LUIZ OTÁVIO CAVALVANTI É EX- SECRETÁRIO DA FAZENDA DE PERNANBUCO...FOI COLEGA, DO COLÉGIO NÓBREGA DO RECIFE, DE DR. RICARDO LAGRECA,que o hospedou o mês passado,num fim de semana.
O TEMPO FALHO
O tempo da decisão, na administração, faz parte do seu êxito ou do seu fracasso. Se antecipada, a decisão provoca efeitos não previstos. Se postergada, a decisão propicia desgastes esperados.
Quando iniciava minha vida de servidor público, recebi minha primeira lição de política com ligação do secretário da Fazenda, nos idos dos sessenta:
- Mandei pro Diário Oficial sua nomeação pra diretoria de Rendas Internas.
- Mas, dr. Osvaldo, sem a gente conversar.
- Não podia esperar. Cargo vago é problema.
O tempo exato. O tempo que não deixava brecha pra pressão. Nem para vácuo.
Lembrei-me do episódio a propósito da não demissão de Lupi. Qualquer que venha ser a data de sua saída, em dezembro ou em janeiro, em janeiro ou em fevereiro, pouco importa. O estrago está feito.
Aproveitei pra dar olhada no Príncipe, de Maquiavel. No capítulo 22, está escrito:
“Para um príncipe é da maior importância a formação do quadro de seus ministros, o qual será bom ou não, segundo a sabedoria de sua escolha. E a primeira avaliação que se faz da inteligência de um príncipe é vendo quais os homens que o cercam. Quando eles são competentes e dignos, pode-se considerá-lo inteligente porque soube reconhecer-lhes as qualidades e mantê-los leais. Mas quando tal não acontece, não se pode fazer bom juízo do príncipe porque seu primeiro erro está na má escolha. (…).
Mas há um modo de o príncipe conhecer seus ministros que não falha nunca. Quando um ministro pensa mais em si do que no príncipe e quando nas suas ações procura tirar proveito para si, é certo que não se trata de um bom ministro e que não merece confiança. Pois o responsável pelos negócios do Estado jamais deve pensar em si. Mas sempre no príncipe e não entretê-lo jamais com assuntos estranhos ao Estado”.
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