sábado, 26 de janeiro de 2013

A ÓPERA DO MENSALÃO...



MENSALÃO, O MUSICAL

Nelson Motta
Com grandes espetáculos, cenários luxuosos, elencos competentes e salas lotadas em longas temporadas, os musicais se tornaram o sucesso do momento no teatro brasileiro. Em tese, qualquer tema pode inspirar um musical, bastam boas músicas e letras e uma historinha para costurar tudo. Até o mensalão daria um musical.
A abertura seria a cena verídica, relatada por José Casado, do encontro de Lula e Zé Dirceu com Roberto Jefferson para celebrar o acordo do PT com o PTB. Com bons vinhos e largos sorrisos, eles chegam para o jantar festivo na casa de Jefferson. Depois do lauto repasto, dos risos e das garrafas vazias, passam à biblioteca para o café, conhaque e charutos.
Desabado no sofá vermelho, com o olhar já meio turvo, Lula é surpreendido por Jefferson, que começa a cantar acompanhado ao piano por sua professora de canto lírico:
Eu sei que vou te amar
por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
desesperadamente eu sei que vou te amar…”
Os convidados emudecem, a voz do barítono ressoa na sala, com gestos largos e interpretação grandiosa, olho no olho de Lula, Jefferson canta a música inteira com intensa emoção e termina com a voz embargada, enquanto uma lágrima furtiva rola pela face de Lula.
Trinta políticos de vários partidos, com ternos brilhantes, gravatas medonhas e cabelos acaju, invadem a cena cantando e dançando para Lula e Jefferson:
“Ei você você aí
me dá um dinheiro aí
me dá um dinheiro aí.”
Segue dueto de Jefferson e Zé Dirceu em “Vou festejar”:
Jefferson:
“Chora, não vou ligar
chegou a hora
vais me pagar
pode chorar, pode chorar.”
Dirceu:
“É o teu castigo
brigou comigo
Sem ter por quê.”
Jefferson:
“Eu vou festejar
vou festejar
o teu sofrer
o teu penar.”
Os dois juntos:
“Você pagou com traição
a quem sempre lhe deu a mão.” (bis)
Dirceu canta “Segredo”, de Herivelto Martins, para Jefferson:
“Teu mal é comentar o passado
ninguém precisa saber do que houve entre nós dois
o peixe é pro fundo das redes
segredo é pra quatro paredes
primeiro é preciso julgar pra depois condenar.”
Joaquim Barbosa bate o martelo. Blackout.

Nenhum comentário:

Postar um comentário