sábado, 5 de janeiro de 2013

POETAS DO IMPROVISO...



Os saudosos poetas repentistas Lourival Batista e Pinto do Monteiro, cantando  em Caruaru, no ano de 1969
Pinto do Monteiro cantando com Lourival Batista:
Pinto do Monteiro
 
Lourival você é mesmo
Um bamba na cantoria
Pois, tanto tem improviso
Como tem muita teoria
Porém para os companheiros
Lhe falta ‘deplomacia’.


Lourival Batista
Você tem muita poesia
Como em outro eu nunca vi
Porém o seu português
É fraco pelo que ouvi:
Dizendo o ‘deplomacia’
Tire o ‘e’ e bote ‘i’.


Pinto do Monteiro
Troquei o ‘e’ pelo ‘i’
Fiz nas letras a mistura
Mas o colega desculpe,
Não é falta de cultura,
Pois tudo isto acontece
A quem não tem dentadura.


Lourival Batista
Lourival não lhe censura
Por pronunciar assim
Mas se é por falta de dentes
Bote outros de marfim
Pra não errar outra vez
Que vier cantar ‘comim’.


Pinto do Monteiro
Agora eu achei ruim
A frase do meu amigo
Onde foi que você viu
Comim em vez de comigo?
Eu disse ‘deplomacia’
Mas uma dessas não digo.
* * *


Zezo Correia Patriota
Canta a cauã com agouro
Em cima de uma aroeira
No ninho da quixabeira
Canta a casaca-de-couro
Eu admiro é um louro
Lá no oco apertadinho
Dentro criar um filhinho
Com tanta satisfação
Causando admiração
A vida de um passarinho
Vê-se um maracanã
Rasgando espiga de milho
Pra dar comer a seu filho
Todo dia de manhã
Também vejo a ribaçã
Pôr pelo chão sem ter ninho
Deixar o ovo sozinho
Depois tirar sem gorar
Isso faz admirar
A vida de um passarinho.
* * *


Adauto Ferreira Lima
Quando o sujeito envelhece
Quase tudo lhe embaraça
Convida a mulher pra cama
Agarra, beija e abraça
Porém só faz duas coisas:
Solta peido e acha graça.

* * *
Dimas Bibiu
Eu não creio em quem faz economia
Passa fome com pena de gastar
Vê um pobre faminto não lhe dá
Um pedaço do pão de cada dia
Tem dinheiro, tem terra, vacaria
Nega um copo de leite a uma criança
Junta tudo que tem, ainda avança
Pra tomar um pedaço do alheio
Pode até se salvar, mas eu não creio
Só se Deus der um toque na balança!
* * *
Anselmo Vieira de Souza
Patrão, eu tô lhe pedindo
Sua boa proteção,
Deixei o meu natural,
A poeira do meu chão,
E vim pra este lugá
Coberto de precisão,
Me valendo dum e doutro,
Mode vê que é que me dão,
Só não quero que me digam:
“Vá trabaiá, seu ladrão.

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