José Dirceu
A oposição e a grande mídia bem que se esforçam, mas não é tão simples como pretendem desconstruir o PT, sua principal liderança – o ex-presidente Lula – e o atual governo da presidenta, Dilma Rousseff.
Como prova disso, pesquisa realizada pelo Ibope e publicada no jornal O Estado de S. Paulo no último domingo mostra que o Partido dos Trabalhadores continua sendo o preferido dos brasileiros, enquanto o PSDB, muito atrás, registrou grande queda no Sudeste, onde estão seus eleitores mais fiéis.
Evidentemente o jornal preferiu destacar em sua matéria o suposto apartidarismo dos brasileiros, uma vez que 56% dos entrevistados disseram não ter nenhuma preferência por partido, contra 44% que apontaram inclinação por alguma legenda. Em 1988, os números eram invertidos, com 61% partidarizados e 38% sem preferência.
O jornal força uma análise do “desencanto com os partidos”, associando-o aos escândalos políticos dos últimos anos, como se 44% da população que se coloca simpática às legendas fosse um contingente desprezível. Além de não ser, vivemos em todo o mundo ocidental democrático um momento de redução da identificação da sociedade com as legendas políticas.
Em declaração na própria matéria do jornal, o cientista político Carlos Melo afirma que fatores históricos como a queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética ajudam a explicar o fenômeno.
Exaltaram, com euforia, a queda na popularidade do PT, que com 33% da preferência em pesquisa semelhante realizada em 2010, aparece nesta última com 24% de apoiadores. Acontece que, de acordo com os dados da pesquisa, praticamente todas as legendas perderam simpatizantes.
O PSDB, cuja preferência na região Sudeste, onde se concentra sua base, já chegou a 14%, hoje, não tem mais de 7% de adeptos. E o PMDB, que no governo Sarney, logo após o Plano Cruzado, já teve a preferência de 26% dos brasileiros, hoje tem apenas 6%.
Além do mais, o fato de o PT continuar sendo o preferido dos brasileiros, mesmo no auge de uma campanha intensiva da oposição e de setores da imprensa para desmoralizar suas conquistas e desmerecer o projeto político iniciado há dez anos com o ex-presidente Lula, não é pouca coisa.
O partido não apenas se mantém na liderança, como também se distancia dos demais em termos de popularidade, com índice de apoiadores quatro vezes maior que o do PMDB, indicado por 6% dos entrevistados, e quase cinco vezes maior que o do PSDB, citado por 5%.
Outro aspecto abordado na sondagem feita pelo Ibope é a identificação das pessoas de renda maior com as agremiações partidárias. Os tucanos são apontados como a sigla preferida de 23% dos entrevistados com renda familiar superior a dez salários mínimos, enquanto o PT, que já teve a preferência de 35% das pessoas neste segmento, na pesquisa atual registrou a simpatia de 13%.
Essa mudança de perfil pode ser analisada sob a luz daquilo que o professor e cientista político André Singer chama de “realinhamento eleitoral”. Para Singer, a partir de 2005, o PT vem perdendo apoio nos segmentos cuja renda familiar supera cinco salários mínimos e ganhando entre os eleitores de renda mais baixa.
Não coincidentemente, a pesquisa revela que o partido perdeu espaço entre leitores de jornais e revistas, um dado que passou batido nas análises feitas pelo jornal, mas que é de grande relevância, quando consideramos a cobertura editorializada da mídia sobre a Ação Penal 470, exatamente a partir de 2005.
Desde então, instaurando-se como poder político, revistas e jornalões buscam criminalizar o partido, bombardeando o público com falsas denúncias e manchetes mentirosas, que se multiplicam e repetem dia a dia.
Ainda assim, o desgaste que certamente gostariam de acarretar é muito menor do que aquele que, de fato, produzem. A identificação da grande maioria com o PT é um sinal inconteste de que o partido continua contando com a confiança dos brasileiros e de que o Brasil está no rumo certo.
Para além de todas as análises sobre números e tendências, em excelente artigo recentemente publicado, o jornalista Luiz Carlos Azenha toca em algo que é fundamental para explicar a identificação dos brasileiros com o PT.
Hoje, grande parte da população brasileira, que compõe a imensa classe média, compartilha uma sensação de pertencimento que “nenhuma pesquisa de opinião é capaz de medir”. E esta sensação está associada ao PT.
Afinal, o PT é inegavelmente o partido que tem conduzido nos últimos dez anos o processo de mobilidade social e redução das desigualdades que está mudando o nosso país.
Os brasileiros que deixaram de pertencer a um mundo de exclusão, onde seus direitos não eram reconhecidos e muito menos garantidos, hoje percebem a importância de um projeto que, combinando a reorganização do Estado, políticas sociais e fortes investimentos em infraestrutura, promove a recuperação da nossa autoestima, gera empregos, renda e oportunidades, devolvendo a milhões de brasileiros o sentimento de cidadania e dignidade.
O que a grande mídia brasileira se empenha diariamente em tentar esconder é que o PT tem tudo a ver com a construção de um Brasil próspero, pujante, desenvolvido e que cresce incluindo, melhorando concretamente a vida de seu povo.
O pertencimento dos brasileiros a esse novo Brasil é a razão de ser do PT e a explicação para que o partido continue surgindo como a maior expressão política do país.
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