domingo, 29 de março de 2015

SOBRE O CHATO...



DEFINIÇÃO DE CHATO


               "DEFINIR JÁ É CHATO, previnem os melhores autores. "Omnis definitio platta est". Entretanto, arriscaríamos uma primeira proposição:
Chato é o indivíduo, ser, coisa ou evento, cuja presença, existência, atitude, ação ou lembrança, continuadamente, tem a capacidade de inspirar sentimentos contrários à alegria de viver, à paz de espírito e à Paz Mundial.
É condição que tais sentimentos resultem de uma continuidade, pois força é reconhecer a existência de indivíduos, seres, coisas e eventos, que, não sendo propriamente chatos, tornam-se tais por circunstâncias alheias à vontade do agente, por indisposição passageira do paciente, por motivos esporádicos e mesmo perdoáveis. Chatos esporádicos somos todos nós, numa ou noutra ocasião; mas a reprodução ou repetição, do FENÔMENO DA CHATICE é que a caracteriza.
No presente Tratado preocupamo-nos com os chatos consuetudinários, os que, variando apenas de objeto-paciente, tem sobre terceiros a faculdade de imprimir e inocular os sentimentos a que se refere a definição. Por pura questão de fé no gênero humano, deixamos de parte o chato-absoluto, o chato incurável, contra o qual seres e coisas são inermes e desamparadas. Existem; mas, como qualquer enfermidade incurável ou temor da morte, nos levariam ao homicídio ou ao suicídio, únicas fugas possíveis."

(Tirado do "Tratado Geral dos Chatos" - Guilherme Figueiredo - 1962)

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