quinta-feira, 22 de abril de 2010
Texto sem a letra A...
Este texto não contém
> > a letra "A"
> > É possível
> > sim.
> >
> > Sem nenhum tropeço
> > posso escrever o que quiser sem ele, pois rico é o
> > português e fértil em recursos diversos, tudo isso
> > permitindo mesmo o que de início, e somente de início, se
> > pode ter como impossível. Pode-se dizer tudo, com sentido
> > completo, mesmo sendo como se isto fosse mero ovo de
> > Colombo.
> > Desde que se tente sem
> > se pôr inibido pode muito bem o leitor empreender este belo
> > exercício, dentro do nosso fecundo e peregrino dizer
> > português, puríssimo instrumento dos nossos melhores
> > escritores e mestres do verso, instrumento que nos legou
> > monumentos dignos de eterno e honroso
> > reconhecimento
> > Trechos difíceis se resolvem com
> > sinônimos. Observe-se bem: é certo que, em se querendo
> > esgrime-se sem limites com este divertimento instrutivo.
> > Brinque-se mesmo com tudo. É um belíssimo esporte do
> > intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o
> > "E" ou sem o "I" ou sem o "O"
> > e, conforme meu exclusivo desejo, escolherei outro,
> > discorrendo livremente, por exemplo, sem o "P",
> > "R" ou "F", o que quiser escolher,
> > podemos, em corrente estilo, repetir um som sempre ou mesmo
> > escrever sem verbos.
> > Com o concurso de termos escolhidos,
> > isso pode ir longe, escrevendo-se todo um discurso, um conto
> > ou um livro inteiro sobre o que o leitor melhor preferir.
> > Porém mesmo sem o uso pernóstico dos termos difíceis,
> > muito e muito se prossegue do mesmo modo, discorrendo sobre
> > o objeto escolhido, sem impedimentos. Deploro sempre ver
> > moços deste século inconscientemente esquecerem e
> > oprimirem nosso português, hoje culto e belo, querendo
> > substituí-lo pelo inglês. Por quê?
> > Cultivemos nosso polifônico e
> > fecundo verbo, doce e melodioso, porém incisivo e forte,
> > messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escrínio
> > de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de
> > condores.
> > Honremos o que é nosso, ó moços
> > estudiosos, escritores e professores. Honremos o digníssimo
> > modo de dizer que nos legou um povo humilde, porém viril e
> > cheio de sentimentos estéticos, pugilo de heróis e de
> > nobres descobridores de mundos novos
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