quinta-feira, 4 de novembro de 2010

CANTORIA...
















O SERTÃO NA CAPITAL

Raimundo Nonato

Esse ambiente é a cara
de algo que não me estressa,
essas pilastras são marcos,
esse alpendre é outra peça,
e a casa do meu avô
era a fotocópia dessa.

Nonato Costa

Parece o sertão à beça,
que lembro a casa primeira,
torno de pau de armar rede,
couro de cobrir cadeira,
prego de pendurar quadro
de santo comprado em feira.

Raimundo Nonato

Nessa casa que eu destaco,
parece que eu estou lá,
no sertão que pote é freezer,
banco de angico é sofá,
e água de cacimba ganha
da mineral Indaiá.

Nonato Costa

No local que a gente está,
exibindo os nossos motes,
me lembra fogão de lenha,
pano na boca dos potes,
galinha ciscando lixo,
pra dar inseto aos filhotes.


Raimundo Nonato

Parece estar nos serrotes,
que têm madeira em cavouco,
que formiga corta folha,
que macaco quebra coco,
peba se hospeda em buraco
e mangangá se arrancha em oco.

Nonato Costa

Em também me lembro um pouco
da minha região bela,
casa que não tem ferrolho,
na porta nem na janela,
tem por dentro uma travessa,
reforçando a taramela.

Raimundo Nonato

Estou na floresta bela,
que cancão acua cobra,
bem-te-vi dá muitos vôos
e beija-flor faz manobra,
João de Barro constrói casa
E não tira alvará da obra.

Nonato Costa

Nessa casa a gente cobra,
igual na zona rural,
as paredes de tijolo,
sem ter cimento nem cal,
parece coisas de sítio
e não as da capital.

Raimundo Nonato

Parece até um local,
lá perto do Seridó,
que ainda não usam ruge,
que botam somente pó,
e mulher inda compra friso,
no cabelo usa um cocó.

Nonato Costa

Casa que tem caritó,
lembrando a gente comove,
a tábua de guardar queijo,
para que rato não prove,
e semente guardada em litro,
pra plantar depois que chove.

Raimundo Nonato

Esse ambiente, eu estando,
pareço estar no recinto,
que a preguiça é vagarosa,
que o gafanhoto é faminto,
e passarinho inda se engancha
em folhas de pega-pinto.

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