UM GENUÍNO CARA DE PAU
POR HARDY GUEDES...
Quando o PT surgiu, abracei a causa de imediato, por conta das promessas de ética, igualdade de oportunidades, mudança do modelo econômico, etc.
Aqui em Curitiba, ainda me lembro, a sede do PT era bem acanhada. Uma portinha ao lado do Corpo de Bombeiros.
Decidido a ter uma participação efetiva na nova sigla que trazia em sua pregação uma filosofia política diferente, que vinha ao encontro dos anseios da sociedade, especialmente no período ditatorial, fui à sede do PT, preenchi ficha de filiação e ofereci uma canção de minha autoria chamada MURALHA caso quisessem usar em suas propagandas eleitorais (“Pedra por pedra se faz a muralha, juntando uma por uma as mãos de quem trabalha…”)
Como jamais fui chamado a participar de nada e até mesmo a minha ficha de filiação desapareceu, percebi que havia, por aqui, alguns interesses pessoais que se sobrepunham aos da coletividade.
Apesar disso, durante muito tempo, votei apenas no PT. Quando não tinha um candidato determinado, votava na legenda.
Se o PT daqui não me pareceu muito aberto, em nível nacional eu admirava alguns de seus líderes mais destacados, dentre eles, José Genoíno.
Sentia por ele uma enorme simpatia e, caso fosse eleitor em São Paulo, teria dado a ele meu voto, sem a menor dúvida.
O tempo passou e, bem mais tarde, quando o PT iniciou a campanha que levou Lula à presidência, mesmo discordando das alianças, que não diferiam em nada das alianças que levaram FHC ao poder (Esquerda + Direita), fiz força pelo PT, usei adesivo no carro etc.
Logo após a posse de Lula, com a manutenção da política econômica de FHC, senti que tanto eu, quanto o restante do povo brasileiro havíamos caído num verdadeiro conto do vigário.
Os juros extratosféricos em favor dos banqueiros, o pífio crescimento econômico gerado por uma política econômica equivocada, que não nos permite crescer a taxas capazes de nos livrar do atraso, a qual venho combatendo insistentemente, não permitem à maioria da população ascender socialmente (apesar da propaganda governamental), por não incentivar o micro, o pequeno e o médio empresários que, comprovadamente, são os grandes geradores de emprego.
Ou seja, a opção do PT, desde o início, foi favorecer os grandes empresários que, no final das contas, “compraram” os seus dirigentes.
Pouco a pouco e cada vez mais, o PT mostrou-se uma decepção para quem sonhava com uma política correta, honesta, ética, justa…, especialmente com o advento do mensalão. Aí mesmo é que me afastei de vez.
Como sou a favor de partidos políticos, de ideologias e contra o culto a personalidades que, no frigir dos ovos, têm de se submeter às orientações partidárias, às decisões da cúpula, perdi toda e qualquer admiração pelo PT e por seus expoentes políticos. O que era uma aspiração, um sonho, um ideal virou quadrilha. Tanto que alguns dos seus principais líderes, como José Dirceu e José Genoíno, foram condenados pelo STF por conta da execução de um plano de compra de apoio político usando recursos subtraídos aos cofres públicos.
Após a condenação, como se fossem inocentes de cândida pureza, querem mobilizar os seus militantes em defesa dos que foram condenados por conta dos crimes que cometeram.
Sinceramente, acho que, ao contrário disso, o Brasil decente é que deveria ir às ruas repudiar toda e qualquer manifestação em favor dos condenados, bem como repudiar a posse do Sr. José Genuíno como deputado federal.
Uma nação, na qual os próprios legisladores não respeitam as Leis, jamais será verdadeiramente uma nação.
Lutar contra uma ditadura é justificável, mas rebelar-se contra uma decisão do STF, dentro de uma democracia presidida pelo partido do qual faz parte, é banditismo.
A posse do Sr. José Genoíno prova, em definitivo, que o antigo “Guerrilheiro do Araguaia” transformou-se num genuíno CARA DE PAU.
Perdeu de vez toda a credibilidade. Jogou sua história na lata do lixo.
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