sexta-feira, 29 de maio de 2015

VATES DO POVO...





O MENINO QUE COMEU MOEDA
Zé Tomaz tinha um menino
Energético, espevitado;
Pense num gota malino,
Pimentinha, espritado!
No bucho já se previa
Que esse moleque seria
Serelepe até de mais.
Pra endoidar sua cuca
Inventou de butar Luca
O nome desse rapaz
O pobre de Zé Tomaz
Já andava atordoado
Com as astúcias do rapaz
Que ele tinha criado.
Era feito um bicho bruto
Num parava um minuto,
Nem ficava sossegado.
Um dia esse pestinha
No fim duma tardezinha
Deu-lhe um susto danado
Ele estava bem sentado,
Era tarde de domingo,
Em casa bem sossegado
Marcando um tal de bingo.
Quando assim de repente
Ouviu um grito estridente
Vindo lá duma sacada.
Ele foi espiá o que é
Era a gota da mulé
Que tava desesperada.
Tava muito assustada
Olha a lapa de oi!
Ele saiu em disparada
Pra reparar o que foi.
De longe viu a presepada;
Tava ela abaixada
E o menino obrando.
Diante daquela cena
Chega lhe dava pena
Ver o bichin s’acabando.
O póbe ia s’esticando
Que nem preá e mocó.
Ele ia só observando
Todo aquele brogodó.
O coitadín se espremia,
Butava força, gemia
Ficando enfraquecido.
Em meio ao labacé
Ele disse pra mulé:
- O bichín tá entupido!
O gota já envermeicido
Com o que lhe acontecia.
Zé Tomaz estarrecido
Via aquela agonia.
Aqui, acolá, se levantava.
Tomava ar, se abaixava
Pra terminar o serviço.
Um pouquín que se buliu
Do fevereiro saiu
Um bicho preto e ruliço.
Em meio ao rebuliço
A mulé com artimanha
Percebeu que no serviço
Tinha uma coisa estranha.
Pra ter ciência dos fato
Que nem instinto de gato
Resolveu escavar.
E mexendo no mondrondo
Um troço feio e redondo
Ela veio a encontrar.
E butou pra lhe mostrar
Lá no chão, o tal negóço
Zé também foi a espiar
Com detailhe aquele troço.
Nisso pro chão se abaixou,
Do bicho se aproximou
Pra fazer especulação
Naquele troco esquisito.
E igualzinho a um perito
Começou a acareação
A mulé tinha na mão
Um objeto pontudo,
Zé deu-lhe um cutucão
Pegou o troço com tudo.
E já muito agastado
Butava o bicho dum lado…
Para melhor compreender
Que boba aquilo seria.
Por mais que se mexia
Tava difícil saber
Que gota podia ser
Aquele estranho objeto!
Que ousou em aparecer
No pequenino dejeto!
E em meio à confusão
Foi reparando no chão
Pra ver s’a coisa entendia
Nisso pegou um cacete
Foi mexendo no tolete
Para ver o que seria.
Foi uma grande agonia,
Um aperrêi tão imenso.
Zé Tomaz se enraivecia
Já tava ficando denso.
Como um valente potó
Mexeu no brogodó
Num instatín entendeu
Que aquela coisa chata
Foi uma pequena prata
Que o pestinha comeu.

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