Eu nasci em maio de 1955...minha mãe no
resguardo, recebe a visita de uma mãe que
havia parido há alguns dias, o bebe no braço,
e a irmã tomando conta da bolsa do enxoval
da criança...na mesma semana, esta visita foi
feita ao avô daquele bebe, que era dono de
uma fábrica de fogos... nisso há uma explosão
e a fábrica voa pelos ares... a senhora morreu
na hora, a ajudante escapou, e o bebe foi
jogado á metros e ficou espetado numa cerca
de varas, porém ferido e vivo...mamãe
escutou
um grande estrondo e foi informada do
sinistro, e relembrou da recente visita... o
dono da fabrica, avo do bebe e sogro da
falecida, foi torado ao meio e o tronco
colocado num carro de trem, e morreu na
viagem pra natal.
Mamãe, consternada, pediu para amamentar a
criança e o fez... num peito eu mamava, no
outro o Djair todo ferido... durante alguns
meses, apontava na pele da criança, estilhaços
de madeira e arame, que eram delicadamente
puxados...
DJAIR cresceu e brincou muito
comigo, hoje é um senhor casado em Recife.
Nasci na fartura...inclusive de leite... mamãe
amamentava os filhos e os filhos das amigas
sem leite... tenho muitos irmãos de leite,
como
Djair. Dai, esta paixão profunda por tudo,
este
desprendimento, este amor a solidariedade...
este sentimento interior e solitário de não se
ser nada... A grandeza está na ação, nos
gestos, e em que a gente tornou a nossa vida...
há dois anos, fui ao Guinza com salete, a
mocinha que escapou, que era irmã da que
morreu e tia do menino... entre uma taça e
outra de vinho, ela relembrou todos os
detalhes, e falou que a explosão começou no
exato momento, em que ela pôs a sombrinha
num local.
O que causava admiração á época, era como
seu passinho, somente com o tronco, ainda
passou umas horas vivo, dizendo que tratasse
dos outros ,que ele estava bem.
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