AUSENTE – Anna Lima
A’s boas amigas do Açù
Saudades brancas, em flores,
Cheias de pallido enleio,
Eu tenho nas minhas dores,
Eu sinto-as dentro em meu seio.
Cheias de pallido enleio,
Eu tenho nas minhas dores,
Eu sinto-as dentro em meu seio.
São rosas e eu sei que as rosas,
D’alvas corollas arminhos,
Têm sobre as folhas cheirosas
Uma grinalda de espinhos.
D’alvas corollas arminhos,
Têm sobre as folhas cheirosas
Uma grinalda de espinhos.
Não importa que o meu canto
Queira ao longe se evolar…
Eu tenho um doce recanto
Para esconde-lo e guardar.
Queira ao longe se evolar…
Eu tenho um doce recanto
Para esconde-lo e guardar.
De uma amiga tenho o seio,
O regaço de uma irmã,
Tenho da lyra o gorjeio,
Tenho os cantos da manhã.
O regaço de uma irmã,
Tenho da lyra o gorjeio,
Tenho os cantos da manhã.
Longe do berço querido,
Onde a luz primeira eu vi,
Do meu lar estremecido,
Minha mãe, longe de ti…
Onde a luz primeira eu vi,
Do meu lar estremecido,
Minha mãe, longe de ti…
Eu tenho a alma envolvida,
Nas roupagens da saudade,
Qual açucena querida
Nos beijos mornos da tarde.
Nas roupagens da saudade,
Qual açucena querida
Nos beijos mornos da tarde.
Consulto a crença adorada
Que sonhei quando menina…
A crença é muda e gelada
E a minha dôr não termina.
Que sonhei quando menina…
A crença é muda e gelada
E a minha dôr não termina.
Mas Ah! da esperança o lyrio
Volta mais tarde e murmura:
– Nem sempre é longo o martyrio,
As maguas e as desventuras.
Volta mais tarde e murmura:
– Nem sempre é longo o martyrio,
As maguas e as desventuras.
Natal – 1899
GRAMDE POETA!
ResponderExcluirENORME HERANÇA!