UM TEXTO DE CARLOS NEJAR
O SILÊNCIO DA REPÚBLICA
Paira um grande silêncio na República - não sei se é de ouro - depois da saída do governo Lula.
Cessou o rumor, quase diário, das entrevistas na tevê, cessou a opulência retórica e demagógica das reportagens, e sabiamente a nova presidente se calou.
Postulando com decente justeza a competência* não o compadrio - como fundamento dos cargos de segundo escalão,trabalha em silêncio, como Minas, seu Estado natal.
Defronta-se o Brasil com a maior inflação da América Latina, havendo com a soma dos fatores como: indexação, taxa elevada e estímulos fiscais a dificuldade de estabilização dos preços, depois de 17 anos de estabilidade econômica. O que nos faz vislumbrar penosos meses. E tal situação leva o governo a suspender investimentos, evitar o desperdício e os gastos desnecessários, em todo o organismo político. O que explica a anterior luta de Lula, usando desesperadamente a máquina do Estado, para a vitória de Dilma, porque o monumental rombo deixado não poderia jamais ficar com a oposição.
Foi inumerável a gastança com o aumento dos ministérios (e agora do seu salário), com a multiplicação dos funcionários civis na esfera federal, os cartões cooperativos que acabaram sufocados no esquema de “segurança nacional”, as viagens da Presidência por todos os quadrantes, a propaganda institucional por todas as torneiras da publicidade, a doação de nosso dinheiro, generosamente e sem retorno aos países vizinhos, concessões inverossímeis ao Paraguai e a Bolívia, entre outros, somando-se o fiasco de sustentar o folclórico Zelaya na Embaixada de Honduras, com a sua vasta “entourage”.
Não adianta. O que é ocultado nos porões do palácio, vem ao telhado. E com todos os excessos, a discussão se reduz ao tamanho do salário mínimo, quando é uma aberração diante do aumento, em causa própria, dos vencimentos dos deputados e a Bolsa Família, ferramenta eleitoral de fabricação caseira, onde os que nada fazem levam vantagem sobre os que trabalham, às custas do bolso da nação.
E o silêncio do governo é significativo, quando nos acostumamos a uma propaganda sistemática do governante anterior, como se estivéssemos no melhor dos mundos. E mais ainda quando esse silêncio é o eloquente corte de verbas, o encobrimento de um rombo que se adivinha onde começou e ninguém sabe onde termina. Esse silêncio - sabe-se - é mais produtivo e útil à República do que o ruído de antes.
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