quinta-feira, 31 de março de 2011

MAIS VELASQUEZ...


Pintura: As Fiandeiras ou a Lenda de Aracne (c.1657)


A cena se passa no interior das oficinas de tapeçaria do rei. O tema é simples, inusitado, diria até pobre, mas o tratamento que o pintor dá a ele, diz tudo. Em nenhum outro quadro ele foi tão surpreendente com as cores.

É uma paleta simples: vermelho, azul-esverdeado, cinza e preto, em tons variados e misturados com maestria. O ambiente é escuro, insalubre. Há um feixe de luz ao fundo e no ambiente das fiandeiras, a luz que vem da direita: é admirável como ele conseguiu, com cores tão limitadas, uma luminosidade que sempre associamos aos Impressionistas e isso 250 anos antes...

Considerado um dos momentos mais altos da pintura, “As Fiandeiras”, também conhecida como a “Fábula de Aracne”, é óleo sobre tela (2m22 x 2m93). Vemos, no primeiro plano, cinco mulheres, as fiandeiras. Ao fundo, senhoras ricas e elegantes que examinam uma tapeçaria.

A peça examinada por elas conta a lenda de Aracne, jovem que se vangloriava de tecer tão bem quanto Palas Atena; a deusa, enfurecida, ordena que ela passe o resto de seus dias tecendo e a transforma em uma aranha.

Velázquez se utiliza da lenda e mostra, na peça pronta que as senhoras examinam, o momento em que a deusa, reconhecida pelo capacete, ergue o braço e amaldiçoa Aracne.

Como em outros de seus quadros, há dois temas: as senhoras elegantes que examinam a tapeçaria e olham curiosas para as fiandeiras que tecem sem parar, são o segundo tema; o primeiro plano, esse é o tema da tela onde o pintor sintetiza seu fantástico conhecimento das possibilidades da pintura e seu absoluto domínio do espaço e da perspectiva.

É tela cheia de símbolos. Por exemplo, a textura e o realismo da cortina vermelha, que uma mulher afasta com a mão, como a nos convidar a olhar a cena. Palas Atena está na tapeçaria ao fundo, mas também na cena principal – é a mais velha das fiandeiras, a única com a cabeça coberta. A jovem à sua frente, enrolando a lã para formar um novelo, é Aracne.

É considerada a primeira tela que retrata um ofício. O trabalho é visível: a roca parece girar e as mãos de Aracne correm, velozes, enrolando seu novelo.



Acervo Museu do Prado, Madrid
Fontes: www.en.wikipedia.org/
www.ibiblio.org/ Lello Universal

Nenhum comentário:

Postar um comentário