Dizemos Dar Cabimento

Varrer aqui é Barrer

Se a calcinha aparecer

Mostra a Polpa da Bunda



Mulher feia é Canhão

Neco é pra negação

Nas costas, é na Cacunda

Palhaçada é Marmota

Tá doido é Tá Variando

Mas a gente conversando

Fala assim e nem nota

Cabra chato é Cabuloso

Insistente é Pegajoso


Remédio aqui é Meisinha

Chateado é Emburrado

E quando tá Invocado

Dizemos Tá Com a Murrinha

Não concordo, é Pois Sim

Tô às ordens é Pois Não

Beco ao lado é Oitão

A corrente é Trancilim

Ou Volta, sem o pingente

Uma surpresa é, Oxente!




Quem abre o olho Arregala

Vou Chegando, é pra sair

Torcer o pé, Desmintir

É assim que a gente fala

A cachaça é Meropéia

Tá triste é Acabrunhado

O bobo é Apombalhado

Sem qualidade é Borréia

A árvore é Pé de Pau




Caprichar é Dar o Grau

Mercado é Venda ou Bodega

Quem olha tá Espiando

Ou então, Tá Curiando

E quem namora Chumbrega

Coceira na pele é Xanha

E molho de carne é Graxa

Uma pelada é um Racha

Onde se perde ou se ganha

Defecar se chama Obrar




Ou simplesmente Cagar

Sem juízo é Abilolado

Ou tem o Miolo Mole

Sanfona também é Fole

E com raiva é Infezado

Estilingue é Balieira

Uma prostituta é Quenga

Cabra medroso é Molenga

Um baba ovo é Chaleira




Opinar é Dar Pitaco

Axilas é Suvaco

E cabra ruim é Mala

Atrás da nuca é Cangote

Adolescente é Frangote

É assim que a gente fala



Lugar longe aqui é Brenha

Conversa besta, Arisia

Venha, ande, é Avia

Fofoca é também Resenha

O dado aqui é Bozó

Um grande amor é Xodó




Demorar muito é Custar

De pernas tortas é Zambeta

Morre, Bate a Caçuleta

Ficar cheirando é Fungar



A clavícula aqui é Pá

Um mal-estar é Gastura

Um vento bom é Frescura

Ali, se diz, Acolá

Um sujeito inteligente

Muito feio ou valente

É o Cão Chupando Manga

Um companheiro é Pareia

Depende é Aí Vareia




Tic nervoso é Munganga

Colar prova é Filar

Brigar é Sair no Braço

Nosso lombo é Ispinhaço

Faltar aula é Gazear

Quem fala alto ou grita

Pra gente aqui é Gasguita

Quem faz pacote, Embala

Enrugado é Ingilhado

Com dor no corpo, Ingembrado




É assim que a gente fala

Um afago é Alisado

Um monte de gente é Ruma

Pra perguntar como, é Cuma

E bicho gordo é Cevado

A calça curta é Coronha

Um cabra leso é Pamonha

E manha aqui é Pantim

Coisa velha é Cacareco

O copo aqui é Caneco




E coisa pouca é Tiquim

Mulher desqualificada

Chamamos de Lambisgóia

Tudo que sobra, é Bóia

E muita gente é Cambada

O nariz aqui é Venta

A polenta é Quarenta

Mandar correr é Acunha

Ter um azar é Quizila

A bola de gude é Bila

Sofrer de amor, Roer Unha

Aprendi desde pivete

Que homem franzino é Xôxo




Quem é medroso é um Frouxo

E comprimido é Cachete

Sujeira em olho é Remela

Quem não tem dente é Banguela

Quem fala muito e não cala

Aqui se chama Matraca

Cheiro de suor, Inhaca

É assim que a gente fala


Pra dizer ponto final

A gente só diz: E Priu

Pra chamar é Dando Siu

Sem falar, Fica de Mal

Separar é Apartá

Desviar é Ataiá

E pra desmentir é Nego

Quem está desnorteado

Aqui se diz Ariado

E complicado é Nó Cego

Coisa fácil é Fichinha

Dose de cana é Lapada

Empurrão é Dá Peitada

E o banheiro é Casinha

Tudo pequeno é Cotoco

Vigi! Quer dizer, por pouco

Desde o tempo da senzala

Nessa terra nordestina

Seu menino, essa menina!

É assim que a gente fala.”

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