CEGO ADERALDO
POR ARISTEU BEZERRA.
Aderaldo Ferreira de Araújo (1878-1967), mais conhecido com “Cego Aderaldo”, foi um poeta popular cearense que se destacou por possuir um raciocínio veloz improvisando rimas e repentes.
Desde cedo a vida foi difícil para o futuro poeta, seu genitor foi acometido por uma doença em 1880 que o deixou mudo, surdo e aleijado, vindo a falecer em 1896. Aderaldo perdeu a visão quando tinha 18 anos em um acidente.
Cego e carente, não tendo a quem recorrer, ele teve um sonho em versos. Foi quando descobriu o dom de cantador e de improvisar rimas. Após ganhar uma viola de presente, aprendeu a tocar e passou assim a garantir o sustento da mãe, que morreria pouco tempo depois. Ele ficou sozinho, então, resolveu viajar pelo sertão, cantando e ganhando por sua habilidade.
Ele era bem humorado e fez da ironia a suprema virtude de seus versos. O cego Aderaldo sentia que com seu tato e olfato aguçados via melhor do que os que tinham olhos. Certa vez, esse genial poeta ao ser apresentado à noiva de um cidadão, notando-a robusta e forte, improvisou com seus versos inteligentes e criativos:
“Doutor, esta sua noiva
É uma linda cachopa,
A gente olhando seus seios
Assim por cima da roupa,
É ver dois cocos na praia
Dentro dum saco de estopa.
Se eu me casasse doutor
Minha mulher era feia,
Casar com mulher bonita
Toma a freguesia alheia
Casar com mulher bonita
É plantar feijão de meia…”
É uma linda cachopa,
A gente olhando seus seios
Assim por cima da roupa,
É ver dois cocos na praia
Dentro dum saco de estopa.
Se eu me casasse doutor
Minha mulher era feia,
Casar com mulher bonita
Toma a freguesia alheia
Casar com mulher bonita
É plantar feijão de meia…”
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