Frei Damião de Bozano
andava pelo sertão
fazendo uma pregação.
Mas por ser italiano
cometia um certo engano,
pois na hora que pregava,
às vezes se enrolava
com certos trejeitos seus,
invés de dizer “Foi Deus”,
“fodeus”, era o que falava.
Num certo dia ele estava
ali pelo Juazeiro
numa missa do vaqueiro
que todo ano rezava.
E tudo que ele falava
chamava muita atenção,
pois o povo em procissão
andava léguas a pé
pra demonstrar sua fé
e assistir sua missão.
Frei Damião começou
falando do sacramento,
do relacionamento
da vida de quem casou,
depois ele comparou
com as lutas dos Fariseus,
dos Nobres e dos Plebeus
e disse nesse momento:
Quem criou o casamento
tenha certeza: fodeus.
Fodeus quem fez o sertão,
fodeus quem criou a terra,
fodeus quem criou a serra,
fodeus quem criou o pão,
fodeus quem fez seu irmão
e também quem fez os meus.
Fodeus quem fez os ateus,
Deus só não fez lobisomem.
Fodeus quem criou o homem
e a mulher também... fodeus.
José Acaci
UMA CAGANEIRA BRABA
José Acaci
Eu vou lhe contar um caso
acontecido comigo,
que me deixou a perigo,
num estado de arraso.
E para não ter atraso,
vou fazer um apanhado
contando o caso passado
de uma dor de barriga,
e o causador dessa intriga,
um Bat-Gut estragado.
Eu me lembro que eu estava
na casa da namorada,
e na primeira pontada,
quase que eu me entregava.
Senti que a coisa apertava,
e nesse vasa não vasa,
vermelho como uma brasa,
despedi-me da donzela,
escorreguei na banguela,
e fui direto pra casa.
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Porém, na hora que eu vinha
andando pela estrada,
encontrei um camarada
escorado num fusquinha.
Era Joca de Sinhaninha.
Conversador afamado,
esticador de recado,
que eu tentei dispensar,
para poder me livrar
daquele nó apertado.
Quando ele viu que eu estava
andando meio apressado,
encostou-se do meu lado
pra ver o que se passava.
Notando que eu desviava,
começou a perguntar,
e eu querendo me livrar
e conseguir um relax,
disse: -“ Eu vou passar um fax,
e depois vou relaxar.”
O cabra não entendeu
a mensagem que eu passei,
e eu me agoniei
com o tranco que ele me deu.
Quase que a coisa fedeu,
deu febre, frio e calor,
chega eu senti uma dor,
quando ele pegou meu braço,
e disse: -“ Deixe que eu faço
lá no meu computador.”
-“A internet é a chave
que abre qualquer porteira,
não precisa de canseira,
com ela não tem entrave.
Se tens um problema grave,
uma dúvida, ou um receio,
mande ligeiro um ‘emeio’,
que o problema é resolvido
sem ter seu tempo perdido,
sem pressa e sem aperreio.”
Era o sujeito falando
e eu ali me espremendo,
não tava nem entendendo
o que ele tava contando,
só sei que fui misturando
diarréria com orkut,
caganeira com out – boot,
“báite” com dor de barriga,
“quilobáite” com a bexiga
taboca do Bat – Gut.
Nesse momento eu senti
a primeira cheringada,
quando veio outra pontada
eu chega me contraí.
No desespero eu corri
fechando minha torneira,
e lá no meio da carreira
eu gritei pro falastrão:
-“Não vou passar fax não,
eu tô é com caganeira.”
E saí me espremendo,
rezando o pelo sinal,
suando, passando mal,
e todo me contorcendo.
Já com as pernas tremendo,
Apelei pras orações,
prometi dez foguetões,
rezei a “Salve Rainha”,
quando lembrei que inda tinha
que abrir quatro portões.
Errei chave, errei chaveiro,
deixei cair cadeado,
tropecei num gradeado,
e enfim cheguei ao banheiro.
Mas para meu desespero,
o vaso tava ocupado,
era Chico meu cunhado,
que gritou pedindo calma,
eu fui no fundo da alma
e gritei desesperado:
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-“Abra essa porta Chiquinho,
abra que eu dou dez reais,
eu já não agüento mais,
eu vou me sujar todinho.
Abra logo Francisquinho”.
E ele ouvindo esse pedinte,
respondeu-me com o requinte
de um bicho peçonhento,
aproveitando o momento,
disse: - “Só abro por vinte.”
Paguei os vinte reais,
e quando entrei no banheiro,
baixei as calças ligeiro,
e agi com todo gás.
Quando eu me senti em paz,
Com o espírito aliviado
foi que eu me virei de lado
e me senti um otário,
ao notar que o sanitário
ainda estava fechado.
O trabalho mais seboso
que eu já fiz foi a limpeza,
mas ficou uma beleza,
pois sou muito caprichoso.
Tomei um banho gostoso
troquei calça e jaquetão.
Voltei e peguei na mão
De Rosinha, minha amada,
Mas senti outra pontada,
e o resto eu não conto, não.
FIM.
O meu baú tá lotado:
Tem “O Sonho de Joãozinho.”
E “O Bicho Caiu de Lado.”
Eu aconselho também:
“Um Chifre Que Me Fez Bem.”
E “Assédio Sexual.”
“A Vingança de Maria.”
E, pra ler no fim do dia:
“Dois Matutos no Hospital”.
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“A Operação que Fizeram
no Ás de Copa de Zé.”
E “Antologia do Peido.”
Histórias que eu boto fé.
E mais duas desse escriba:
“Dois Lisos de Macaíba
e “Histórias de Advogado.”
E completando o roteiro:
“Arengas de um Cachaceiro
Dentro de um Ônibus Lotado.”
Quem quiser me contratar,
comprar cordéis ou cd’s:
Nove-nove-cinco-um,
nove-oito-sete-três. (9951-9873)
Ou então mande um emeio,
bote um arroba no meio,
que eu vou achar muito bom:
joseacaci, colado,
arrouba e, do outro lado,
hotmail.com. (joseacaci@hotmail.com)
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