domingo, 12 de julho de 2015

O INTELIGENTE E O SABIDO...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.



                Era uma vez um Reino, rico e tranquilo...tinha donzelas, tinham castas, tinham amores, e existiam também, paixões sem amanhas...
O recem entronado monarca queria fazer uma mudança geral,inclusive no comando da abadia,que era tão bem conduzida pelo abade José...mas, como sempre acontece com os fracos,o monarca procurou o velho abade, com arrodeios, com dissimulações...e disse-lhe que o povo queria mudança em tudo,e ele acedera a voz do povo, que era a voz de Deus...propunha um interrogatório do velho abade, em praça pública, onde ele deveria ser sabatinado...se não respondesse as perguntas propostas, seria sucedido no cargo, que ocupava há trinta anos...Marcou o dia do interrogatório público e plesbicitário, onde se decideria o destino da abadia...
O Abade,velho inteligente, capcioso e matreiro,se deixou abater pelo desrespeito do novo rei para com ele...esta tristeza foi captada pelo sacristão,que tanto era inteligente como era SABIDO...ciente da situação, o Sabido sacristão falou:não se aperrei abade,eu vou me fantasiar do senhor e vou comparecer ao interrogatório...
Chega o dia da inquisição,a praça do palácio repleta de gente, para a prova oral do abade...No palanque armado, o rei e a corte, e é levado á sua presença, um sacristão maquiado e transvestido de abade, imitação perfeita...
O Rei diz ao povo do combinado e começam as perguntas...
estimado abade,eis a primeira pergunta:quantos sacos de estopa seriam necessários pra mudarmos de lugar o Monte Sinai? o pseudo abade,com uma mímica circunspecta, pensativa, responde:se conseguirmos um saco de estopa do tamanho do monte,só precisará de um...a resposta foi aplaudida pelo povo, e acatada pelo soberano, que em seguida anuncia a segunda pergunta...
Estimado abade, qual é o meu valor para compra?ou quanto valho em moedas? mais uma vez, opseudo abade passa segundos em introspecção, e pausadamente responde: o senhor se proclama um monarca cristão, se gloría de Cristo, então o senhor não vale mais do que trinta moedas...posto que o seu valor não pode ser maior do que o do nosso Deus...neste isntante, a ovação e o aplauso retumba no quadrado real, que delimitava a praça de audiências do rei...O rei acena com as mãos e com a cabeça, dizendo-se satisfeito da resposta...
Agora, o monarca disse, estou bastante farto da inteligencia deste abade,e para concluir, faço a última pergunta:abade, em que é que eu estou pensando agora? o sacristão mimetizado de abade,pensa alguns segundos e diz:o senhor está pensando que está falando com o abade José...o rei fica pensativo, mas em seguida entende...pois após a resposta, o sacristão arranca todos os disfarces...o povo entra em delírio, e o abade José ganha o direito de comandar a abadia, até os seus últimos dias de vida.

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