VILAS BOAS CORREIA.
O ESCÂNDALO DOS CARTÕES MÁGICOS
A campanha eleitoral que entrou na reta de chegada, com a rodada das urnas eletrônicas para o primeiro turno em 3 de outubro, parece que subiu à cabeça do governo e da oposição, que perderam a vergonha no caminho e demonstram total indiferença pelas mais escabrosas maracutaias.
Nenhum mais didático, depois do pífio debate na TV Bandeirantes, do que a denúncia, devidamente documentada na edição de O Globo de domingo, dia 8, sobre “Os gastos ocultos da Presidência da República” . Neste ano eleitoral, como explica a matéria da terceira página do primeiro caderno, a Presidência fechou a sete chaves a caixa mais negra do que a asa da graúna, onde são guardados e escondidos os misteriosos gastos e desperdícios do gabinete presidencial com o mágico cartão corporativo, que paga todas as despesas sem dar confiança a ninguém, muito menos à desprezada opinião pública.
Para facilitar o livre acesso ao cofre da Viúva, as regras da contabilização dos gastos da Presidência da República foram rasgadas para com a mágica da redução para apenas 1,8% da gastança do presidente Lula, de sua família e de assessores próximos, serem detalhados para a bisbilhotice da mídia e da opinião pública no acanalhado Sistema Integrado de Administração Financeira – SIAF – com o nome, sobrenome, dispensando-se o apelido. Do total modesto de R$ 3.259 milhões que se evaporam com os gastos do governo neste primeiro semestre, apenas R$ 5,7 milhões são registrados .
Quanto aos restantes R$ 3,254 milhões, ou 98,2% do total, o SIAF nos faz o favor de comunicar que registra a forma de pagamento, em saque ou fatura. E mostra o rosto aberto no sorriso que as demais informações são protegidas pelo sigilo, “nos termos da legislação, para a segurança da sociedade e do Estado”.
De nossa parte, a sociedade agradece, com lágrimas rolando pela face, os maternais cuidados do Siaf com os gastos de sovina do dinheiro público. Cuidado permanente, no dia e a noite da vigília cívica.
Nos idos esquecidos de 2008, a denúncia maldosa do excesso de gastos com os cartões corporativos por autoridades do topo do governo provocou a convocação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso que deu em nada, na forma do louvável costume. Só a então ministra especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro foi demitida porque passou do limite ao pagar o seu cartão corporativo despesas pessoais no free-shop.
A Casa Civil da Presidência tem explicação para tudo. E faz as contas: de janeiro a julho de 2010 foram gastos pelos cartões corporativos R$ 3.259 milhões. Em igual período de 2009, R$ 4,684 milhões.
Uma redução e tanto!
Nenhum comentário:
Postar um comentário