sexta-feira, 4 de março de 2011

DIFERENÇAS ENTRE O HOMEM E A MULHER...





MATEUS SCHERER - PORTO ALEGRE-RS


Dilma Rousseff está pontificando. Sua postura nesses primeiros dois meses de governo tem sido irrepreensível. Salvo um ou dois deslizes, que podem ser depositados na conta da assessoria. Aparece pouco, somente o necessário. Resume os discursos. Tenta construir uma imagem de mangas sempre arregaçadas ao trabalho. E o mais importante: posta-se como impoluta defensora da democracia.

Segunda-feira, em prestigiado evento comemorativo aos 90 anos do jornal Folha de S. Paulo, a presidenta confirmou aquilo que muitos achavam que seria um posicionamento temporário de candidata, de defesa irrestrita da liberdade de imprensa. O duro é ter que sugerir que isso não demora a lhe causar problemas. E de alto coturno.

Até quando Luiz Inácio vai suportar o reluzir constante da sua ex-auxiliar, agora sentada em seu antigo gabinete? O ciúme corrói o homem!



Ela

As palavras ditas por Dilma são belas e merecem ser repetidas. Logo após a longa lista de cumprimentos, começou: “A nossa democracia se fortalece por meio de práticas diárias. As discussões que a sociedade trava e que leva até as suas representações políticas. E, sobretudo, pela atividade da liberdade de opinião e de expressão. E, obviamente, uma liberdade que se alicerça, também, na liberdade de crítica, no direito de se expressar e se manifestar de acordo com suas convicções”.

Ele

Lula, num dos comícios da última campanha, em Campinas, foi a antítese disso: “Tem dia em que determinados setores da imprensa brasileira chegam a ser uma vergonha. Se o dono do jornal lesse o seu jornal ou o dono da revista lesse a sua revista, ficariam com vergonha do que estão escrevendo exatamente neste momento. O que eles não se conformam é que um metalúrgico fez mais universidades do que os presidentes elitistas desse país”.

Ela

Dilma disse: “Uma imprensa livre, plural e investigativa, é imprescindível para a democracia num país como o nosso, que além de ser um país continental, congrega diferenças culturais, apesar da nossa unidade. Um governo deve saber conviver com as críticas dos jornais para ter um compromisso real com a democracia. Porque a democracia exige, sobretudo, este contraditório, e repito mais uma vez: o convívio civilizado, com a multiplicidade de opiniões, crenças, aspirações.

Ele

Lula defendeu em entrevista a O Globo, em outubro de 2009: “Não acho que o papel da imprensa é fiscalizar. É informar. Para ser fiscal, tem o Tribunal de Contas da União, a Corregedoria Geral da República, tem um monte de coisas”.

Comentários

Pela postura tão divergente, e muito mais positiva em relação à liberdade de expressão, a presidenta mereceu protagonizar o principal editorial da edição de ontem do jornal O Estado de S.Paulo. Foi elogiada como Lula nunca foi num artigo de opinião do Estadão.

Lição

Para finalizar, nada melhor que a frase que Dilma usou para também encerrar sua fala no evento da Folha: “Todos nós devemos preferir um milhão de vezes os sons das vozes críticas de uma imprensa livre ao silêncio das ditaduras”. A paz entre ela e Lula está com os dias contados!

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