segunda-feira, 5 de agosto de 2013

UMA CARTA A PROFESSORA VALDÉLIA DE BARROS...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.



               Minha querida Prof. Valdélia...

               Pense numa alegria...abrir um blog de Nova Cruz, a minha terra, e ver tão grande elogio a mim,um homem cujo combustível é o sonho...
               Tudo que aprendi de humano foi nesta cidade...sou uma planta da rua do grupo,que de instante em instante dá uma rosa,ou uma colher de chá, para enfeitar a vida,abrandar o que é duro,e dar á própria existência ,um sabor adocicado...

               Nova Cruz foi a minha grande universidade,foi quem me ensinou a bondade,foi quem me apresentou a DEUS,foi onde aprendi a escutar as estrelas e as flores e  a amar os bichos...
               Hoje, tenho cinquenta e oito anos,mas não conseguí  sair da minha rua...Eu sou uma síntese do que me ensinaram os meus pais, e o que aprendi no Colégio Nossa Senhora do Carmo, onde entrei no preliminar, segurando na mão de Irmã Edite,e saí quando terminei o ginásio,com o sentimento do mundo e agarrado definitivamente com a mão de DEUS...feliz do colégio que impregna uma criança e um homem da vontade de DEUS...
               Meus professores em Nova Cruz não tinham mestrado nem doutorado, eram pessoas simples, mas que injetavam na criança que eu era,o sentimento do amor, da solidariedade,o sentimento de não se achar nada...
               Minha mãe era um ser de luz...que tinha contatos permanentes, de primeiro grau com o céu e a natureza, e me contagiou...
               Meu pai me ensinava a grandeza do trabalho, e só abria para DEUS...
               Irmã Luiza, professora do segundo e terceiro ano primário,foi uma fada na minha vida...tanto me sentou no piano, como me mostrou DEUS em tudo...e eu cresci assim...
               Aprendi com Baltazar,o engraxate,escutando o violão de seu Joquinha,abismado com a criação musical de TENENTE FREITAS,um maestro pobre, mas digno de uma Rede Globo...
               Tive na vida um tesouro chamado Paulo Bezerra, meu tio,tão livre dos apegos do mundo, que pela sua lei  a gente era obrigado a ser feliz...era um homem que com uma frase definia tudo:
               SE OS HOMENS PUDESSEM JÁ TERIAM ENGARRAFADO O OXIGÊNIO, E NÓS ESTÁVAMOS COMPRANDO UMA GARRAFA PRA PASSAR A SEMANA,COMO FIZERAM COM A ÁGUA MINERAL...
              ME DIZIA,MEU FILHO, FULANO É TÃO POBRE, QUE A ÚNICA COISA QUE ELE TEM É DINHEIRO...
              AOS CINCO ANOS,após cantar numa seresta,NECO DO CORREIO passou a me chamar de poeta, e eu nunca mais abandonei a poesia...
          Suas palavras foram um elixir para me revigorar neste agosto tão sem gosto...
          Imagino a alegria de mamãe e da poetisa Rosa Pignataro, ao constatarem que existe alguém de talento, semeando arte e poesia nos seus antigos jardins...emoldurando os seus netos e bisnetos, os descendentes dos seus amigos, de valores invisíveis aos olhos, mas que dão á vida uma dimensão eterna...
          Quanto aos cachorros, é a minha paixão...eles me dão paz e alegria...e , as vezes, ficam tristes comigo, na hora das minhas decepções...
          Sou um homem que jamais viveria sem cachorros...prefiro os meus cachorros a certos amigos...
          os meus cachorros me deixam na porta de casa, diariamente na hora da minha saída, e são os únicos que me esperam no portão, dez minutos antes da minha chegada...sempre sorrindo...
          Há quem diga que a poesia é uma loucura....eu respondo: A LOUCURA É O SOL QUE NÃO DEIXA O JUÍZO APODRECER...
          UM  GRANDE ABRAÇO...

BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.

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