domingo, 7 de novembro de 2010

COISAS DOS HOMENS...

A Fábrica de Queijos

Num reino muito distante um sábio teve muitas ideias e criou uma gigantesca geringonça que gerava um produto de cor branca, poroso, esférico- visto de cima pra baixo ou de baixo pra cima- e retangular- visto qualquer um dos lados.

Ao degustar o produto o sábio logo viu que poderia fazer uso dessa, agora, Fábrica: acertou de primeira. Fez várias fábricas e as doou a todas as Província, onde foi possível chegar. Em troca pediu nove dízimas de toda a produção.

Sendo o produto podia continuar sem nome , o sábio lançou um concurso para escolha de um nome. Entre tantas sugestões: apareceu “queijo” e este concorrente não ganhou pelo termo sugerido e sim pela justificativa de escolha. Explicou que “queijo” rima “beijo” e ambos provocam sensações de prazer, com iniciação oral . Foi tiro e queda! Ao ouvir a explicação o sábio não teve dúvida, acatou a sugestão o determinando, imediatamente, vencedor do concurso! Além disso, o convidou para ajudar a divulgar a Fábrica de Queijos em províncias interessadas e em troca teria meia dízima de suas nove.

Foi um sucesso a distribuição das Fábricas de Queijos. Todos se projetavam ao futuro se imaginavam ricos como, já estava, o sábio.

Com o passar dos dias, o aumento da produção era visível, entretanto, as províncias começaram a guerrear internamente, por conta da divisão de sua dízima restante, que era o lucro da província.

O sábio, se sentindo responsável por todo o transtorno e as mortes- motivadas pelo aumento de produção, se obrigou a pensar uma solução para o problema.

Sem demora relevante, ocorreu, ao Sábio, a solução: este escolheu um responsável, de sua inteira confiança, para dirigir a Fábrica de Queijos. Sendo um Diretor Geral para cada Província.

Tudo correu na maior naturalidade, por um certo tempo, mas a escolha ( sempre vinda do sábio) deu origem a outro problema: operários e moradores queriam, eles próprios, fazerem suas escolhas, de diretor, assim como apontar candidatos à função mor.

O sábio relutou por “muitos tempos”, mas devido à pressões externas e internas, resolveu ceder.

Então tudo se deu como queriam moradores e operários. Eles próprios passaram a fazer suas escolhas. Tudo assinado e registrado em cartório. E a cada dois tempos escolhiam um novo Diretor Geral, que tinha como principais funções oligárquicas- outorgadas: responsabilidade pela produção, envio das nove dízimas do sábio e a partilha da dízima sobejante, em partes iguais, entre os moradores de sua Província e operários da Fábrica.


Logo ocorreu o inevitável: alguns moradores e operários ficaram sabidos e passaram a clonar Fábricas de Queijo.

O Diretor Geral, escolhido, democraticamente, por moradores e operários e produtores, não podendo impedir a multiplicação das fábricas, também se pôs pensar.

Reuniram-se todos os Diretores Gerais Provinciais, numa província distante, pensaram juntos e outorgaram a si mesmos o direito em parte do lucro, afinal as fábricas funcionavam, livremente, em território Provincial, que estava sob seu comando.

Ficou então determinado, assinado e registrado em cartório, que cada morador da província, independente de sua função nas Fábricas originais e clonadas, espalhadas pelo território ( ou meros comedores de queijos), deveriam repassar quatro dízimas ao Diretor Geral e uma dízima, esta opcional, ao que reza pela paz e prosperidade de todos.

Os provincianos aceitaram a Ordem-Mor . Passaram a fazer, sem qualquer questionamento, o envio rigoroso de quatro dízimas ao Diretor Geral e da dízima aos rezadores, salvo alguns rebeldes e ingratos, que recusavam devolução opcional.

Agora vou lhes contar a história da Fábrica de Sonhos.

A Fábrica de Sonhos

Esta fora criada em razão das necessidades da Fábrica de Queijos, a pedido dos proprietários. Pensada e moldada para preparar crianças e jovens para o ingresso nos trabalhos de produção.

Alguns são convidados, pela própria Fábrica de Sonhos, a se retirarem dela. A Fábrica não comporta alguns perfis. Esses também são rejeitados pela Fabrica de Queijos. Terminam guardando seus sonhos numa gaveta da vida. E, sem sonho e sem queijo, sobrevivem de migalhas que sobejam de alguns moradores, operários e produtores.

Outros vencem a Etapa- Fábrica de Sonhos- ingressam nas Fábricas de Queijo, depois de liberados e certificados e rotulados -bons operários – esses até chegam a participar de boa parte dos lucros, prosperam e vivem felizes para sempre.

Há também o grupo dos que passam pela Fábrica de Sonhos e pela Fábrica de Queijos, saem com um acumulado de sonhos e o “viver feliz para sempre” não lhe é incentivo… Se recusam a participar da “livre” escolha do Diretor Geral, criticam, escolhidos, escolhedores, rejeitados e perdedores, zombam de Deus e do Diabo! Vivem a vender suas idéias, e se auto-intitulam: “LIVRES.”

Contam pelas bandas provinciais que, até os dias de hoje, os Diretores Gerais recebem, rigorosamente, quatro dízimas (mais e menos) de cada morador de sua província, independendo de: quantitativo de produção, passagem pela Fábrica de Sonhos, titulação, aptidão, raça, etnia, credo, opção sexual, ideologia. Inclusos, obviamente, os “LIVRES”.

MARIZA LIMA.

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