sexta-feira, 23 de agosto de 2013

UMA CRÔNICA DE VIOLANTE PIMENTEL...

A VINGANÇA DOS POMBOS
Seu Luiz Marcolino era um industrial rico e respeitado, residente em Natal. Era poeta, boêmio, e sabia aproveitar os prazeres da vida. Separado da mulher, preenchia seu tempo de folga na companhia de amigos, que eram muitos. Esbanjava dinheiro nos bares e restaurantes. Não perdia festas em Natal, nem nas cidades do interior do Estado. Era um tipo bonachão, alto e meio gordo. Apreciava a boa cozinha nordestina, especialmente as comidas pesadas, como buchada, rabada, cozido e sarapatel. Também gostava muito de bebidas alcoólicas, sendo fã de uma boa cachaça. Não relaxava no trajar. Gostava de terno branco e chapéu de massa.
Certa vez, Seu Luiz Marcolino foi com uns amigos a uma festa numa cidade do interior. Era dia de vaquejada. A animação era grande. Ele gastou dinheiro à vontade em apostas, e bancou muita comida e bebida para os amigos menos abastados. Depois de se empanturrar de sarapatel e buchada, e também de beber umas boas lapadas de cana, Seu Luiz Marcolino começou a sentir um reboliço intestinal. Tomou um antiácido, mas de nada adiantou. As cólicas aumentaram tremendamente. Desesperado, distanciou-se dos amigos, indo à procura de uma privada, que ficava no fundo do quintal de um botequim. A dor de barriga foi grande. Dessas de arrepiar o sujeito até a alma. O homem passou um tempão na privada.
Depois de cumprir a necessidade de aliviar o intestino, da matéria fecal que nivela a humanidade, veio o segundo problema: Não havia papel para ele se limpar! Água para se lavar, muito menos! Bastante aflito, Seu Luiz Marcolino pediu a Deus que lhe mostrasse uma saída! Olhou para cima e, como por milagre, avistou, entre o telhado e a baixa parede do banheiro, um casal de pombos, juntinhos e cochilando. Mais que depressa, segurou um pombo em cada mão e, com cuidado, limpou-se com um, e depois com o outro. É claro que não se limpou a contento, mas, naquele momento, foi sua única opção. Os pombos ficaram imundos de fezes. Seu Luiz Marcolino teve o cuidado de colocá-los de volta, em cima da parede onde se encontravam antes.
Em seguida, vestiu o terno branco, pôs o chapéu na cabeça, e se preparou para deixar o minúsculo banheiro. De repente, os pombos sentiram-se assustados, e, num mecanismo de defesa, sacudiram-se bruscamente, tentando se livrar da sujeira que lhes escorria das penas. A rapidez, com que eles se sacudiram, foi tão grande, que Seu Luiz Marcolino ficou todo salpicado de fezes. Nem o chapéu escapou.
O homem deixou o banheiro, esbravejando de raiva dos pombos, mas não teve coragem de contar o ocorrido a ninguém, pelo menos naquela hora. Bastante contrariado, encaminhou-se para o seu carro, e voltou para Natal, acompanhado de alguns amigos.
E a festa terminou aí…

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