segunda-feira, 3 de setembro de 2012

QUANTO A MIM...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.

  
        Quanto a mim,sou médico,penso como médico, ajo como médico...nascí médico...era um menino médico...todas as velhas amigas da minha mãe já me viam médico, na minha infância...

          Consultava Dona Maria Lúcia, a avó de Hugo manso, já com sete anos...ela já confiava em mim...ela me encaminhava as suas amigas com pequenos problemas...

             Não sou filho dos filósofos...

sou filho de uma berço esplêndido, que materialmente era GERDAU, e espiritualmente refletia o espírito de DEUS, que a minha mãe soprava nos meus ouvidos...

               Como gostaria de dizer pessoalmente , hoje, aos cinquenta e sete anos, que a minha mãe era uma rosa...

que a minha mãe respirava  solidariedade...
era tanta bondade, que o egoísmo natural da juventude não compreendia...
               

               Que herança humanística a minha mãe deixou para toda a nossa geração...para os seus filhos, para os seus netos ...

           hoje, a cada gesto de bondade, a cada gesto de renúncia, eu enxergo os olhos contemplativos de minha mãe...conferindo-me...sugando o prazer, de depois dela, ela continuar presente...
          Me lembro da sua saudação habitual, eu já médico:Benado Teletino,bicho danado, gosta de tudo o que eu gosto...música, poesia,artes,gente,caridade...
   
          Lembro do seu apelo e ordem, quando vinha das férias no interior, nas despedidas,gritando na janela dos ônibus:

Bernardo,primeiro os pobres...
e como ela repetia esta frase...
como ela valorizava a pessoa...

como ela caminhava de braços dados com as comadres pobres...uma mulher irmã de dois almirantes...
irmã do comandante do navio Almirante Barroso...

          Citando Machado de Assis:o menino é o pai do homem...a minha mãe,era e é,o pai do menino... 

          Nunca quis que medicina fosse uma forma de assaltar o povo...

          Nunca quis que medicina fosse a oportunidade de você humilhar e gritar os doentes...

nunca quis que a medicina,fosse a voz e a convicção brilhante na televisão, e a imundice no trato com os doentes...

Eu tive um berço...

eu tive uma mãe...
eu tive uma criatura que fechava os olhos quando comungava...

          Nunca quis que a medicina fosse  pra fazer carreirismo político e sindical, onde existe uma dissociação criminosa entre intenção e gesto...

          Por tudo isso,transformei meu consultório num altar de Deus...

e o altar onde eu fico mais perto de Deus, é o ambulatório do sus...

onde eu trato e brinco com homens e mulheres  pobres,com ternura,como se eles fossem governadores....

não digo nem falo pra ninguém,mas os meus pacientes fazem este julgamento...

os meus alunos de medicina se surpreendem, de cinco em cinco minutos com um gesto nobre...

a minha posologia de humanidade é: de hora em hora uma colher de chá... 

          O DESCASO dos políticos com a saúde é revoltante...
          A falta de prioridade do governo para a SAÚDE é gritante...

          Na televisão se diz uma coisa,no corredor dos hospitais públicos, a coisa é outra ...

          Mas, tão danoso como a safadeza dos governos, é a inflexibilidade do corporativismo médico...

          Médico nasceu pra ganhar dinheiro, e muito, as custas do satanás...
fazendo pacientes de reféns...

querendo ganhar dividendos, pelas prótese que indicam...pelo material cirúrgico, a quem  forçam o uso...

a ordem é sugar os planos de saúde ....

ninguém se compromete mais com ninguém...

primeiro é  o bolso...

DINHEIRO PASSOU A SER TUDO...

Eu nascí vacinado contra esta ignonímia...

tomei a  vacina ainda no meu berço GERDAU.  

deste modo, vão matar até a galinha dos ovos de ouro...

         Se os médicos não se entendem com o seu próprio plano, daqui há quantos seculos vão se entender com o sus ?

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