domingo, 12 de julho de 2015

PABLO NERUDA...

A CASA DO POETA

POR MARCOS MAIRTON...
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É uma casa. Olhando de fora, não há razão para se ter dúvidas quanto a isso.
Mas, do lado de dentro, já não se tem tanta certeza. Aquela casa bem poderia ser um barco. Pelas paredes, pelo piso, pelos objetos que estão dentro dela. E pelo mar, que se vê o tempo todo através das janelas.
Mas a casa não parece apenas um barco. Bastam alguns passos para que ela se assemelhe ao vagão de um trem. Longo, com suas paredes de madeira e seu teto côncavo.
Mas, que trem é esse, habitado por figuras mitológicas e divindades? Onde escorpiões e borboletas conviveriam com anjos e demônios? Ao invés de uma casa, um barco ou o vagão de um trem, não se estaria na cabana de um mago?
Nada disso. É uma casa. Estão lá a cama, a penteadeira, as cadeiras e outras coisas que há em uma casa.
É a casa de um poeta. Construída em um lugar que tem nome de ilha, mas que, a par disso, ilha não é. É uma parte do continente, de onde se ouvem os rugidos de um gigante azul que golpeia rochas até arrebentá-las.
Os moradores locais receiam que um dia o gigante avance sobre a cidade e destrua tudo. (Têm um plano de fuga, caso isso ocorra). Não obstante, ele se chama Pacífico. E o dono da casa – o Poeta – nunca o temeu. Ao contrário, decidiu viver ali, com sua esposa e musa, até o fim de seus dias neste mundo. Dizia que sua própria mesa de trabalho foi presente do gigante.
Decididamente, aquela é uma casa como jamais vi outra antes. Em um lugar absolutamente mágico. Onde as coisas não precisam ser o que parecem ser, mas aquilo que o Poeta imaginou que poderiam ser.
Por isso, aquela parte do continente pode se chamar Isla Negra; o temido gigante azul pode se chamar Pacífico; a casa pode ser barco, trem, cabana ou o que mais se possa imaginar. Nela, o fantasma de um pirata pode se apaixonar por uma jovem que só tem olhos para o mar. Um cavalo, sobrevivente de um incêndio, pode encontrar refúgio e ser feliz.
E o poeta, nascido Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, pode ser, porque assim o quis, Pablo Neruda.
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O colunista em visita à casa de Pablo Neruda em Isla Negra, Chile
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