O tempo acaba o ano, o mês e a
hora,
A força, a arte, a manha, a
fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si
chora;
O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer
dureza;
Mas não pode acabar minha
tristeza,
Enquanto não quiserdes vós,
Senhora.
O tempo o claro dia torna escuro
E o mais ledo prazer em choro
triste;
O tempo, a tempestade em grão
bonança.
Mas de abrandar o tempo estou
seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.
Luís de Camões
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