UM TEXTO DE AUGUSTO NUNES
DEMISSÃO
Em dezembro de 2008, o presidente da Vale, Roger Agnelli, anunciou que as medidas adotadas para sobreviver à crise econômica internacional incluiriam a demissão de 1.300 funcionários.
Uma empresa privada não precisa pedir licença ao governo para tomar decisões do gênero. Um executivo como Agnelli não tem tempo a perder com consultas a políticos tão autoritários quanto ineptos.
Mas no Brasil as coisas não funcionam assim. O maior dos governantes desde Tomé de Souza transformou o condutor da Vale em inimigo da pátria - e não sossegou até que Dilma Rousseff conseguisse demiti-lo por excesso de competência.
Nesta quinta-feira, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, confirmou que a Construtora Camargo Corrêa resolveu demitir 6.000 trabalhadores alojados nos canteiros de obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia.
Como é o PAC quem está pagando a conta dos dois mamutes em construção, como evitar represálias duríssimas do Planalto? Quantas cabeças rolariam na direção da Camargo Corrêa? Nenhuma, informou o entusiasmo do arauto da péssima notícia.
“As demissões são naturais, até porque a Camargo Corrêa fez uma autocrítica e contratou mais gente que o adequado”, festejou Carvalho, convencido de que a multidão de desempregados não vai arranhar a imagem do governo. Agnelli acabou perdendo o cargo por ter demitido 1.200 funcionários.
Mas a Camargo Corrêa é uma boa companheira. Por terem consumado um corte quase cinco vezes maior, os executivos da construtora não se limitaram a garantir o emprego.
Podem acabar transformados em candidatos a ministro da Fazenda.
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