terça-feira, 27 de agosto de 2013

ANTONIO GANGA...O PINTOR...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.

Antonio Ganga... O Pintor...


 Facies de um 

Senhor, se despedindo do neto, para se 



in ternar num abrigo de velhos...por que 




casa de seus filhos não lhe cabe 


mais...por que a velhice é 


repugnável...por que ele como velho, 

não 


vale mais nada...


DEIXO A MINHA HOMENAGEM A 

TODOS OS VELHOS que 

compulsoriamente são depositados em 

abrigos, pois se tornaram incomodo, um 

estorvo, um tumor... a maior ingratidão 

da vida...gaiola de ouro não dá comida a 

passarinho...

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Antigamente, no fim do ano,todo mundo 

pintava a casa...em Nova Cruz, pintar a 



casa era status, era promessa de festa, 

de papai noel, de alegria...





Se pintava a casa com Oca, tinta 

amarela,Roxo terra, tinta vermelha, 

geralmente para dar a barra,azul rei,e os 

mais ricos pintavam sempre com tinta a 

óleo...


as nossa casas não viam regularmente a 

tinta á óleo, pois meu pai achava caro e 

detestava gastar dinheiro...as nossa 

casas eram caiadas, todo ano.


O pintor popular era António ganga, um 

caiador, humilde e simples...


chegava Outubro e António ganga era 

visto com a escada nas costas...isto eu 

ví 

durante toda a minha vida...


A maior feira da nossa loja, era a do 

natal, se vendia muito Hidracor e tinta 

xadrez, para fazer o cal ficar de cor...nós 

saíamos do comercio as 18h, todo

 mundo sujo de tinta e a gaveta cheia de 

dolar...


O tempo passa e António ganga ficou 

viúvo e sem ninguém...veio a 

velhice...ele 

só valia o que pintava...


Um dia, António ganga procura minha 

mãe para se despedir...estava 

abandonado, ninguém cozinhava para 

ele...ia se render num abrigo de 

velho...disse tudo isso a minha mãe, que 

escutava apreensiva...mamãe tentou 

dissuadi-lo da idéia, ele retrucou, não,

 falei agora mesmo com o padre da 

cidade, e ele me deu conselho, que eu 

fosse...


Mamãe , com a autoridade e a a 

resolução que Deus lhe deu afirmou: eu 

me admiro é o padre, não ter vergonha 

de lhe dar este conselho, é o padre 

achar 

isso normal... Não vá Não, seu Antonio, 



todo dia venha buscar o seu almoço que 

eu lhe dou...não abandone a sua 

casinha 

não...


Durante muitos anos vi mamãe fazendo 



Farnel de Antonio Ganga, que chegava 

pontualmente,, lã em casa as onze 

horas...mamãe aconchegava a comida, 

numa vasilha com tampa, pessoalmente 

fazia isso,até o último dia, do velho 

pintor... com todo prazer e respeito...


Na velhice de minha mãe, ela me dizia: 

na vida, só não me arrependo é de ter 

feito muita caridade... primeiro os 

pobres...


Mamãe detestava quem colocava os 

seus 

velho, para morrer em abrigo de 

velhos...dizia que era a ingratidão Maior...


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