quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

DE FALCÃO...



No alto daquele cume
Plantei uma roseira
O vento no cume bate
A rosa no cume cheira

Quando vem a chuva fina
Salpicos no cume caem
Formigas no cume entram
Abelhas do cume saem
Quando cai a chuva grossa
A água do cume desce
O barro no cume escorre
O mato no cume cresce
Então quando cessa a chuva
No cume volta alegria
Pois torna a brilhar de novo
O sol que no cume ardia.


Muita gente boa supõe que essa magnífica e supimpa pérola literária seja de minha autoria. Porém, eu apenas fiz uma melodia para a dita cuja, a qual gravei no CD “Do penico à bomba atômica”, e ela tornou-se um dos grandes clássicos da MPB do B – Música Popular Brega do Brasil.




AS ROSAS DO CUME


No cume da minha serra
Eu plantei uma roseira,
Quanto mais as rosas brotam
Tanto mais o cume cheira.
À tarde, quando o sol posto,
E o vento o cume adeja,
Vem travessa borboleta,
E as rosas do cume beija.
No tempo das invernadas,
Que as plantas do cume lavam,
Quanto mais molhadas eram
Tanto mais no cume davam
Mas se as águas vêm correntes,
E o sujo do cume limpam,
Os botões do cume abrem,
As rosas do cume grimpam.
Tenho pois certeza agora
Que no tempo de tal rega,
Arbusto por mais cheiroso
Plantado no cume pega.

Ah! Porém o sol brilhante
Seca logo a catadupa;
O calor que a terra abrasa
As águas do cume chupa!


E o esclarecimento: “Estes versos constam do livro Poesias livres, de Laurindo José da Silva Rabelo (Poeta Lagartixa. Rio de Janeiro, 1826-1864), publicado em folheto, em papel ordinário e por uma livraria-editora anônima do Rio de Janeiro, provavelmente em 1882. Foram tão populares em fins do século XIX, que chegaram a Portugal em cópias manuscritas, mais do que clandestinas, sendo gravados em disco no início do século, por duas vezes, pelo menos, sob a indicação de “poesia carnavalesca”. Quem dá conta desta informação é José Ramos Tinhorão, no livro História social da música popular brasileira (São Paulo; Editora 34, 1998). Foram gravados em música, também, no Brasil, por Falcão, no CD Do penico à bomba atômica (2000), com o nome de “No Cume”, de autoria (?) de Falcão e Plautus Cunha”.

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